Curitibana supera depressão com página bem-humorada na internet

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A curitibana Dominique Vargas, de 27 anos, nem imaginou que o término de um romance virtual pudesse causar tanta tristeza. Em depressão, Nikki, encontrou uma oportunidade de superar, com postagens bem-humoradas sobre relacionamentos e outros dilemas diários, o fim da relação.

Hoje, a página do Facebook ‘Ajudar o povo de humanas a fazer miçanga’ tem mais de 1,5 milhão de curtidas. “A gente tem sempre duas opções: ficar derrotado ou dar a volta por cima. Procurei focar em coisas boas, no bom humor. O mais legal é que as pessoas se identificam com as postagens e não se sentem sozinhas no mundo. Achei um jeito de ajudar todo mundo”, acredita.

A comunidade foi criada há um ano, logo depois do sucesso de um evento fictício com o mesmo nome e de outro chamado ‘Reciclagem dos papeis de trouxa que já fiz’, ambos criados por ela. “Amigos e internautas acharam as minhas publicações engraçadas e sugeriram a criação da página”, lembra. 

Então, além da frustração com os últimos relacionamentos, a curitibana se inspirou na vida que levava como estagiária à época e na rotina de profissionais da área de Ciências Humanas para montar a comunidade.

“Tem toda uma zoeira sobre a vida de escravos que os estagiários levam. Também dizem que nós, de Humanas, estudamos pouco e só servimos para fazer brincos, correntes de miçanga, desses que são vendidos na Rua XV. Resolvi, então, brincar com isso tudo e deu certo”, explica.

Boa parte das postagens falam sobre desilusões amorosas (Foto: Dominique Vargas/Arquivo pessoal)Boa parte das postagens falam sobre desilusões amorosas (Foto: Dominique Vargas/Arquivo pessoal)

Ainda de acordo com Nikki, a página faz tanto sucesso que tem a participação de estudantes; de professores; de profissionais de outras áreas, como exatas e biológicas; de idosos; e até de famosos, como o ator Gregório Duvivier. “Ele veio me dizer que era meu fã. Eu respondi que eu é que sou fã dele. Fiquei muito feliz”, conta.

Até mesmo o ex-namorado virtual já apareceu na página. “A princípio, ele só curtiu, sem saber quem administrava. Um dia, postei uma foto minha e agradeci aos meus ex-namorados pelo sucesso na comunidade. Aí, ele comentou a postagem. Acabei contando toda a história do papel de trouxa que fiz e ele nunca mais apareceu de vergonha”, revela.

Além de frases inspiradas na vida pessoal, a curitibana também reproduz publicações de outras redes sociais, como o Twitter, na página ‘Ajudar o povo de humanas a fazer miçanga’. Entre as publicações mais populares, estão os tuítes do padre Fábio de Melo, que chegam a ter quase 50 mil curtidas em menos de uma hora.

Página tem mais de 1,5 milhão de curtidas (Foto: Reprodução/Facebook)Página tem mais de 1,5 milhão de curtidas (Foto: Reprodução/Facebook)

Nikki e as miçangas
Logo que criou a página, Nikki abandonou o estágio e tentou viver de artesanato. “Me sentia uma escrava no estágio. Aí, como o próprio nome da página sugere, fui vender miçangas. Não deu certo, só minha mãe comprava a minha arte. Desisti. Mas admiro muito quem vive disso. É ser quem você é”, afirma. 

Hoje, depois de trocar de faculdade sete vezes, Nikki estuda direito e se dedica somente à comunidade no Facebook, que ainda não dá retorno financeiro. No entanto, ela planeja, junto com os outros sete administradores, transformar em site a ‘Ajudar o povo de humanas a fazer miçanga’.

“Aí, podemos ter retorno com publicidade, venda de camisetas, canecas e outras coisas. É uma brincadeira que está virando empreendimento”, explica. Por outro lado, ela diz que já está bastante satisfeita com os resultados obtidos até agora.

“Fico feliz em ajudar as pessoas, especialmente as com depressão. Elas me procuram para pedir ajuda, para conversar. Já fiz vários amigos. Se eu tenho um conselho para dar é: às vezes, a gente faz papel de trouxa mesmo, mas sabe o que a gente tem que fazer com ele? Reciclar, ser feliz com ele”, brinca.

https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/02/curitibana-supera-depressao-com-pagina-bem-humorada-na-internet.html