A presidenta Dilma lançou hoje (28/03/2011) em Belo Horizonte o programa "Rede Cegonha".
Este é um grande passo para todas as mulheres brasileiras na luta pela humanização no atendimento à gestante e ao bebê.
Basicamente o programa vai permitir que a mulher gestante tenha acesso a 6 consultas de pré-natal, transporte gratuito para ir a todas as consultas, vale-táxi para ir à maternidade ter o bebê, garantia de que todos os exames necessários serão realizados, visita à maternidade antes do nascimento do bebê para conhecimento do local, garantia de acompanhante durante o parto (já existe lei que garante isto, só que não é cumprida) e melhoramento da infra-estrutura das maternidades, inclusive com a criação de novas maternidades.
Foi deste último item que eu mais gostei. Não adianta fazer leis e mais leis para dar direitos às mulheres, se a infraestrutura hospitalar não contribui e até impede a humanização do parto.
Cada edifício representa o pensamento de uma época. As maternidades que temos hoje foram construídas sob o molde do pensamento patriarcal, de subjugação do corpo feminino.
Através de seus espaços pequenos e compartimentados, muitas vezes desprovidos de qualquer conforto, sem iluminação natural, sem a possibilidade de se perceber a passagem do tempo e, o pior, sem nenhuma privacidade, estes edifícios cristalizam um modelo de atendimento à parturiente que não condiz mais com os novos valores de nossa sociedade, valores estes que dizem respeito à valorização e empoderamento da mulher.
Para que haja uma real mudança de atitude, é preciso que haja também uma mudança radical na infraestrutura hospitalar. Uma rede de atendimento que permita à mulher ser tratada com dignidade e respeito. E o principal, a maternidade é lugar de vida, de celebração, de alegria, de família.
Durante o discurso a presidenta Dilma disse: "Gravidez não é doença, e como não é doença, maternidade é maternidade, hospital geral é hospital geral. Uma coisa tem que ser separada da outra. Pode-se até usar o mesmo prédio, mas com entradas distintas, salas separadas e tratamento absolutamente separado, porque gravidez é um momento de celebração da vida, é um momento muito especial."
Parabéns a todas a mulheres por mais esta conquista, e que todas nós possamos unir nossas forças para que tudo aconteça da melhor forma possível.
Se quisermos verdadeiramente mudar a humanidade, temos que mudar a forma como nascemos."
Michel Odent
obstetra francês
