A dicotomia do saber e do fazer: ainda nos hierarquizando?

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Creio que há um mito fantasmagórico que afasta o saber do fazer. Essa prática é histórica e têm se mostrado um excelente instrumento de fragmentação em todos os níveis: social, econômico, cultural, etc.
E, lendo o post que Maryane escreveu, me veio à lembrança uma pergunta da Beth no nosso último encontro em MT: “mas, e, o que vc fez para resolver o problema?”
Minha primeira questão é: existe de fato um abismo entre o saber e o fazer? de fato há uma dicotomia, ou isso é um instrumento que continuamos usando para burlar o desconhecido ou hierarquizar segmentos? Essa dicotomia é um problema? Como resolvê-lo?
No momento dedico minhas atividades à academia, mas fui durante muitos anos militante do serviço.
Curiosamente, lembro que quando mais fui produtiva foi quando insistia em mudar a minha realidade de acordo com os conhecimentos que eu trazia que conseguiam resolver o que eu compreendia como problema. Frisei o eu pois, por incrível que pareça, é que muitos problemas que eu via poucos também enxergavam… E, esses poucos que viam, não questionavam por entender que ” a prática é uma, a realidade é outra, beeeemmmm diferente…” (o tal instrumento que distanciava o saber do fazer).
Hoje, mais madura e tranquila, não faço tempestades em copos de água como na juventude para que todos pudessem ver o que eu via, mas continuo identificando problemas e tentando solucioná-los, a partir do conhecimento, embasando as ações.
O real é híbrido, é o saber-fazer e o fazer-saber construído dia a dia, socializado com todos é que conseguem modificar nossa realidade.
Quando Maryane fala que é preciso uma compreensão das experiências cotidianas, e um entendimento das múltiplas dimensões do processo de produção concordo em gênero, número e grau, mas não podemos nos segmentar, pois é união que nos fortalece.
A Educação Permanente, concordo com ela, deve ser uma construção centrada no ouvir. Nem todos percebem os problemas não é? Acionando e treinando o dever de ouvir, é que podemos transformar processos que, em primeira instância nos parece muito complicado, e , às vezes é apenas complexo. Sem dicotomias ou hierarquias: só diferenças.