COMO ESTÁ A SAÚDE EM GRAMADO-RS

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Legado RHS 07/10/2010

A fim de realizar um trabalho de pesquisa para a pós-graduação de Saúde Mental Coletiva da FSG – Faculdade da Serra Gaúcha, na cidade de Caxias do Sul-RS, visitei a Secretaria de Saúde de Gramado-RS, para ver como está o atendimento a saúde na cidade onde moro, por solicitação da Professora Judete Ferrari que aplicou o módulo saúde mental na atenção básica e o matriciamento.

Fui recebida pela subsecretária de saúde Angela Soares, que me disse ser Gramado a única cidade que recebeu o ISSO 9000, em 2007 no Brasil.

Com uma população de 33.395 mil habitantes, 16 bairros urbanos 22 comunidades rurais, e com 85,20% de  pessoas alfabetizadas, tem no turismo o principal fator da geração de renda. A estrutura da Secretaria de Saúde do município é composta pela sede administrativa e outras sete unidades básicas de saúde, uma farmácia, 8 consultórios odontológicos, e serviço de fisioterapia.

A vigilância em saúde desenvolve os programas e ações de  saúde nas áreas sanitária, ambiental, epidemiológica, saúde do trabalhador, e vigilância da violência.

A triagem nas unidades de saúde é realizada pela equipe de enfermagem segundo critério urgência/emergência, e os pré-agendados, feito através da distribuição de fichas. Haverá encaminhamento ao Hospital Arcanjo São Miguel, nos casos de urgência/emergência, uma vez que o funcionamento das unidades básicas de saúde não são 24 horas.

Há também uma equipe de Saúde da Família, e a partir de janeiro de 2011 haverá contratação de outras equipes, através da terceirização do serviço.

O Centro de Atenção Psicossocial, até o presente momento está funcionando com recursos e doações feitas pela Comunidade, aguardando a verba do Ministério da Saúde, para funcionamento oficial, mas tem psicóloga, assistente social, enfermeira, técnica de enfermagem, médico, psiquiatra, terapeuta ocupacional, e uma estagiária de psicologia, Rafaela Dambroz, que me forneceu as  informações sobre o funcionamento, bem como me  mostrou as instalações que são ótimas, apesar de pequenas para a procura, em torno de 150 usuários por mês.

O CAPS oferece acolhimento diário, atendimento individual, grupo terapêutico semanal aos usuários e seus familiares, avaliação e acompanhamento com equipe multidisciplinar.

Na área da saúde mental, há convênios com o Hospital Arcanjo Miguel e com as comunidades terapêuticas da região: Desafio Jovem, Vale a Pena Viver, CRER, PATNA e a Clínica Professor Paulo Guedes.

Cabe destacar o que está sendo desenvolvido na área da fitoterapia por Fábio Azevedo, técnico da vigilância sanitária do município, com um projeto bastante inovador.

Na condição de fitoterapeuta, parabenizo a Secretaria de Saúde, na pessoa do Secretário Jeferson Moschem pela iniciativa do resgate dessa prática popular, mas com cunho científico, e felizmente o que disse a Rede Globo no Fantástico, que pese o sensacionalismo feito pelo Dr. Dráuzio Varella , contra o uso de alguns fitoterápicos, ( https://redehumanizasus.net/node/11417 ) pouco irá atingir os profissionais conscientes que trabalham na área com intuito de ajudar as pessoas menos favorecidas que buscam a cura de seus males na fitoterapia, por acreditarem na força da natureza, enquanto outros, defendem a utilização de medicamentos, na maioria das vezes oriundos da flora brasileira, sintetizados por laboratórios internacionais de renome.

Finalizo com a reflexão de que a saúde no município em que me insiro como usuária/cidadã, está bem, e ficará melhor na área da saúde mental quando o CAPS estiver recebendo a verba do Ministério da Saúde e puder ampliar e aperfeiçoar o atendimento.

Aproveito a oportunidade para divulgar que no dia 08 próximo haverá na cidade uma campanha em prol da saúde feita pelo LIONS CLUBE com exames preventivos de diabetes, oftalmológicos, pressão arterial, etc, a fim de conscientizar a população para a prevenção das doenças com encaminhamento para exames mais específicos, se necessário, à Secretaria de Saúde do Município. 

   

Valderez Marie Schönerwald – aluna da Turma de 2010 de Saúde Mental Coletiva da FSG-Faculdade da Serra Gaúcha.

 

 

 

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12 Comentários

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Por Carolina Santos da Silva

Valderez como esta rede se conecta? Como cada serviço que vc citou se comunica? Pelo seu relato vimos uma riqueza de possibilidades, né?

Um abraço, Carolina

Por MÁRCIA CENEDIR MACARI

 OI, VAL…

É BOM PERCEBER QUE, MESMO OS MUNICIPIOS PEQUENOS COMO OS NOSSOS, ESTÃO PREOCUPADOS  EM MELHORAR A SAÚDE DA POPULAÇÃO, SEJA INICIATIVA PÚBLICA, PRIVADA OU DO TERCEIRO SETOR.  

BEIJOS……

    Por Valderez Marie Schonerwald

    Oi Márcia,

    – fiquei feliz em perceber que a humanização está se tornando uma realidade e espero de coração que no futuro isso seja também a realidade em grandes municípios.

    Muito legal seu comentário, obrigada pela sua feliz colocação.

    Muita luz em sua vida, bjsss,

    Val Marie

     

Por Valderez Marie Schonerwald

Estimada Profª. Carolina,

– pelo que vislumbrei a rede em Gramado está bem estruturada. Há reuniões periódicas entre os setores e as equipes multidisciplinares. Um auditório na unidade central a disposição da comunidade e também dos Conselhos como do meio ambiente, saúde, etc.

Enquanto aguardava para ser atendida, percebi que os servidores atendiam aos usuários com presteza e cordialidade, demonstrando  harmonia nas relações.

A impressão é de que se está em um serviço de atendimento privado, ao invés de público, face a organização e eficiência dos serviços, o que demostra uma rede aparentemente sem NÓS, mas feita por muitos "NÓS"!!!

Abraços fraternos,

Val Marie   

Por Rejane Guedes

Cara Valderez. Estou gostando de ver as alunas da professora Judete Ferrari em ação aqui na RHS.

Peço licença para destacar um trecho do seu comentário que me faz pensar: "A impressão é de que se está em um serviço de atendimento privado, ao invés de público, face a organização e eficiência dos serviços, o que demostra uma rede aparentemente sem NÓS, mas feita por muitos "NÓS"!!!

Indago o seguinte: Seria essa uma visão coerente da questão? Se é privado é bom? Organização e eficiência são inerentes ao setor privado?

Lutamos por um SUS público, de qualidade, com acesso para todos. Se adotamos uma visão dicotômica do ‘bom’ e do ‘ruim’ podemos nutrir certos argumentos usados para desqualificar nosso Sistema de Saúde.

Nós (pronome pessoal) somos a TEIA e os Nós (substantivo) de qualquer processo de trabalho. Atamos e conectamos , entravamos e alavancamos.  Nossos discursos são revestidos por nossas construções intelectivas. Nisso tudo que vou trazendo na torrente de idéias, retorno a questão do SUS (público) e dos serviços privados. Penso que ambos podem ter qualidade (boas, nem tão boas, más, nem tão más e por ai em diante) , mas o diferencial do setor privado é o LUCRO que obtém com a prestação de serviços. Isso não podemos desconsiderar nem esquecer.

Saudações pensativas.

 

 

 

    Por Shirley Monteiro

      Antes de tudo Valderez, parabéns pela pesquisa e pelo Curso de voces, enriquecendo a nossa RHS !!!

      Rejane,  muito oportuna as tuas colocações. Se analisarmos profundamente  a "eficiência e respeito pelo usuário"  nas Clínicas e Hospitais privados de hoje em dia, não estão em condições alguma de  se mostrarem referência de qualidade e segurança, comparativa aos Programas de Qualificação e Educação Permanente em que o SUS avança, apesar dos problemas sérios existentes, que ameaçam e entravam a plena concretização de seus objetivos.

     Bjos, Shirley.

      Por Valderez Marie Schonerwald

      Shirley!

      – realmente, concordo com vc, não podemos esquecer que vivemos em um sistema capitalista.

      Não tenho a vivência de trabalhar na rede, falei e comparei situações, na condição de usuária.

      Muitas vezes vi usuários serem desconsideradas como cidadãos e contribuintes de um sistema.

      Minha graduação é no direito, e houve momentos que presenciei situações que me indignaram.

      Para quem tem essa formação não é fácil ver e sentir o sofrimento  que tais usuários passam, em função de não terem consciência de como exercerem seus direitos de cidadania, e ficar indiferente.  

      Eis um dos motivos porque estou fazendo a pós em saúde mental coletiva, conhecer, falar, elogiar, e criticar quando necessário   

      Quanto a qualidade e segurança não posso falar ou avaliar por desconhecer as circunstâncias, mas fico feliz em saber por vc que o SUS avança.

      Como vc mesma diz:"apesar de problemas sérios existentes" , espero e desejo de coração que haja a plena concretização dos objetivos.

      Muita LUZZZZZZZ para o SUSSSSSSS!

      Bjs, Val Marie.

      Obs: curiosidade, vc trabalha na rede? em que área?

        

      Por Shirley Monteiro

       Valderez,

       Meu comentário se dá, também como usuária de plano de Saúde: UNIMED.

       Sou  Profissional trabalhadora no SUS há 22 anos. Minhas formações são de Psicóloga Clínica e Bióloga geneticista. Atualmente cursando uma especialização em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, pelo NESC e MS.

       Falo aqui do lugar de usuária da Unimed, ao acompanhar minha mãe de 67 anos em Clínicas e Hospitais particulares, onde chegamos a aguardar 2 horas e 10 minutos por consultas com hora marcada. Falo também do lugar de mãe que , diante de sintomas estranhos da filha, necessitou de consulta para a mesma semana com um Infectologista pela Unimed, e simplesmente, não encontrou esta Especialidade de plantão nos Hospitais, e consultas só podiam ser marcadas para sete dias adiante. Resultado: A consulta foi realizada no proprio Hospital do SUS onde trabalho, no qual fiz questão de passar por todo o processo cronometrando discretamente o tempo de espera no Acolhimento por Classificação de Risco:  10 minutos para ser atendida no ACCR e classificada como Verde. E mais 30 minutos para sermos atendidas por uma MEDICA INFECTOLOGISTA, com seu Estagiário residente. Medicada com Antibiótico, e encaminhamento para exames. Os exames foram feitos pela UNIMED, e confirmaram semanas depois a suspeita diagnóstica acertada no Hospital público  " Infecção por Mononucleose" a famosa Doença do Beijo, comum em adolescentes que começam a namorar, mas que nela chegou com sintomas bem agudos.  

      Ou seja, em termos de consultas de rotina, ou de urgencia mesmo; atualmente não me parece fazer sentido referenciar que "o atendimento do SUS foi tão bom, que pareceu até serviço privado". 

       Um abraço,

       Shirley  Monteiro.

       

Por Valderez Marie Schonerwald

Cara Rejane!
 – refletindo  sobre a questão da saúde pública, pode ser colorida ou preto/branco, depende dos fatores, gestores, locais em que se inserem, nível cultural e consciência de cidadania dos usuários, enfim… 
No caso em concreto, me surpreendeu a forma e respeito ao usuário, pois viajo muito a trabalho, inclusive para outras cidades e estados, mas te confesso que as instalações e o atendimento aqui é diferente do que já vi.
Bom final de semana prolongado á vc tb Rejane.

 

Por Ricardo Teixeira

Acho que o que a Rejane e a Shirley quiseram ressaltar é que a afirmação que aparece no seu texto (de resto, super interessante) de que se tem a impressão "de que se está em um serviço de atendimento privado, ao invés de público, face a organização e eficiência dos serviços" é delicada, do ponto de vista das "estratégias discursivas" em defesa de um sistema público de saúde. Isso porque esse modo de colocar as coisas faz parte efetivamente de uma estratégia discursiva de desqualificação a priori do setor público e de uma afirmação a priori da superioridade do setor privado (obviamente, não se quer dizer que fosse essa sua intenção ao fazer esta colocação. O resto do texto deixa isso bem claro!).

Entendo que a intenção delas (e a minha também) é apenas destacar que não podemos ser inocentes a este respeito e ignorar as diversas maneiras pelas quais certas concepções ideológicas tomam o poder de nossas palavras…

Veja o que diz Rubem Mattos, pesquisador do Instituto de Medicina Social da UERJ:

"…há que se registrar que a existência de um setor de saúde suplementar sustenta-se na premissa de que a qualidade das práticas no seu interior é bem superior à do SUS. A eficácia simbólica dessa premissa, mesmo que não corresponda à verdade, parece fundamental para a dinâmica da saúde suplementar."

O texto em que este autor discute as perspectivas "de uma reversão radical da imagem simbólica de qualidade superior da saúde suplementar" (que não passa, é claro, apenas pelo discurso, mas pela transformação efetiva das práticas – e, neste terreno, nada garante que o setor privado esteja em vantagem em relação a muito do que se constrói no SUS! Esta Rede, aliás, se justificativa, em grande parte, como uma estratégia para dar visibilidade a este "SUS que dá certo" e, assim, contribuir para a reversão dessa imagem deteriorada do setor público) pode ser lido na íntegra aqui: Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e a humanização das práticas de saúde

Este texto foi disparador de um debate (em que outros autores discutem essa questão com o Rubem) que integra um suplemento especial da revista Interface sobre o tema da Humanização. O link para todos os artigos deste número especial está aqui ao lado, na coluna esquerda de menus da RHS. Vale a pena a leitura!

Abraços,

Ricardo

Por Salue Farinon

Inicio meu escrito parabenizando a colega Valderez pelo movimento feito ao entrar em contato com os serviços/atendimentos na área da saúde de sua cidade, Gramado. Sei que não atua (ainda) na área da saúde pública, mas penso que começar a conhecer a rede do município é o pontapé inicial para a inserção nos serviços, pois só assim pode-se diagnosticar os nós existentes.

Um grande abraço e desejo que siga com o trabalho de observação, porque certamente você tem muito a contribuir, seja pela área do Direito, seja pelo conhecimento em fitoterapia.

    Por Valderez Marie Schonerwald

    – agradeço colega, mas todas  Nós estamos de parabéns, por  desenvolvermos uma consciência crítica coletiva.

    Cada vez mais nossa turma se reinventa, e enriquece com suas experiências pessoais diante da diversidade de profissões.

    Espero continuar contribuindo, apesar da área de saúde ser um assunto novo para minha experiência de vida.

    Confesso que estou adorando a idéia de poder conhecer cada vez mais para defender pontos de vista com argumentos fortes, pq como se diz no direito "contra fatos, não há argumentos!"

    Muita luz para despertarmos cada vez mais a consciência, bjs

    Val Marie.