Febre amarela: vacina e informação são as melhores formas de prevenção

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Disponível gratuitamente nos postos de saúde, a vacina contra a febre amarela é a principal forma de evitar a doença. Em Santa Catarina, desde setembro do ano passado, quando o estado passou a ser área com recomendação de vacinação para a febre amarela, o alerta é para que todos os moradores com idade entre nove meses e 59 anos tomem a vacina. Apesar das campanhas de divulgação e disponibilidade das doses na rede pública, a meta de imunização ainda está longe de ser alcançada. Atualmente, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, apenas 56% do público-alvo foi vacinado. É aí que entra a importância da informação.

“A cobertura vacinal contra febre amarela está extremamente baixa porque as pessoas ainda não sabem dos riscos”, afirma a professora do curso técnico em Enfermagem do Câmpus Joinville, Kristiane de Castro Dias Duque. Ela ressalta que a população precisa estar ciente dos riscos de epidemia e conhecer a doença, seus sintomas e consequências para se mobilizar.

Professora da disciplina de Saúde Coletiva, que aborda as doenças transmissíveis com importância epidemiológica, a enfermeira deixa claro que a intenção não é criar pânico na população, mas mobilizar as pessoas a se vacinarem para formar uma barreira de proteção, especialmente por conta da proximidade com o Paraná, estado que tem oito casos confirmados de febre amarela em humanos, incluindo uma morte – um trabalhador da zona rural de Morretes, no litoral paranaense, que não havia tomado a vacina.

“A vacina é um dos principais métodos de prevenção da doença, porque ela quebra o ciclo de transmissão. E o que é a vacina? Ela é composta de vírus vivos atenuados, ou seja, ‘enfraquecidos’, que têm baixo potencial patogênico, que são inseridos no nosso organismo para ativar o sistema imunológico. Quando em contato com a doença, o organismo já tem defesa, já tem anticorpos prontos, e age de imediato contra a doença”, explica a professora.

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por mosquitos infectados com o vírus, e que pode levar à morte em cerca de uma semana se não for tratada rapidamente. Seus sintomas são febre de início súbito, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

“Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem a doença na forma grave podem morrer”, alerta a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SUV/SES). Em seu portal na internet, a Dive traz todas as informações sobre a febre amarela e a vacina e os boletins epidemiológicos com as notificações de monitoramento dos casos investigados.

Trabalho conjunto

A fim de intensificar o trabalho de prevenção da febre amarela na região do litoral norte e formar uma barreira de contenção da doença na entrada do estado, um comitê, formado por representantes de universidades e de hospitais públicos e privados e gestores e técnicos das secretarias estadual e municipal da Saúde, vem se reunindo semanalmente em Joinville, desde o dia 25 de janeiro, para organizar ações integradas de vacinação.

“Com o risco eminente da doença chegar ao estado, torna-se necessário uma ação mais efetiva, não só nos postos de saúde, mas de todos, para que se possa rapidamente atingir a meta de vacinação. Neste momento, as instituições de ensino têm um papel diferenciado, não só de divulgação da vacina como única forma de prevenção, mas de promover a vacinação em suas instalações”, explica o diretor do Câmpus Joinville do IFSC, Valter Vander de Oliveira, que, como presidente do Núcleo de Educação, da Associação Empresarial de Joinville (Acij), representa as universidades na Comissão da Vacina.

Para a enfermeira do serviço de Imunização de Joinville, Sandrine Teuber, esta parceria é muito importante para chegar mais perto da população e intensificar a vacinação. “Estamos trabalhando com divulgação junto à rede de ensino e com vacinação em empresas e universidades, para ampliar a cobertura vacinal no município”, explica Sandrine.

O trabalho conjunto começa a apresentar resultados, embora os números mostrem que ainda há muito a ser feito. Da meta estipulada para o semestre, de 330 mil imunizações somente em Joinville, foi atingido o número aproximado de 50 mil pessoas vacinadas. “Ainda resta um resíduo de cerca de 280 mil pessoas a vacinar”, conta a enfermeira do serviço de Imunização do município, que reforça a importância da vacinação: “é a forma mais eficaz de prevenção contra a doença, doença esta que pode levar à morte”.

Matéria originalmente escrita por Liane Dani| Jornalista