Mini guia de sobrevivência para um amigo antimanicomialista

Para aqueles menos familiarizados com a política de saúde mental preconizada anteriormente e com efeitos muito potentes, deixo aqui o mais recente post sobre o assunto:
https://redehumanizasus.net/estudantes-do-curso-medico-aplicam-as-diretrizes-da-politica-nacional-de-atencao-integral-a-saude-mental-no-territorio-das-esfs-de-presidente-prudente-e-alvares-machado-sp/
Nele encontramos uma boa síntese das premissas e organização da saúde mental que foi elogiada e tem o respeito internacional.

Eu já esperava essa resposta, mas mesmo assim não custava a tentativa!
Não quero vozes hegemônicas, mas um discurso contra hegemônico…Essa é uma situação onde apenas assistir sem manifestar-se é tão maléfico quanto fazer qualquer coisa. AbraSUS Iza.

Bom dia, caríssim@s participantes da rhs.
Como bem disse a Iza , uma rede social é pura multiplicidade e toda multiplicidade contém pontos de vista. Peço licença para compartilhar o meu ponto, partindo do lugar onde habito e das forças ( e fragilidades) que me atravessam.
Há alguns dias esse ‘mini guia de sobrevivência’ circulou pelos grupos do whatsapp e me senti impelida a refletir , recapitulando algumas dimensões que nem sempre são explicitadas.
Pensando na questão sugerida no item 8 (como do múltiplo fazer UM?), postei esse comentário no grupo da RAPS e dos apoiadores do SUS do RN e repito aqui, pois penso ( e sinto) que as conversas na rhs podem ser ricos Encontros que podem (ou não), transformar discursos em ações:
“Como do múltiplo fazer UM? Essa questão instigante nos perturba exatamente porque, em nossos discursos, prezamos pelo respeito às singularidades, respeito às múltiplas formas de pensar, de viver e de agir. Talvez uma ‘pista’ para a Unificação das singularidades seja exatamente a compreensão de que não estamos em lados opostos, que a ação coletiva pede estratégias para além dos discursos de um só ponto de vista. Cada microespaço precisa ser ‘agitado’ com questões sobre o direito à vida, o direito a expressão e sobre os modos de cuidado para além dos rótulos do DSM. Família, grupos de trabalho, redes sociais, espaços públicos e espaços institucionais são bombardeados pelo fomento do ‘medo’. O ‘louco’, o ‘perturbado’, ‘o transtornado’, ‘o drogado’ são a bola da vez como o ‘homo sacer'(homem sacrificáVEL) que serve como justificativa para as práticas de confinamento, subjugo e lobotomia química. Confesso que estou assustada com a força das ondas, mas sei que é preciso AGIR.

(…)

Acompanho em silêncio os avanços da RAPS aqui no RN, vibrando pelos momentos de construção coletiva e participação de vários atores sociais. Penso que aqui (RN) já temos amadurecido alguns princípios norteadores das práticas antimanicomiais, mas sei que há força$ contrária$ que estão comemorando a ‘nova’ política de saúde mental. Faço esse preâmbulo para trazer à roda um conceito que sempre esteve no jogo e poucos levam em consideração: O conceito de BIOPOLÍTICA (criado por Foucault no final do livro História da sexualidade I – Vontade de saber, atualizado pelo italiano Antonio Negri. A biopolítica está relacionada a inserção da vida (espécie humana) nos cálculos infinitesimais do PODER e suas diversas manipulações e ardis. Os discursos (de verdade) têm papel fundamental para a legitimação dessas ‘verdades’. Percebo que as argumentações discursivas usadas na luta antimanicomial estão sendo (dis)torcidas para justificar o retorno do hospital psiquiátrico como o ‘lugar de cuidar’ das ‘loucuras’. Esse é um filão que promove a festa e salta os olhos da indú$tria farmacêutica e e das clínica$ e$pecializada$. Cabe a cada um de nós, defensores do SUS e do movimento antimanicomial, DEStorcer e DESdobrar os argumentos que surgem como ‘a salvação’ , sinalizando as contradições (nem sempre óbvias) neles embutidas.
Será preciso muita união, muita ação. muita integração. O campo está devastado, os abutres já estão agindo, mas ainda podemos reagir. Assim espero!

Saudações antimanicomiais. AbraSUS.