Comportamento: Desabafo-Sofrimento-Morte-Augústa
Após ler e reler esse depoimento do dia 10/11/2009 da servidora Cristina Mara ainda preocupo com determinada situações de algumas instituições e editei de novo.
COMPORTAMENTO: DESABAFO – SOFRIMENTO – MORTE – ANGÚSTIA
Salvador-Bahia, 10 de novembro de 2009.
COMPORTAMENTO: DESABAFO – SOFRIMENTO – MORTE – ANGÚSTIA
Mensagem destinada às pessoas que podem me ajudar
A inalienação profissional, o bom desempenho de minhas funções, a dedicação em atender uma população sofrida, o respeito por todos os profissionais sem uma qualificação acadêmica, mas tão necessários em uma instituição na formação de uma equipe de trabalho. A ausência completa de vaidades e com o sentimento de ajudar. A postura de interagir com todos e promover uma relação de trabalho mais próximo possível do ideal em partilhar um pouco de meu conhecimento específico nos atendimentos aos doentes e públicos em geral que sofridas desejam serem ouvidas. E em acreditar em um trabalho já implantado no Brasil e em alguns hospitais como planejou e adotou o Ministério da Saúde com o título HumanizaSus/QualiSus. Tudo isto não adiantou por que a antipatia gratuita de uma supervisora de enfermagem e diante das raízes irracionais da intolerância fui prejudicada de uma maneira profundamente hostil e drástica em meu ambiente do trabalho.
Fui prejudicada sobremaneira em meu comportamento profissional sem saber hoje o que faço e o que digo. Estudar um pouco mais sobre a função, tarefas, assuntos e projetos que participo. Evitar maledicências. Demonstrar respeito por todos. Não admitir participar de conversas ou brincadeiras discriminatórias. E ter uma função menor na escala de funções qualificadas em um hospital não significa que eu não possa saber mais sobre minhas tarefas, fosse melindrar superiores e causasse tantos problemas em meu ambiente de trabalho e para mim como profissional. Não aceitei ser mantida na deriva em termos de sustentação psíquica grupal e em termos profissionais e que me causou tanto transtorno. Eu não sei mais o que faço e como devo me comportar. E sou acima de tudo humilde e discreta, com todos os meus erros e problemas, que deixo em casa. Assim como deixo no hospital os problemas que acontecem não os levando para casa.
Aceito minhas responsabilidades de bom grado e não excedo momento algum diante de um paciente, acompanhante, pessoa e mesmo assim conseguir desagradar tanto a minha superiora na profissão o que exerço.
Ora, conheço o meu trabalho. Sou zelosa, dedicada e interessada, mas isto destoa da maioria das pessoas do ambiente do trabalho. Não é o ideal. Você tem que ser submisso. Tem que pertencer ao “grupinho” do cordão dos puxa-sacos por que não conseguem mostrar suas qualidades e serem aceitas de outra forma. Mesmo que vá contra as suas crenças profissionais, ética, humana, pessoal. Não estou me referindo somente à ética, mas a aceitação de todos os comentários inapropriados e trabalhar mediante o estado de humor e espírito de seu superior, se bem, sem problemas pessoais, ótimo. Se estiver com problemas familiares ou outros tipos de problemas, nós que nos agüentemos sem queixas. Baixe a cabeça e engula. Você em menor qualificação profissional tem que lidar com seus problemas pessoais, seus medos, suas angústias, problemas dos pacientes, familiares de pacientes e o humor variável de sua chefia. Ninguém agüenta. Só se deixar mergulhar no poço da ignorância, da aceitação, da escravidão humana branca, negra, amarela ou índia. Ainda. Em pleno século XXI no Brasil. E aceitar a discriminação total, geral e irrestrita. Se sentem menores. Eu não. Não nasci para viver em senzala. Tenho meus limites e tenho ética e moral para distingui-los. Sei até onde minha função me permite ir.
Na maioria das instituições não há diálogo. Há monólogo. Tanto nas instituições privadas e públicas no Brasil. Espero que estas posturas estejam em mudanças. Mas o ranço continua.
Fui perseguida, vigiada, observada. Tive paciência, desconsiderava as insinuações, as gozações, as piadas. Calava-me não por receio, por medo. Mas em respeito a minha saúde que já estava sensível, alma triturada. Mas a referida superiora não suportou minha postura. Achou que este tipo de comportamento que eu tinha era um ar de superioridade. Não era simplesmente amor a mim mesma. Eu só queria atravessar mais uma fase, mais uma passagem de minha vida profissional. Eu só não queria problemas. Só quero paz. Até o meu andar com o corpo meio empinado era motivo de comentários. È só espondiliartrose e artralgias em todas as colunas. Só isto. Não é moda. Que me dera!
Hoje nenhuma colega da mesma função me procura, dar um telefonema. As vezes que cheguei a ir ao hospital fui olhada como se tivesse a pior lepra, a pior hanseníase. Passaram longe de mim, mas olhavam desconfiadas a ET.
Quando há uma função menor numa escala de profissões de um hospital não significa que se interessar em estudar, em saber mais um pouco implica em querer ser ou ter a função da superiora. Ora quem assim pensar só pode ser mentalmente deteriorado. Por que para que eu possa ter a função de minha chefia preciso percorrer os mesmos caminhos que ela realizou obviamente. Senão não existiriam cursos superiores, universitários, faculdades.
Fui constrangida impiedosamente em meu ambiente do trabalho com acusações infundadas e mensagens incompreensíveis. E esta situação que vivi no dia 26 de setembro de 2009 no interior de um hospital público de Salvador e que me causou transtornos psíquicos e da minha saúde como um todo.
Sempre fui uma pessoa e profissional ética no que significa conduta moral, comportamento adequado relativo ao paciente e seus familiares. Ética que para mim significa caráter, modo de ser, obedecer à regra de que o que é bom para o indivíduo é para sociedade deve-se ser buscado. Nunca fugi aos meus deveres como profissional, colega e ser humano. Sempre respeitei, mas sempre exigir respeito. Sempre procurei respeitar as normas, os princípios, os preceitos, costumes e valores que faz do comportamento individual uma base para seu viver como um todo.
Ética não significa ser humilhada, desprezada, constrangida por um chefe e não se defender, não fazer nada para que se tome um norte nas relações de trabalho de um funcionário comum e seu subordinado. Ética não significa que você tem que se sentir se comportar como NADA ou apenas um profissional robotizado que a ele não é dado o direito de pensar, de decidir, de acertar em algumas ocorrências no trabalho.
Estes códigos de ética precisam ser revistos por que estão obsoletos. A maioria são discriminatórios e criminosos.
Só se imporá à ética, o respeito mútuo com a Lei? E as leis punem todos independentes de funções ou cargos de níveis de qualquer natureza? Enxerga-se o ser humano? E estes comportamentos desumanos resultam em punições temporárias ou definitivas?
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
A moral tem um forte caráter social, estando apoiada na tríade: cultura, história e natureza humana. É algo adquirido como herança e preservado pela comunidade. Este assunto eu estudei.
A ética aceita a existência da história da moral, tomando como ponto de partida a diversidade de morais no tempo, entendendo que cada sociedade tem sido caracterizada por um conjunto de regras, normas e valores, não se identificando com os princípios e normas de nenhuma moral em particular nem adotando atitudes indiferentes ou ecléticas diante delas. Precisamos SABER E PODER viver numa sociedade respeitando-se mutuamente. Não somos bichos. Isto me lembra o “Mito da Caverna”, Platão, mas fica este assunto para outra oportunidade.
A intransigência, a antipatia com a atitude agressiva da supervisora de enfermagem e sua conduta repressora deixou bem claro para mim que a repressão ainda existe no Brasil em instituições como hospitais onde deveria imperar o bom senso, o amor ao próximo. A falta de consciência ou consciência equivocada a meu respeito implicaram em um processo e relação social e profissional desta supervisora para comigo. E que hoje determina o meu estado de saúde.
Precisamos ter consciência de nossos papéis na sociedade. O pior foi à percepção que tive do ódio, da antipatia, da condição de não aceitar que eu pense que saiba que aprenda ou que acerte na lide humana. E não aceitar o fato de ceder, de renunciar, de estar privada de razão e dizer: siga adiante você está certa em sua atitude, em sua postura, em sua orientação ao paciente ou familiar. Não, eu não posso acertar. Eu sou para ela, inferior.
E esta intolerância para mim é uma atitude desprezível, mental e manifestada pela ausência de habilidade ou vontade de reconhecer e respeitar as diferenças, as crenças, as opiniões de outros.
Hoje tenho aos 55 anos com 39 anos de profissão minha imagem profissional atrelada à encrenqueira e má profissional.
Mas o que estou mesmo é doente em sua forma totalitária. Em todos os sentidos. Esta enfermeira me atingiu como se eu fosse NADA. Parabéns, senhora!
As últimas palavras dela naquele dia 26.09.2009 foram: “Fique com o QualiSus para você, fique com a sala, fique com tudo e vá para a porra”. O que estas palavras e esta postura dela como minha supervisora evidenciaram?
Fui nesse mesmo dia solicitada e autorizada a ir para casa às 17:40 horas quando o meu horário de trabalho deveria ir até as 19:00 horas de um plantão de 12 horas. O que isto significa? Fui convidada através de uma Comunicação Interna – CI a me retirar de uma instituição pública, de meu ambiente de trabalho pela coordenadora de enfermagem daquele dia com a desculpa que iria trabalhar sem supervisora e que não pode devido a minha função ser inferior. Mas como eu pude trabalhar das 7 horas da manhã às 09 horas da manhã desse dia sem supervisão de enfermagem por que a profissional em questão destinada a me supervisionar chegou atrasada e eu fui liberada para abrir a porta da Sala de Acolhimento deste hospital e começar as tarefas do dia? De manhã pude trabalhar sem supervisão e logo depois da confusão causada pela supervisora eu não pude mais. Por quê?
Fui convocada repentinamente e através de contato telefônico por celular para participar de uma sindicância administrativa que se realizou no dia 13.10.2009 pela manhã em um das salas da diretoria do hospital. Segundo informações que me passaram a comissão de sindicância tem trinta dias para apresentar o relatório e até hoje não recebi nenhuma ligação de nenhum gestor, dos recursos humanos do hospital informando o que se decidiu, se concluiu. Apenas silêncio. Os funcionários deste hospital e governo da Bahia principalmente dos “Recursos Humanos”, “Serviço Social”, “Psicólogos”, ninguém se manifestou para saber de minhas condições de saúde. Nada. Silêncio. Nenhuma manifestação.
Parece que não somos nada, mesmo.
E ela se anime esta supervisora, realmente estou doente. Doente. Doente. Doente. Tenho medo de sair de casa, de lidar com pessoas, de encontrar esta supervisora e minha pressão arterial chegar a níveis pressóricos indesejáveis como chegou naquele dia, medo de ser atacada na rua, medo, medo, medo…
“Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes. Como um constructo social, isto está aberto à interpretação. Por exemplo, alguém pode definir intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil, em relação às opiniões de outrem, mesmo que nenhuma ação seja tomada para suprimir tais opiniões divergentes ou calar aqueles que as têm. Tolerância, por contraste, pode significar "discordar pacificamente". A emoção é um fator primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa.
A intolerância pode estar baseada no preconceito, podendo levar à discriminação. Formas comuns de intolerância incluem ações discriminatórias de controle social, como racismo, sexismo, homofobia, homofascismo, heterossexismo, etaísmo (discriminação por idade), intolerância religiosa e intolerância política. Todavia, não se limita a estas formas: alguém pode ser intolerante a quaisquer idéias de qualquer pessoa.
Em sua forma cotidiana, a intolerância é uma atitude expressa através de argumentação raivosa, menosprezando as pessoas por causa de seus pontos-de-vista ou características físicas e/ou culturais, retratando algo negativamente devido aos próprios preconceitos etc. Num nível mais extremo, pode levar à violência; em sua forma mais severa, ao genocídio. Possivelmente, o exemplo mais infame na cultura ocidental seja o Holocausto. O colonialismo foi baseado em parte, na falta de tolerância para com culturas diferentes daquela da metrópole
Por vilmar eugenio de castro
Angela, é impressionante saber que durante debates, seja in loco ou pela rede, o problema dos profissionais da saúde estão generalizados, perseguições, humilhações e malefícios de toda a sorte, estão por todos os lugares, mas como todo brasileiro, o profissional da saúde, também vota, neste momento, ele tem o poder da justiça, portanto não devamos nos abater, e sim lutar para que nossa futura geração, não sinta em hipótese alguma, esta nova forma de coronelismo…abraços…