Mais um “18 de maio”.

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Feedback do evento do dia 18 de maio
Dia Nacional de LUTA ANTIMANICOMIAL
 

Na verdade, foi uma grande roda!!! Num dia chuvoso e frio aqui no RS, ficamos ao ar livre, de baixo de uma tenda de lona, e de tão integrados, arrisco dizer que nem se notava a intempérie. A roda foi quente, com muitos depoimentos de usuários CAPS, participação de trabalhadores de saúde e estudantes, trocas de vivências, experiências… Além disso, retomou-se a história dos manicômios, movimentos dos trabalhadores de saúde mental, da RP, até o início dos CAPS e algumas questões atuais sobre construção de redes, necessidades e desafios (num estágio pré-reflexivo! mas acima das expectativas!). Não se pode dizer que não avançamos, porque vi muitos estudantes que nunca haviam participado de uma roda sobre saúde mental, e por seus relatos fico otimista! Sementes foram plantadas… Assistimos 2 documentários interessantes, no meio da praça…

 

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Camille Claudel

 

 

Na semana passada recebi mais um convite para participar de evento em virtude do “18 de maio”. Ao ler o cronograma, fiquei inquieta, essa tem sido uma forte sensação nesses últimos anos… Outra vez “exposições de trabalhos dos pacientes de CAPS na praça”? Teatros que “eles protagonizam”, enquanto, a maioria aponta e diz “ali estão os louquinhos, eu só sou da platéia, ok”??? Não agüento mais isso (falo em desabafo!). Como trabalhadora de saúde pergunto-me se todos os anos será a mesma coisa? O quê estamos fazendo de nossas práticas em espaços substitutivos? E fora deles, onde estão as redes? (Que redes??)
 
Entendo que esses são movimentos necessários, importantes (ir à praça, fazer rodas) e, “de novo”, nem pensei em me ausentar, estarei lá com toda a força dessas minhas inquietações… Trabalhei quase dois anos em um CAPS e entendo perfeitamente os desafios, as conquistas, mas também o quanto estamos reproduzindo práticas manicomiais em espaços abertos (CAPS, UBS, hospitais, logo ali na esquina, no clube da cidade, na casa da vizinha…), que continuam para além dos muros…
 
Numa dessas discussões sobre saúde mental, uma usuária olhou para mim e disse do quanto ela está agradecida ao “CAPS”! Sente-se satisfeita com o atendimento da equipe, reforçando o quanto o “CAPS é muito bom”, contando que está em tratamento há 6 anos e nem pensa em deixar de participar etc. E, na roda, onde ela dizia isso, todos concordavam menos eu!!! Quando ela terminou, perguntei se isso seria o que a reforma psiquiátrica preconiza, e se não seria essa uma nova forma de institucionalizar, permanecer em dependência? Em especial, falei por minhas utopias, desejando afirmação de cidadania, autonomia, não somente para pessoas em sofrimento mental, mas radicalmente para todos. Não preciso dizer que o rumo da conversa foi outro…
 
Nessa mesma discussão, alguns reclamavam “mais verbas para a SM”, discutir o quê é “intersetorialidade”?? Coisas tão óbvias ficam em discussões insípidas, que se repetem, sempre as mesmas!? Precisamos avançar, fazer acontecer essas redes absolutamente necessárias!!!
 
Enquanto isso, dançar conforme a música,
é uma nova camisa “de forças” institucionalizantes!
 

Camille Claudel

(La valse)

 

(Escultora francesa, 1864-1943, companheira de Rodin, morreu após 30 anos internada em um hospital psiquiátrico).

 

 

Link: https://redehumanizasus.net/node/8256

 

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