Semana Integradora: Aperfeiçoamento de estudantes médicos da UNOESTE sobre o Sarampo.

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Nessa terça-feira, 17 de setembro, iniciou-se a 1ª semana integradora do 4º termo do curso de medicina da UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista) de Presidente Prudente, a qual será trabalhado ao longo da semana o tema Sarampo. Sabe-se que este é um tema extremamente atual na mídia brasileira, devido ao aumento do número de casos notificados em todo o país. De acordo com o CID-10, o sarampo, que está na lista do capítulo 1 do CID-10 (Algumas doenças infecciosas e parasitárias). O Brasil havia recebido um selo de erradicação da doença durante os anos de 2016 e 2017 emitido pela OMS. O último surto de Sarampo no Brasil ocorreu no Estado do Ceará no ano de 2014 depois do surto no Estado do Pernambuco no ano de 2013.

Após o surto, Fortaleza lançou uma campanha de vacinação contra o sarampo, com postos de saúde atendendo inclusive nos fins de semana. A expectativa era imunizar 160.551 crianças só em Fortaleza. Incluindo os 14 municípios da Grande Fortaleza, enquanto a meta da Secretaria de Saúde do Estado era imunizar 246.036 crianças. De acordo com os dados do DataSus, foram notificados 59 casos de internação por residência devido a doença, após 15 anos sem registro no Estado Cearense e, de acordo com o Ministério da Saúde, nesse mesmo ano foram confirmados 876 casos em todo o Brasil.

O Sarampo é uma doença infecciosa grave, extremamente contagiosa, que pode evoluir com complicações e óbito. Eliminada das Américas em 2016, mantém-se como um problema de saúde pública, principalmente na Europa e na Ásia onde ainda é endêmica e causa de frequentes surtos. Este cenário epidemiológico impõe a necessidade de manutenção de altas e homogêneas coberturas vacinais e constante vigilância epidemiológica, mesmo em países onde não há mais circulação do vírus.

No Brasil, em janeiro de 2018, casos importados da Venezuela deflagraram importantes surtos em Roraima e no Amazonas, onde a cobertura vacinal estava bem abaixo dos necessários 95%, sendo confirmados pelo Ministério da Saúde 10.262 casos em todo o país.

Em 2019, segundo a reportagem do Jornal do Comércio publicado no dia 20 de setembro, os casos confirmados de sarampo no Brasil chegam a 4.476, concentrados em sua grande parte no estado de São Paulo e destes, mais da metade foram contabilizados na capital paulista. Em agosto, o estado contabilizou três mortes em decorrência da doença. As vítimas foram um homem de 42 anos, da capital e sem histórico de imunização contra a doença, e dois bebês: uma menina de quatro meses, de Osasco, e um menino de nove meses, na cidade de São Paulo.

Vale ressaltar que a situação epidemiológica do Sarampo em 2019 é diferente de 2018, já que nesse ano o surto iniciou-se na cidade de Santos, após um surto de sarampo em um transatlântico que aportou na cidade e, a partir daí, São Paulo se tornou o Epicentro do surto de Sarampo no Brasil no ano de 2019.

O sarampo possui como agente Etiológico um RNA vírus, do gênero Morbillivírus, da família Paramyxoviridae, cujo reservatório é o homem. O modo de Transmissão é direto, pessoa a pessoa através das secreções nasofaríngeas, gotículas com partículas virais dispersas em aerossol em ambientes fechados e públicos, possuindo elevada taxa de ataque. O período de incubação é de 10 dias (variando de 7 a 18 dias) da exposição até a febre e 14 dias até o início do exantema. O período de transmissão é de 4 a 6 dias antes do exantema à 4 a 6 dias após o seu surgimento. A suscetibilidade é geral e quanto a imunidade, lactentes de mães que já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem anticorpos por via placentária com imunidade ao longo do primeiro no de vida, o que interfere na resposta à vacinação, sendo que 85% das crianças perdem anticorpos maternos aos 9 meses de idade.

Quanto as manifestações clínicas, são classificadas em 2 períodos:

·         Período Prodrômico: Duração de 2 a 4 dias, com sintomas de febre acima de 38,5ºC, tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia, diarreia e manchas de Koplik (geralmente se manifestam no final do período prodrômico, dura de 1 a 3 dias e desaparece após o surgimento do exantema).

·         Período exantemático: Duração de 2 a 4 dias depois do período prodrômico; exantema cutâneo maculopapular, que inicia-se na face, chegando ao auge em 2 a 3 dias quando se estende pelo tronco e membros; às vezes as lesões são confluentes e duram de 4 a 7 dias e é seguido de descamação furfurácea. A febre dura até o 3º dia do aparecimento do exantema. Sua permanência até esse período pode indicar complicações.

Uma observação importante é que crianças mal nutridas ou com deficiência de vitamina A podem desenvolver esfoliações graves na pele, além de ceratite e cegueira. Por isso, no tratamento do sarampo, indica-se a administração de vitamina A para crianças acometidas pela doença, no intuito de diminuir os casos graves.

As possíveis complicações do sarampo são:

•Imunodeficiência (redução da contagem de linfócitos CD4)

•Complicações em 30% dos casos

•       Menores de 5 anos

•       Maiores de 20 anos

•       Desnutridos

•       Imunossuprimidos

•Febre > 3 dias após o exantema à sinal de alerta para complicações

•       Infecções respiratórias: pneumonia e otite

•       Desnutrição

•       Doenças diarreicas

•       Complicações neurológicas.

•Desnutrição por:

•       Inapetência, ulcerações na mucosa bucal, necessidades metabólicas aumentadas na presença da febre, desmame precoce

•       Deficiência de vitamina A à ceratite e cegueira.

•       Menores dois anos

•       Diarreia durante e/ou após a fase aguda

•Óbitos em crianças desnutridas

•       Um a dois meses depois da fase aguda

•Encefalite

•       (1 em cada 1.000 a 2.000 infectados) após o 6º dia do exantema

•       Letalidade 15%.

•Convulsão febril acompanhada

•       Irritação meníngea e hipertensão intracraniana.

•Panencefalite esclerosante subaguda

•       Complicação neurolológica degenerativa persistência do vírus do sarampo no cérebro

•       Rara à 5 a 10 para um milhão de casos

•       Após sete anos da infecção.

•       Sequelas (Diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento)

O diagnóstico diferencial deve ser feito considerando os sinais e sintomas do paciente e o sinal patognomônico do sarampo. Assim, deve-se estar atento a pequenas diferenças no quadro clínico, considerando que outras doenças virais, a exemplo da Rubéola, Escarlatina, Dengue, Enteroviroses, Exantema Súbito e Exantema Infeccioso.

Por último, ficar atento ao calendário vacinal e suas adaptações:

•Dose “extra” dos 6 meses aos 11 meses e 29 dias

•Duas doses regulares (SCR aos 12 meses e SCR-Varicela aos 15 meses)

•Vacinados entre seis e 11 meses de idade deverão receber as doses regulares aos 12 e 15 meses

•Pessoas entre 1 e 29 anos de idade: duas doses documentadas com intervalo mínimo de 30 dias

•Pessoas entre 30 e 59 anos de idade: uma dose documentada

•Pessoas com 60 anos ou mais de idade: não precisam ser vacinadas

•Profissionais de saúde devem ter 2 doses de vacina documentadas

•Intervalo mínimo entre as doses deverá ser de 30 dias.

Desse modo, espera-se que os profissionais da saúde busquem o conhecimento mais aprofundado da doença e tornem-se aptos a cuidar dos pacientes infectados pelo vírus do Sarampo, almejando a eficiência dos atendimentos e humanizando o Sistema Único de Saúde.

 

Fonte de pesquisa:

https://g1.globo.com/ceara/noticia/2014/04/surto-de-sarampo-no-ceara-atinge-principalmente-bebes-de-ate-um-ano.html

https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/saude/noticia/2019/09/20/casos-de-sarampo-no-brasil-chegam-a-4476-em-2019-388673.php