Mulher que venceu câncer comove a web ao descobrir nova doença rara

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Uma moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, diagnosticada recentemente com uma doença extremamente rara, encontrou na própria enfermidade uma maneira de ajudar o próximo. Carol Rampazo, de 37 anos, fez uma postagem no Facebook pedindo ajuda para o tratamento e, em poucos dias, conseguiu mobilizar centenas de pessoas em prol de uma causa: doar sangue.

Carol Rampazo tinha vida ativa antes da doença  (Foto: Arquivo Pessoal)
Carol Rampazo tinha vida ativa antes da doença
(Foto: Arquivo Pessoal)

Carol tem ‘Trombastenia de Glanzmann’, uma doença que, embora antiga na literatura médica, ainda não tem cura. Por isso, ela precisa de transfusões semanais de plaquetas para evitar as constantes hemorragias pelo corpo, principalmente pelo nariz e pela boca. Para amenizar os sintomas, ela recebe ‘doses’ de cerca de seis doadores por sessão.

Parte das proteínas encontradas no sangue dos doadores e que não são usadas no tratamento de Carol também servem para outros pacientes.

“Sempre digo que a vida só tem sentido se tocarmos o coração das pessoas. Eu sempre fiz o bem, trabalhando com projetos sociais e, por isso, resolvi fazer essa campanha na internet. Para minha surpresa, o banco de doadores do hospital aumentou e até pessoas que não conheço estão doando. Essa ação tem ajudado no meu tratamento e no de muita gente”, comemora.

Carol recebe plaquetas de pelo menos seis doadores diferentes (Foto: Orion Pires / G1)
Carol recebe plaquetas de pelo menos seis
doadores diferentes (Foto: Orion Pires / G1)

A mãe da jovem lembra que na infância a filha teve problemas com anemia, mas sempre viveu normalmente. Já nos últimos anos, um problema grave começou a incomodar. “Ela já teve um câncer na tireoide, mas nos últimos dois anos começou a sangrar pela boca. Tinha hematomas pelo corpo e chegou a ficar 20 dias internada em São Paulo. Os médicos disseram que era uma artéria que sangrava, então ela operou, mas os problemas continuaram”, contou Aliete Aires.

Recente
A jovem, que trabalhava na área social de uma emissora de rádio da Baixada Santista, só descobriu o que realmente causava as hemorragias no início de fevereiro, após fazer uma série de exames detalhados.

Diagnosticada com ‘TG’, Carol precisou se afastar do emprego e da rotina diária ao lado de amigos. “Descobri que tenho uma deficiência na geração e na coagulação do sangue e isso me deixa fraca, com fortes dores de cabeça. Tinha vezes que eu estava jantando em algum restaurante e ‘do nada’ começava a sangrar pela boca e as pessoas achavam que era tuberculose. É horrível, porque eu sou super ativa e a doença me deixa cansada”, relatou Carol.

Esperança
Apesar da doença rara, a médica hematologista do Hospital Ana Costa, em Santos, onde Carol faz tratamento, afirma que a lesão dela é de grau leve, mas precisa ser acompanhada regularmente, porque ela pode ter sangramentos prolongados que demoram a estancar.

Hematologista Simone Schnabl acompanha evolução da paciente (Foto: Orion Pires / G1)
Hematologista Simone Schnabl acompanha
evolução da paciente (Foto: Orion Pires / G1)

“É uma doença extremamente rara. Foi descoberta no começo de 1912, mas não tem cura. Podemos tratar a consequência, os sintomas, fazendo transfusões de plaquetas que conseguem manter o corpo dela bem por algum período”, explica a hematologista Simone Schnabl da Silva.

Desde o início de fevereiro, Carol já fez quatro sessões de transfusão. A boa notícia, segundo ela, é que no período de um mês os sangramentos têm diminuído. Mesmo assim, o tratamento deve ser transferido em breve para São Paulo. “Logo depois das sessões eu ainda me sinto um pouco enjoada, mas isso melhora rápido no segundo ou no terceiro dia, quando fico melhor. Os sangramentos ainda retornam em menos por porções assim q as plaquetas vão perdendo a eficácia no organismo”, garante.

“Na capital será possível que ela receba as plaquetas por aférese, assim é necessário somente um doador. A triagem é feita por uma máquina e a plaqueta vai direto para o corpo dela, sem a necessidade de seis ou mais pessoas diferentes doando para a mesma pessoa como tem ocorrido. Depois disso vamos analisar os resultados e dar sequência, mas ela está esperançosa e nós também, porque ela já conseguiu mobilizar muita gente”, acrescentou a médica.

https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2016/03/mulher-que-venceu-cancer-comove-web-ao-descobrir-nova-doenca-rara.html