O diagnóstico em saúde mental – Em que vida apostamos quando dele lançamos mão?

13 votos

 O quê pode a clínica sem a figura do diagnóstico?

Posso apostar que todos nós, em algum momento, já nos fizemos esta pergunta.

O que é um diagnóstico em saúde mental? O que nos move a levá-lo em conta no trato com o sofrimento psíquico? O que ele produz em termos de delimitação de realidades? Qual é a aposta que está em jogo, de que vida falamos?

À primeira vista o levantamento desta questão pode parecer um falso problema. Muitos se perguntarão se não tenho mais o que fazer, por que perder tempo com uma coisa tão corriqueira e tacitamente colocada como necessária para todos?

Ocorre-me que o simples colocar-se em "outro lugar" em relação à tudo na vida é matéria para criação de novos modos de pensar e sentir. A pergunta de uma estagiária em nosso trabalho, o que venho escutando das crianças e jovens, privilegiados por encontrarem-se num espaço portador de "um novo", o contágio produzido por textos superpotentes na produção de pensamento e ação vivos aliado ao contato revivescente com os companheiros que caminham na mesma vereda de pensamento, enfim…tudo isso semeia um campo para muita conversa.

Esse campo problemático pode ser "engordado". Um dos parceiros que nos levam para outros lugares, Luiz Fuganti, em "Biopolítica e produção de saúde – um outro humanismo", pergunta-se se o diagnosticar não poderia tornar-se uma prática de aprisionamento das forças ou "zonas de experiências povoadas de elementos inauditos, desqualificando-as". De fato, um exemplo dessa prática é ouvir as manifestações comportamentais dos jovens, como "ficar", "ser bissexual", transar entre amigos, ou qualquer outra variação e tratá-las como sintomas. É tratar o modo de desejar de uma época como o metro-padrão, o modo dominante, portanto universal e fundador da norma.

 

Continua em: https://redehumanizasus.net/node/10018