Bantoguês (ou Bantuguês)
(Para o Nei Lopes, cujas reflexões têm me ensinado a enxergar melhor o meu País)
Não zanga, não. Não faz muxoxo. Aqui o banzé não tem bagunça, é só quizomba. O batuque é puro bumbo da molecada, essa cambada gente bamba que não cochila nem com cafuné de cuca. Pode chegar de bengala, de carango. Pode chegar também de Bangu, Carangola ou Curuzu. Pode chegar até da Gamboa, banda onde o próprio samba saltou do bonde pra gingar fungando no cangote do Cubango. Pode chegar que aqui não tem chilique, faniquito. Aqui a farofa só empanzina sem dendê e sem cachaça. Aqui a manha é outra, é matutação. É gandaia sem mutreta, sem tocaia nem fuxico. Fofoca só pra engambelar trambiqueiro. Aqui a muamba é a seguinte: mandinga, quitute, angu e quindim de coco. Aqui neném não tem babá não, mas cabe o dengo simsinhô! Aqui só se sapeca do perrengue se saçaricando, pirão de quiabo com tutu. Aqui só se fala assim: cutucando o ganzá. E quando menos se espera, sem nenhum balangandã e nada mais, sem miçangas nem bunda de minhoca, pode-se ouvir, bem baixinho, o cochicho dessa língua carimbando o português.
* Publicado originalmente aqui.
Por Shirley Monteiro
Quase me senti na Lapa, em uma animada noite de Samba de Roda !!! Lembrei de um Projeto de Extensão muito cantante e dançante da Pós de Filosofia da Federal daqui (UFRN) que se chama " FILOSOFIA NO SAMBA". Este trabalho que é pleno de Alma, ginga e estética filosófica plena de brasilidades, é do Prof. Markus Fiqueira- Doutor em METAFÍSICA, que por sinal, é também carioca e tempera nosso Café Filosófico, nestas terras potiguares !!!
Pablo, mudando o assunto: Parabéns pelo teu Neném, o Pedro; que chegou cheio de Ginga e Força para os ritmos da Vida. Que bom está tudo bem, e voltas para cá.
Beijos,
Shirley Monteiro.