Profissionais do HILP discutem a morte e o morrer nas suas práticas
No dia 28 próximo, os profissionais do HILP, em Teresina, se organizaram numa grande roda com o objetivo de discutir a tanatologia e buscar estratégias para uma melhor acolhida aos pacientes e sua rede social no momento da partida. O evento teve como facilitador o Dr. Erasmo Ruiz, envolvendo os profissionais das áreas de enfermagem, psicologia e serviço social que trabalham no hospital.
Inicialmente, Erasmo fez uma reflexão sobre o sentido da morte, fundamentada em concepções assumidas por diferentes culturas , oportunidade em que mencionou que tradicionalmente, as pessoas têm relutado contra a idéia da sua finitude, e que discutir a morte não significa assumir uma postura mórbida pelo existir, mas sim rever uma realidade que todos teremos que vivenciar um dia, e que portanto devemos nos capacitar para saber lidar com ela. Na sequência, os participantes foram desafiados a relatarem suas experiências diante das perdas vividas nas suas práticas. A idéia era provocar um desvelamento das formas de intervenção profissional, dos sentimentos, das angústias, frustrações e desafios enfrentados nos momentos difíceis da perda de pessoas queridas, seja no campo familiar e ou de trabalho.
Segundo Erasmo, a incapacidade para lidar com a morte do outro está associada ao despreparo para lidarmos com a nossa própria finitude.
Nas falas de alguns profissionais, foi claramente percebida a dificuldade do saber lidar com a morte, principalmente no tocante à comunicação da má notícia. No contexto do hospital, às vezes o profissional transfere para outro, a competência de dar a notícia do óbito, pelo temor de enfrentar a família frente a morte da pessoa querida. Outro problema detectado diz respeito à pressa demonstrada por parte de alguns profissionais, no preparo e remoção do corpo, principalmente no espaço da UTI, o que tem comprometido o primeiro instante da elaboração do luto pela família, quando da partida do paciente.
Erasmo ponderou que a melhor maneira de enfrentar todas estas questões, é refletir sobre como estamos atendendo os pacientes no momento da sua finitude. A seguir, fez os seguintes questionamentos: O que está acontecendo com os corpos no hospital? E se estivéssemos do outro lado, será que gostaríamos da forma da acolhida dispensada? Será que não haveria outras formas de acolhida para a humanização do cuidado? Tais questionamentos fizeram disparar algumas propostas para o enfrentamento das questões refletidas, entre elas, o levantamento do fluxo dos óbitos ocorridos no hospital, bem como, a elaboração de um protocolo para definir as formas de lidar com a morte no cotidiano hospitalar, de modo acolhedor, buscando um atendimento padrão, mas adequando-se às necessidades das demandas. Também foi apontada a importância da formação de um grupo para provocar a discussão sobre essa realidade, no sentido de identificar as dificuldades, desafios e propostas de mudanças. A lógica do trabalho é garantir o envolvimento das equipes multiprofissionais nas discussões e nas tomadas de decisões, para a melhoria do acolhimento do paciente e da sua rede social, potencializando a humanização da assistência em todas as suas dimensões.
Finalizando as discussões, os profissionais reafirmaram o compromisso da organização de um grupo multiprofissional para suscitar o debate em torno da temática, no sentido de buscar formas mais adequadas de se lidar com os momentos finais da existência humana. Também foi apontada a reivindicação do retorno do Erasmo, feita pelo Dr. Macedo, Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa do HILP, para participar de outra roda de discussão, com outras categorias profissionais do hospital, sobretudo os médicos, que por motivo de congestionamento da agenda de trabalho, ficaram ausentes desta roda.
Por Nercinda C Heiderich
Ao findar o labor desta vida
É evidente que lidar com a morte nunca foi e nunca será aceitável, naturalmente.
Por mais que venhamos a discutir sobre este tema, ele nunca será aceito de forma natural, principalmente, pelos familiares, mais próximos.
Infelizmente, o morrer está tão presente em nossos dias que só se sente atingido literalmente, por aqueles cuja saudade permanece eternamente.
A finitude só é menos dolorosa se for de forma pre-concebida, onde houve uma permanete presença dos familiares.
Ningúem, em sâ consiência, aceita uma morte, dentro de um hospital, clínca, etc., senão há "justa causa"
Mesmo porque estavam em poder de pessoas cujo único objetivo é salvar vidas. E em muitos casos, o paciente não está mal, pedindo a presença de familiares e lhe é negado este direito. Então, acontece o pior e ele desamparado, faz sua última viagem sem se despedir dos que ele tanto, almejou, ver.
A morte, em inúmeros casos, são por descaso.
Esta de dizer: Chegou a hora, era inevitável.!
Esta ideologia foi deturpada em muitas religiões e continuam sendo impregnada nas mentes mais vulneráveis.
Queridos! Não há momento mais duro do que este.
Obs: Gostaria de participar de um seminàrio, onde o tema fosse: "Tanatologia".
Nercinda