HOSPITAL DA MULHER AUMENTA RITMO DAS OBRAS E GARANTE NOVOS RECURSOS
Descrevo do jeito que convem dizer
Descrevo e reforço
Porém sempre lembro de acrescentar
Feminino é lutar
Feminino é sonhar
O teu ser – de ser pra ser
É mulher (Elias J. Silva)
Em 284 anos de história, é a primeira vez que a cidade de Fortaleza terá um equipamento de saúde totalmente voltado para atender as mulheres. Além de chamar atenção por ser uma obra de grandes dimensões, o Hospital da Mulher tem se destacado por sua proposta inovadora: atender a saúde da mulher e seus direitos sexuais e reprodutivos, garantindo uma assistência universal, sem distinção de classe, raça, credo, nacionalidade, orientação sexual. Mais um projeto ousado que a prefeita Luizianne Lins garante concluir e entregar o equipamento funcionando até o fim de seu mandato, em dezembro de 2012.
Desde o início da obra, em maio de 2008, já foram investidos aproximadamente R$ 27 milhões. O investimento possibilitou a construção de 40% do prédio e instalações, que representa o estágio atual da obra. Dos recursos aplicados, 27,88% foram de origem do Tesouro Municipal e o restante, 10,91%, repassado pelo Ministério da Saúde. A construção completa do equipamento terá um custo de aproximadamente R$ 70 milhões.
O Hospital está sendo construído em um terreno de 70.746,32 metros quadrados, onde funcionava o antigo Jóquei Clube. Para se ter uma ideia da dimensão do terreno, o espaço equivale a pouco mais de sete campos de futebol oficiais. A área total construída representa 26.465 metros quadrados e será dividida em quatro blocos. O primeiro bloco, o mais avançado do projeto, será dividido em duas etapas. A primeira parte, onde funcionarão a Administração, Consultórios, Laboratórios e Centro de Imagens, está 90% concluída e encontra-se em fase de acabamento. A segunda parte do bloco está com 50% dos trabalhos executados. Nela, funcionarão: Pronto-Atendimento; Parto Cirúrgico; Centro Cirúrgico; Parto Normal; UTIs Neonatal, Médio Risco e Adulto; e Centro de Terapias Alternativas.
Os demais blocos já foram erguidos e a construção segue normalmente, sem nenhuma paralisação em 734 dias de obra. Nesses blocos, serão instalados enfermaria (com 184 leitos), Farmácia, Almoxarifado, Necrotério, além das salas de oficina e manutenção. A área externa do Hospital terá um bosque urbanizado com vários equipamentos, como Solarium (local descoberto reservado para banhos de sol), playground, banheiros, Praça da Farmácia Viva, área para atividades físicas, anfiteatro, caramanchão com mesas para jogos, posto da Guarda Municipal, além de um auditório e um espaço para celebrações ecumênicas.
O Hospital da Mulher de Fortaleza, com sua proposta de novo modelo assistencial e integrado em suas diversas atividades e com o sistema de saúde municipal, poderá dar novas respostas às questões e necessidades das mulheres do município até o momento não contempladas. Isso o tornará uma referência para as redes pública e privada, não somente de Fortaleza, mas para outros estados e municípios brasileiros.
Uma equipe de 175 funcionários trabalha atualmente na construção do Hospital. A expectativa da Coordenadoria de Projetos Especiais, responsável pelo acompanhamento do projeto, é que ainda este mês o número de colaboradores chegue a 230, dando mais celeridade ao andamento das obras. Outro reforço que o projeto está prestes a receber é o aporte de R$ 46 milhões, através de um convênio em tramitação com o Ministério da Saúde.
A Prefeitura reconhece o atraso na entrega da obra, mas assegura que os trabalhos não sofreram paralisação e seguem um ritmo estável. "Uma obra desta complexidade requer um cuidado maior para que os serviços possam ser realizados com a segurança necessária. Esperamos atender milhares de mulheres por ano e queremos assegurar que todas serão bem tratadas, inclusive aquelas com necessidades especiais de qualquer natureza, que encontrarão todo o hospital equipado para a acessibilidade", afirma Geraldo Accioly, coordenador de Projetos Especiais.
Protocolo único define gestão compartilhada e humanização da atenção
Definir os fluxos, as responsabilidades clínicas e apontar as diretrizes dos projetos terapêuticos. Com essa finalidade, está sendo produzido o Protocolo Único do Hospital da Mulher de Fortaleza. Em sua estrutura, o documento traz a concepção, os princípios e os pressupostos fundantes do Projeto, definidos a partir de um amplo processo de consulta a diversos setores sociais. Elaborado pela equipe multiprofissional de saúde que coordena o projeto do Hospital, o Protocolo também aponta as finalidades do novo equipamento – baseadas na ideia de uma organização democrática e de trabalho transdisciplinar de saúde.
Em fase de produção, o Protocolo será composto por 11 cadernos que definem os princípios, as diretrizes e os fluxos para o seu funcionamento, tendo como referência experiência de gestão hospitalar baseada na gestão compartilhada e na humanização da atenção, seu nível de complexidade e inserção no Sistema Único de Saúde (SUS) e o perfil da população atendida.
Além da equipe que coordena o Projeto e de muitos profissionais da rede municipal de saúde, o Protocolo Único de funcionamento do Hospital da Mulher também tem a participação da consultora Maria José Araújo – médica, ex-coordenadora da área técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, consultora em Direitos Sexuais e Reprodutivos com larga experiência em políticas de saúde da mulher no Brasil e em outros países da América Latina.
Modelo de Gestão é resultado de processos participativos
Ao tempo em que a obra do Hospital da Mulher de Fortaleza avança, o modelo de gestão do equipamento de saúde vem sendo construído a várias mãos. Por meio de eventos como seminários, grupos focais e encontros, essa elaboração vem sendo compartilhada com gestores, profissionais de saúde, representantes de usuárias dos serviços e de movimentos sociais de mulheres com deficiência, lésbicas, negras, feministas, ativistas em Direitos Humanos, sociedades científicas e universidades. Também estão envolvidas as contribuições da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres da Prefeitura, dos técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e do Ministério da Saúde (MS).
"As reflexões a respeito do modelo de gestão do Hospital da Mulher de Fortaleza vêm sendo feitas desde 2005, quando diversos segmentos da sociedade foram ouvidos e opinaram na sua formulação", acrescenta a coordenadora do Projeto, Lourdes Góes. Dentro desse processo participativo, também foram feitas consultas a outras instituições cujos modelos de gestão se assemelham ao que se deseja implantar em Fortaleza – a exemplo dos hospitais Mário Gatti (Campinas-SP) e Odilon Behrens (Belo Horizonte-MG).
Os processos gerenciais do Hospital da Mulher serão baseados na visão de que a gestão é de responsabilidade de todas as pessoas que trabalham na unidade. "A responsabilidade coletiva será definida tanto pelas ferramentas de gestão quanto pelo planejamento participativo, que possibilitam a escuta de quem utiliza a instituição ou trabalha nela", diz Lourdes Góes.
Esse novo modelo de assistência é centrado nas questões da integralidade, humanização, trabalho coletivo em saúde e respeito aos direitos humanos das mulheres. Com isso, o Hospital da Mulher será um exemplo de serviço público diferenciado, dando resposta às especificidades de saúde da população feminina – questões já conhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana de Saúde.
Hospital trará novidades na saúde coletiva
Entre os serviços que serão oferecidos pelo Hospital da Mulher de Fortaleza, alguns serão destaques no sistema de saúde municipal. Entre eles, pode-se apontar o ambulatório de atendimento à doença falciforme e outras hemoglobinopatias voltadas prioritariamente às mulheres negras e o centro de atenção em terapias complementares. Este último envolverá atendimento em terapias individuais e coletivas, desde as mais convencionais até as integrativas, servindo de suporte à rede assistencial e ao próprio hospital.
Vários serviços de relevância no novo equipamento ainda podem ser destacados, como o Centro de Referência no atendimento em saúde para as mulheres em situação de violência doméstica e sexual, inclusive prestando apoio matricial (orientações e suporte no atendimento) para a rede assistencial; e a assistência humanizada às complicações do aborto inseguro e ao abortamento previsto em lei. Vem despertando atenção também o trabalho – que será desenvolvido no Hospital da Mulher – de educação em saúde e sexualidade na terceira idade e na velhice, além de atividades visando o aumento da auto-estima da pessoa idosa.
Outro grupo que receberá atenção especial no Hospital será o de casais inférteis. O Centro de Reprodução Humana Assistida possibilitará esse acesso a grupos que, por questões econômicas, nunca tiveram possibilidade de exercer esse direito reprodutivo. Essas são algumas das inovações que serão implementadas nas diversas linhas de cuidados da saúde da mulher no sistema municipal de saúde de Fortaleza. Elas estão sendo estruturadas pela equipe do Hospital da Mulher, em parceria com os vários segmentos assistenciais que fazem parte das redes de saúde.
A população feminina e o conceito ampliado de saúde
As mulheres são a maioria da população brasileira e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Freqüentam esses serviços para buscar seu próprio atendimento e, sobretudo, para acompanhar crianças e outras pessoas da família, como os idosos, pessoas com deficiência, além dos amigos e vizinhos. São, no mundo inteiro, as principais cuidadoras, não somente dos membros da família, mas também da vizinhança e da comunidade.
O conceito ampliado de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a inserção no meio social, o lazer, a alimentação, a moradia e renda, as condições dignas de trabalho, o acesso a serviços de saúde de qualidade e a ausência de violência, dentre outros. Quando se trata da população feminina, os problemas são agravados pela discriminação que lhes impõe a sociedade e pela sobrecarga do trabalho doméstico. Outros fatores como raça/etnia e situação de pobreza realçam as desigualdades e as iniquidades sociais e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
No início desta década, os dados oficiais do Ministério da Saúde começaram a apontar que as mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem com maior frequência e, dependendo da sua inserção social, possuem pior qualidade de vida. Os dados epidemiológicos também demonstram que vem aumentando entre as mulheres doenças tradicionalmente consideradas de perfil masculino, como o câncer de pulmão e as doenças cardiovasculares. Muitas vezes, os serviços de saúde não estão preparados para reconhecer tais agravos à saúde da mulher, com suas especificidades e urgências requeridas.
Daí também a importância do Hospital da Mulher e sua proposta de um novo modelo assistencial para um município como Fortaleza, que possui um total de 2.416.919 habitantes, sendo a maioria do sexo feminino (53,19%). Desse total, 1.086.451 encontram-se na faixa etária de 10 a 80 anos. E mais: as mulheres em idade reprodutiva são 61,3% dessa população. A taxa de fecundidade em 2005 foi de 2,22 filhos por mulher, mais alta do que a média nacional, sendo maior nas camadas mais pobres da população.
Fonte: Prefeitura de Fortaleza.