Descrição
A Atenção Básica é hoje desenvolvida no Brasil independente do modelo de organização, em todo território nacional. Invenções, reinvenções e inovações são desenvolvidas nos quatro cantos do país. Novas formas de produzir o cuidado são experimentadas, legitimadas e descartadas a todo o momento. Uma rica produção de conhecimento existe e coexiste com todo o quadro de tentativa de qualificação das ações de saúde. Esta dissertação tem como objetivo discutir a inovação nas formas de produzir saúde na atenção básica a partir das experiências relatadas por trabalhadores, gestores e apoiadores integrantes da Rede HumanizaSUS, uma rede colaborativo-social online, parte das estratégias da Política Nacional de Humanização. Em outras palavras, seria perguntar o que dá certo no SUS que dá certo? Considerou-se inovação toda prática que se proponha a produzir novas formas de fazer saúde comprometidas com a defesa da vida e ampliação da autonomia dos sujeitos individuais e coletivos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa mediada por computador que utiliza o software ALCESTE para análise dos dados coletados. O material coletado foi dividido em dois corpus: experiências ecomentários. Os resultados demonstraram na primeira etapa de análise, no corpus das experiências, a existência de 2 eixos temáticos. O primeiro eixo, “Inovações na organização do processo de trabalho”, é composto por três classes temáticas: Classe 1 – As tecnologias de apoio e valorização do trabalhador: apoio institucional,apoio matricial e o método da roda, Classe 2 – Práticas integrativas e complementares em saúde e protagonismo popular e classe 4: Acolhimento. O segundo eixo, “Inovações na produção do cuidado”, é composto pela Classe 3 – Clínica ampliada, Classe 5 – Ambiência: os “territórios” de encontros do SUS – um lugar para chamar de meu e a Classe 6 – A gente não quer só comida...arte e ludicidade nas ações de saúde. As Classes 1 e 2 foram as que apresentaram maiorespecificidade, significando maior peso na construção das RHS. No corpus doscomentários foram criadas 3 classes de segmentos de texto diferentes entre si. Classe 1 – Refazendo, refazenda: redes de produção da saúde: As redes rizomáticas, as ECRP e a trama e a urdidura; Classe 2 – Rodas de conversas e Classe 3 - A Tenda do Conto e seus encantos. Surgiram como aspectos inovadores presentes nos relatos dos integrantes da rede: (1) as estratégias que valorizam e apoiam trabalhadores, abrindo espaços de fala, escuta, troca, apoio e produção coletiva; (2) a constituição das unidades de saúde como espaços acolhedores e que convoquem e permitam que trabalhadores e usuários sejam protagonistas na produção da saúde; (3) o uso das práticas integrativas e complementares e de elementos lúdicos da arte, da música como formas de produzir debate e produção de conhecimentos a partir dos saberes populares e saberes científicos, bem como a vinculação com a equipe/ unidade de saúde e desmedicalização da vida e (4) a criação de redes de produção da saúde, afirmando o trabalho em saúde como um trabalho coletivo, sendo apenas possível produzir cuidado produzindo redes.