A indiferença e o SUS

10 votos

  

“Eu quero uma cidade saudável”

Layla Coelho Dalossi Amaral

https://euqueroumacidadesaudavel.blogspot.com/

 

A indiferença e o SUS

 

            Fico extremamente agitada quando tenho algo a fazer e encontro impedimentos diversos, e então ouvi de um companheiro de trabalho: Acalme-se você não vão mudar o mundo!

            Respondi imediatamente, eu sozinha não, mais NÓS todos juntos deveríamos. Ou esperam que quem mude o mundo?

            Costumo contar a história do passarinho que foi encontrado com as perninhas para cima em meio à confusão na floresta pelo boato de que o céu desabaria. Agüentou calado a zombaria dos demais animais que o ridicularizavam pelas finas perninhas com as quais pretendia amparar o céu, quando este viesse a cair. Quando pôde dizer algo exclamou: Posso não conter o céu, mais estou fazendo a minha parte! E dessa forma expliquei a meus companheiros de trabalho a nossa importância num sistema que deve funcionar como um todo para garantir à proteção a saúde da população.

            Já tem um tempo que não me satisfaço em fazer a minha parte, porque na atual circunstância é pouco, tento convencer pessoas a fazerem sua parte também para formarmos um exército. Esta coluna faz parte dessa missão, de encontrar pessoas que queiram como eu uma cidade saudável.

            Pois bem, nesse pensamento ainda essa semana, tomei conhecimento de uma história triste, de uma pessoa que teve diagnosticada uma doença grave e estava a procura de explicações aos seus sintomas há 4 anos, infelizmente só a encontrou quando apresentava seqüelas irreversíveis, e culpou o Sistema Único de Saúde por isso.

            Ora, compreendo a revolta, mais aqui trago esse caso para refletirmos sobre a situação, um sistema não pode ficar com este demérito, quando o problema esta na indiferença das pessoas que fazem parte dele. O que aconteceu neste caso foi o desinteresse dos profissionais com a vida dessa pessoa, e isso deve tornar-se claro.

            Muitas vezes ouço queixas de que os profissionais do SUS não olham na “cara” do ser humano que estão prestando assistência, e o problema fica para o sistema, quando este não passa de um formato de organização da assistência a saúde em âmbito nacional, que tenta contemplar todas as diferenças regionais um país extenso como o nosso.

            Eu e todos os profissionais que integram essa rede de assistência somos o SUS, e se temos poucos “passarinhos com as pernas para cima” não é exatamente culpa do sistema e sim da indiferença que vem tomando as pessoas, entre elas os profissionais de saúde.

            Não dá mais para contabilizarmos pessoas se queixando da assistência prestada e acreditarmos que o problema é um ser inanimado chamado SUS, a questão esta em nós profissionais, que temos que participar efetivamente promovendo e às vezes exigindo mudanças para obtermos melhores condições de trabalho, ou seja lá o que for que esteja nos impedindo de nos importarmos com a nossa razão de ser…humanos.