O HEDA realiza a 6ª oficina do Projeto AcolheSUS e avança nas mudanças

14 votos

O evento aconteceu no dia 29.03.2019 (sexta-feira) no município de Parnaíba/PI, no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde-HEDA, e contou com a participação de gestores e profissionais que compõem o Grupo Executivo Local-GEL, o Grupo Executivo Estadual-GEE/SESAPI e com a Enfermeira Ailana Lira, referência técnica da PNH/MS,  que vem acompanhando a implantação do Projeto no Estado.

O projeto AcolheSUS no HEDA se justifica pela necessidade de reduzir a superlotação do Pronto Socorro, melhorar a qualidade do acolhimento e, consequentemente, reduzir as reclamações dos usuários pela demora do 1º atendimento.

Como primeira atividade, no turno da manhã, aconteceu uma roda de conversa com os participantes, oportunidade em que Ailana Lira apresentou a programação da oficina, que teve como objetivo monitorar o plano de ação de melhorias, avaliando sua  implementação,  identificando os avanços produzidos e fazendo novas possíveis pactuações. Na roda de conversa a Diretora do Hospital, Adrízia Fontenele, falou das dificuldades e desafios na implementação das ações planejadas, notadamente porque sendo um hospital de porta aberta e referência regional para urgências e emergências gerais e obstétricas, a demanda é sempre maior do que a capacidade de produzir saúde dentro dos padrões de normalidade; outro grande problema é que  a maioria dos usuários que chegam no atendimento do PS são classificados nos grupos de risco azul (não urgente) e verde (pouco urgente) no processo do Acolhimento com Classificação de Risco, o que termina superlotando a unidade e dificultando a qualidade do atendimento das demandas. Outra dificuldade apontada é relativa a reforma administrativa em curso do governo do Estado, que exige a redução de 25% das despesas do hospital, o que vai impactar na implementação das mudanças e na qualidade dos serviços.

A pergunta formulada é: Como melhorar essa realidade no hospital? Propostas apresentadas: organizar a rede de serviços para melhorar o fluxo; instituir um grupo de componentes do GEL para visitas às redes; alinhar as redes e definir as demandas de atendimento no HEDA; discutir protocolos de atenção em rede; promover ações para fora do HEDA, aparelhando os serviços de retaguarda no território; articular reunião do GEE e GEL, via Ministério da Saúde com o Secretário de Estado de Saúde para discutir questões de governabilidade da gestão estadual.

No segundo momento da programação aconteceu uma visita guiada em todo o itinerário do usuário, avaliando avanços e dificuldades na implementação das ações delineadas pelo projeto AcolheSUS para aquele hospital. Na recepção e nos corredores de circulação, observou-se muitos usuários aguardando atendimento com pulseiras identificadas com as cores do ACCR: verde, amarela, laranja e vermelha. Um dos destaques nesse percurso foi o controle do fluxo na portaria, que antes não havia, bem como a presença do Orientador de Fluxo  (Técnica de Enfermagem devidamente identificada com o Posso Ajudar?), fazendo o contato inicial e primeira escuta  do usuário, informando sobre a sequência do atendimento.  Constatou-se a efetividade do Posso Ajudar inclusive em ocorrência do SAMU, onde, enquanto o paciente classificado como “vermelho” foi levado direto para atendimento médico, o responsável foi encaminhado para o preenchimento do cadastro na recepção.

Outra ação efetivada na recepção do PS é a Ouvidoria ativa e a caixa de sugestões afixada, cuja coleta  será feita diariamente como estratégia de buscar resolver os problemas tão logo eles sejam conhecidos pela direção e equipe técnica.

Avanço importante no HEDA foi a implementação do Kanban, importante ferramenta para organizar a ocupação de leitos, monitorar e reduzir o tempo de permanência de pacientes. Aliados ao Núcleo Interno de Regulação ( NIR),  os postos de enfermagem do PS e da clínica médica buscam se organizar para otimizar o tempo de internação, ação que repercute positivamente nos demais setores do hospital.  Apurou-se que em decorrência do Kanban, a taxa de permanência na clínica médica caiu de 9,94 dias para 7,60, considerado um indicador positivo pelos profissionais.

A visita guiada revelou que o protagonismo dos trabalhadores do HEDA foi  importante na efetivação de ações de melhorias  elencadas no planejamento coletivo do Projeto AcolheSUS, com destaque para:

1)     O  Posso Ajudar melhorando a organização e a definição do fluxo no PS, contribuindo para minimizar as angústias da espera, criando um vínculo inicial com o usuário;

2)     A produção  de vídeo institucional educativo, divulgado na recepção do PS,  informando sobre os serviços e procedimentos do hospital;

3)     O fortalecimento do controle social, fazendo uso das ferramentas de ouvidoria e ampliando o canal de comunicação com a gestão e com o coletivo de trabalhadores;

4)     A implantação da equipe de referência da Clínica Médica, composta por  um Médico, um Enfermeiro e uma Técnica de Enfermagem, oportunizando a discussão de casos e o envolvimento de outros profissionais para planejar as condutas e orientar a transferência de cuidados; e

5)     O método kanban , ferramenta visual cuja utilização ainda que parcial em duas clínicas,  já produz impacto na redução da taxa de permanência, produzindo também maior motivação por parte dos profissionais diretamente envolvidos na assistência aos pacientes;

No campo das dificuldades e desafios foram identificados:

1)     Certa dificuldade na comunicação e no processo de transferência de pacientes da UTI adulto  para a clínica médica;

2)     Necessidade de maior envolvimento dos trabalhadores do NIR nas atividades diárias atribuídas à equipe;

3)      Levantamento e acompanhamento dos indicadores do fluxo pela equipe do NIR;

4)      Melhoria do fluxo;

5)     Mais discussão técnica acerca da implementação do Programa Terapêutico Singular-(PTS) no PS;

6)     Continuidade das  ações do Projeto com uma equipe de trabalho reduzida no hospital.

Na sequência dos trabalhos realizou-se uma discussão técnica (e política)  envolvendo a direção do HEDA, a Secretária Municipal de Saúde de Parnaíba e do Assessor Técnico, Carlos Barros,  tendo como objetivo uma aproximação com a gestão da Atenção Básica de Parnaíba. Ali foram apresentados dados da produção hospitalar, onde o HEDA mostra em números e gráficos o volume de atendimentos a pacientes de Parnaíba (72%), que deveriam ser atendidos pela Estratégia Saúde da Família em função da não gravidade dos casos. A diretora do hospital argumenta que a superlotação do PS inviabiliza o investimento de outras melhorias para dentro do hospital e compromete a qualidade da prestação do serviço.

Nessa discussão, a gestora da saúde de Parnaíba comprometeu-se a pensar em estratégias no âmbito da AB para minimizar os problemas  do PS, inclusive com ações educativas junto à população no sentido de criar uma cultura de buscar atendimento nas UBS`s do município.

Avalia-se que a roda de conversa foi bastante potente e animadora, e como encaminhamentos destacam-se: organização de um grupo com representantes da RAS, para organização do fluxo das demandas espontâneas e definição de responsabilidades; definição do perfil de atendimento do HEDA; organização da atenção básica pelo município; campanha de informação à população sobre as competências de cada serviço de saúde, no sentido de valorização da AB pelos usuários; validação da discussão na reunião da Comissão Intergestores Regional-CIR do mês de  abril.

Autoria: Emília Alves

Ioli Piauilino