LULA e o Ato Médico!

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Recebi um e-mail de uma rede de amigos com a seguinte notícia: "Lula se manifesta contra o Ato Médico no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva" junto veio esse video: https://www.youtube.com/watch?v=Si0G15bLL4Q

Pensei na hora: Demorou! Mas ainda não é tarde! Falta a aprovação no Senado ainda. É "aquele Senado", mas é o que temos, não?

Importante a manifestação do nosso presidente a essa altura. Na sua fala deixou claro que os interesse de corporações específicas não podem sobrepujar o interesse publico.

Sou e sempre fui CONTRA essa Lei do Ato Médico!

Como médico, acho que temos pautas mais importantes para pensar…

A "proletarização" do trabalho médico é um fenômeno mundial, que não se combate reservando mercado e tentando restringir ou subordinar o exercício de outras profissões.

Como médico de família e mesmo quando estive na gestão, sempre me amparei no saber e nas práticas de outros profissionais. E, digo mais… O saber médico, senso estritu, hoje, enfrenta um processo progressivo de especificação, tornando-se útil para cada vez menos problemas de saúde. Questão muito clara na Atenção Básica.

Acho um atraso o gosto de muitos médicos e médicas pelo regime de plantões de 12 e 24 horas. Parece que para se sentir médico precisa vestir jaleco branco ou aquele macacão de cirurgião e ficar emendando plantões até a exaustão completa. Para dizer da sua utilidade para a sociedade? É claro que muitos médicos e médicas dão plantão porque precisam. E é aí então que eu pergunto: Como a Lei do Ato Médico vai ajudar na sua vida? E a maioria dos médicos, para os quais eu fiz essa pergunta, fica com cara de "?". A maioria dos médicos deseja um dia não dar plantão.

Muitos dos médicos desejam o seu consultório funcionando as mil maravilhas, ou ter um emprego só, ou trabalhar em um bom serviço de saúde, hospitalar ou não, deseja viver bem e tranquilo; mas o que tem mesmo é um punhado de empregos desgastantes em condições de trabalho degradantes! Então, eu pergunto para estes médicos – e não para aqueles que se alimentam do prestígio construído pelo suor dos outros:

O que a Lei do Ato Médico vai resolver na sua vida?

Caso tenha algum médico lendo esse post, peço que pesquise sobre o assunto e procure responder essa pergunta (para si mesmo).

Além disso, talvez possamos sugerir outras pautas para um movimento social de médicos que acreditem que não é possível trabalhar sem equipe PARCEIRA na saúde.

Nunca me senti melhor do que outras categorias profissionais, e como gente, quando dei plantões emendados de 12 ou 24 horas, enquanto os trabalhadores sindicalizados do mundo todo lutam por menor jornada sem redução de salário. Que tal encabeçarmos um movimento por plantões de 8 horas, sem redução de remuneração, nos serviços que ainda contratam plantonistas? Que tal fazermos um movimento contra a precarização das relações de trabalho? Que tal fazermos movimentos por uma carreira SUS de verdade?

Também nunca me senti bem ao constatar que em muitos municípios brasileiros os médicos são praticamente os únicos funcionários que não cumprem horário. Eu vivia sendo convidado a me associar à Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade. Um dia, em São José do Rio Preto, SP, um membro da APMFC tentou me constranger em público dizendo que como Médico de Família (um especialista) eu devia me associar. Respondi a ele que me associaria sim se a APMFC lançasse uma campanha pública com o mote: "Médico de Família cumpre horário!" Nunca mais me convidaram. Esse é um problema crônico de quase toda a secretaria municipal de saúde de todo o país, que no meu entendimento, é anti-ético e denigre a legitimidade da profissão médica. Mas isso não é pauta dos movimentos de médicos.

Por essas e por outras que os "poderosos" médicos tem visto ruir seu pedestal. E como diz lá na minha terra: "É bem feito!".

Abraços a todos…

e ABAIXO O ATO MÉDICO!!!!!!!!!!