Deu branco: O amigo secreto da saúde mental que não tem usuários

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Estava navegando ontem na rede social e acabei assistindo uma live da Campanha Janeiro Branco, onde o seu idealizador convidava aos profissionais e estudantes a participar do ” maior amigo secreto da Saúde Mental” o qual, consiste em pagar um boleto de R$ 25,00 reais para adquirir uma plaquinha que seria enviada ao amigo secreto sorteado entre o grupo de pagantes.

Então eu argumentei que não existe saúde mental sem seus usuários e desafiei o idealizador da campanha a trazer uns usuários para a campanha. Ele ficou um pouco contrariado com minhas “acusações” como me disse depois em uma conversa particular.

O idealizador da campanha me disse que o universo da saúde mental é muito mais amplo que os usuários das Redes de Atenção Psicossocial, CAPS que seriam um subconjunto ou planeta desse imenso sistema solar. Disse também que o importante é começar, deixou muito claro que não recebe apoio governamental ou da ABP e outras associações e por isso vende as plaquinhas para dar seguimento na campanha.

Entretanto todos sabemos por analogia que o único planeta habitado de que se tem notícias é a Terra… da mesma forma não há lógica em organizar serviços e campanhas sem a presença dos usuários (de saúde mental) que muitas vezes são esquecidos e invisibilizados.

Eu sugeri que numa próxima edição o organizador da campanha fizesse um convênio com uma cooperativa de usuários que pudessem confeccionar os presentes, que seriam adquiridos pelos participantes, pois isso poderia gerar renda e aumentar a participação de usuários.

“Existe um receio ( oriundo também da formação acadêmica) da proximidade do profissional com o ” paciente”. Para muitos profissionais por exemplo, um “amigo secreto” envolvendo segmentos dos técnicos, usuários e familiares é algo inadmissível. São muitos paradigmas que precisam ser quebrados, e o dos manicômios mentais é o mais desafiador de todos, (Ana Lúcia Alves Urbanski)