Mediante ao excelente resultado que a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco trouxe a população atendida pela Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos SP (SCMO), manifesto junto a minha orientadora do Mestrado em Enfermagem que curso na Universidade Estadual de Maringá (Dra Laura Misue Matsuda) e a Chefe de Enfemagem da Santa Casa de Ourinhos (Me Eliska Sedlak) um breve relado do que vivenciei e aprendi enquanto colaborador nessa instituição e agora, professor universitário e pesquisador do tema em questão.
Em julho de 2007, mediante as propostas da PNH, na Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos SP, foram iniciadas discussões no Conselho de Gestor Interno (CGI) e no Conselho Gestor Externo (CGE) sobre a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) no Pronto Socorro da instituição.
Mesmo com apoio da consultora do Ministério da Saúde (MS), Clara Setti (que colabou sobremaneira no processo), e as reuniões incansáveis do GGI para desenvolver as ações de implantação, devido à inexperiência dos componentes do grupo, as perspectivas de resultados eram incertas, pois havia baixa adesão dos profissionais médicos e a frustração dos usuários que, após várias tentativas anteriores de reorganização de fluxo, pareciam não acreditar mais em mudanças e na melhoria da qualidade do atendimento.
O processo de implantação e adequação do ACCR na SCMO ocorreu num período de 24 meses subdividido em quatro etapas: sensibilização dos profissionais; readequação de recursos físicos, materiais e humanos; execução do planejamento e avaliação. Em virtude da necessidade de reconfigurar o trabalho médico que se voltava à centralização das ações, até o ponto de ditar a forma de trabalho dos profissionais que atuavam no serviço, a readequação do fluxo de atendimento mostrou-se como uma das principais dificuldades a serem superadas nos primeiros meses. No entanto, com o passar do tempo, mediante a gradativa compreensão da realidade prática do ACCR, principalmente após o primeiro semestre, a aceitação ganhou força.
Hoje, mais do que Acolhimento com Classificação e Avaliação de Risco, a implantação desse programa proporcionou gestão com qualidade e para a qualidade do atendimento nesse Pronto Socorro. As manifestações de que houve organização do Serviço, associado à melhoria na humanização do atendimento aos clientes e dos profissionais, parecem comprovar o resultado do trabalho desenvolvido pelo GGI e demais trabalhadores da instituição.
Ao falar em qualidade do atendimento, em especial em Pronto Socorro, é necessário que haja ações de todos os níveis hierárquicos e seus trabalhadores para que se implantem ações que resultem no “descongestionamento” e resolução dos casos, de acordo com a necessidade de cada agravo, em seu devido tempo e local.
Nessa perspectiva, para a implantação e consolidação do ACCR na SCMO, há que se destacar alguns fatores que seguramente impulsionaram todo o processo: desejo da alta direção em humanizar e qualificar o atendimento; investimentos para melhorar a estrutura física (ambiência) e de recursos humanos; busca pela melhoria contínua dos processos de atendimento e, envolvimento, em especial, da equipe de enfermagem.
Como cidadão Ourinhense, educador e pesquisador acrescento que a implantação do ACCR na SCMO é um marco no desenvolvimento da qualidade em saúde no município e que, apesar de ainda existirem muitos obstáculos a serem transpostos, seguramente o atendimento à urgência e emergência no Pronto Socorro da SCMO decola para excelência na qualidade.
José Ap. Bellucci Júnior e Dra Laura Misue Matsuda, Me Eliska Sedlak