Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade no Cuidado de Pacientes Oncológicos

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Olá, pessoal da Rede HumanizaSUS! Muito prazer!

Sou Jéssica Aparecida Alves Simon, mestranda em Psicologia, pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Esta postagem faz parte da disciplina de “Saúde e Desejo – Desafios do Presente”, ministrada pela professora Doutora Cátia Paranhos Martins, a qual nos sugeriu, como forma de avaliação final da referida matéria, que postássemos algo nesta rede, discutindo pontos de conexão ou divergência com as pesquisas em andamento, relacionando com o que trabalhamos, em sala de aula, ao longo do semestre, perfazendo o total de 14 aulas.

Vários assuntos foram propostos nestas aulas, com o intuito de fomentar análises sobre os desafios da vida coletiva no presente, em especial sobre as dimensões saúde e desejo.

A minha pesquisa trata-se do tema relacionado à interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no cuidado de pacientes com câncer e a minha pretensão é a de investigar como os profissionais de saúde que atuam em instituições oncológicas utilizam, na prática, os conhecimentos da interdisciplinaridade e multidisciplinaridade, dando ênfase no acolhimento do psicólogo na equipe de tratamento paliativo do câncer.

Dentre as leituras do programa, destaquei, em especial, os escritos de Peter Pal Pelbart, em “Políticas da vida, produção do comum e a vida em jogo…”, sendo este um texto em que resultou da conferência de abertura  do 13º Congresso da Associação Paulista de Saúde Pública, proferida pelo autor, em 2013 e publicado na Revista Saúde e Sociedade, em 2015.

Pelbart (2015) comenta que o poder tomou conta de toda a nossa existência e hoje, consumimos maneiras de viver, formas de viver, onde nada fica fora do poder, pois tudo se relaciona a ele. Embora haja o processo de expropriação, a potência da vida responde ao biopoder.

Nesse entendimento, levo tal reflexão para o objeto de minha pesquisa. Segundo Baère, Faustino & Miranda (2017), embora a interdisciplinaridade preconize a atuação integrada de todos os profissionais de saúde que atuam no cuidado do paciente e de seus familiares, no sentido de minimizar o sofrimento dos sintomas da doença, seu conceito ainda é julgado confuso na prática dos profissionais e das equipes de saúde, onde alguns profissionais acabam possuindo dificuldades em prestar o cuidado adequado da metodologia interdisciplinar, ocorrendo então apenas o cuidado “multidisciplinar, que consiste apenas em trocas de informações, sem que ocorra uma discussão entre os profissionais da melhor forma prática de desenvolver o cuidado integral do paciente”.

Tal fato deve-se à dificuldade que os profissionais enfrentam na maioria das instituições que ainda desenvolvem suas práticas, tendo como base o “modelo biomédico tradicional, reduzindo o paciente à patologia que ele apresenta e esquivando-se do ser humano de forma absoluta e integral, excluindo assim, o cuidado biopsicossocial” (BAÈRE et al., 2017, p. 8).

Faz-se interessante destacar que a psico-oncologia enfrentou e ainda enfrenta dificuldades para firmar e reafirmar o seu papel na equipe interdisciplinar da oncologia nos hospitais, tanto para atendimento de familiares, como de pacientes, pois a própria equipe multidisciplinar de saúde dos hospitais, muitas vezes, não vê o psico-oncologista dentro de sua real proposta de atividade.

Dessa forma, cabe a nós, profissionais da saúde refletirmos sobre a temática, enfatizando sobretudo a interdisciplinaridade como a grande referência para um cuidado humanizado.

 

Referências Bibliográficas

PELBART, P. P. (2015). Políticas da vida, produção do comum e a vida em jogo… Saúde soc. [online]. vol. 24, suppl. 1, p. 19-26.

BAÈRE, T. D., FAUSTINO, A. M., & MIRANDA, A. F. (2017). A importância da prática interdisciplinar da equipe de saúde nos cuidados paliativos. Revista Portal de Divulgação, n. 53, Ano VII.