OLHAR “CIRANDANTE” SOBRE O II ENCONTRO AMPLIADO NORDESTE II DA PNH
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O II ENCONTRO AMPLIADO NE II DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO – MARANHÃO – PIAUÍ – CEARÁ – RIO GRANDE DO NORTE – aconteceu hoje (29/04) na cidade de Fortaleza, no auditório do Conselho Regional de Fisioterpia e Terapia Ocupacional. O encontro, na fala dos coordenadores possibilitou a troca de experiências vivenciadas no processo de construção da PNH em cada estado e propiciou a construção de uma ampla reflexão sobre os processos em andamento. Foi destacada a presença dos representantes da humanização dos estados envolvidos com o coletivo Nordeste II, na qualidade de pessoas integradas com este movimento e protagonistas deste campo. A presença da coordenadora da PNH/MS, Maria do Carmo Carpintéro fui acolhida como de fundamental importância, em vista da possibilidade da efetivação de pactuações para o avanço da PNH nos estados envolvidos.
Adriana Melo, assessora técnica da Política de Humanização, da
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza destacou que o encontro cumpriu com o objetivo de aproximar e estreitar as relações político-institucionais entre coordenação nacional e coletivo nacional da PNH/MS com as coordenações e representações da humanização nas Secretarias Estaduais e Secretarias das Capitais.
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza destacou que o encontro cumpriu com o objetivo de aproximar e estreitar as relações político-institucionais entre coordenação nacional e coletivo nacional da PNH/MS com as coordenações e representações da humanização nas Secretarias Estaduais e Secretarias das Capitais.
Ana Paula Brilhante, em sua fala de boas vindas – representando a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará – ressaltou a importância do encontro para o fortalecimento da PNH e de sua interface com as demais políticas de saúde; Anatália Gomes, em sua fala de abertura e acolhimento encaminhou o olhar coletivo e de cuidado dos que vivenciam a PNH e motivou para a troca de olhares e o “abraço de coração pra coração”, na perspectiva da integralidade da política e da participação efetiva com afeto. Assim, Anatália Gomes saudou a coordenadora nacional da PNH, Carminha Carpinteiro e aos demais participantes.
Em seguida foi a vez das Cirandas da Vida – ação de e educação popular em saúde vinculada ao Sistema Municipal de Saúde, da SMS-Fortaleza – dar continuidade ao momento de acolhimento da abertura do encontro.
Edson Oliveira (músico e educador popular das Cirandas da Vida), em diálogo cantante e “tocante” soltou a voz e os acordes:
Já faz um tempo que não caio nos teus braços / E sem abraços não dá mais pra caminhar / Romper as grades, acabar com o sofrimento / Por um fim nos lamentos é reclame popular!
E tod@s acompanharam o refrão: QUERO SAÚDE HUMANIZADA / QUERO ATITUDE, QUERO PARAR DE IMPLORAR / QUERO RESPEITO SEM PRECONCEITO / É MEU DIREITO DE PEDIR PARA MUDAR / É SEU DIREITO DE PEDIR PARA MUDAR!
Elias J. Silva (poeta e educador popular, coordenador das Cirandas da Vida) poematizou e cantou:
Rostos vozes e lugares
Os olhares e cantares
Os jeitos e expressões
De cada ser de saúde
Usuários e profissionais
Formadores e gestores
Que tal mais acolhimento?
que tal mais amorização?
Mais adoecimento não!
As linguagens singulares
Os corpos em movimento
A energia a girar
Na ciranda
Dos pés
Das mãos
Das caras e bocas
Dos dentes em sorriso
Canção cantante a cantar!
Que olhares dos nossos territórios e que linguagens a gente pode acrescentar a este encontro!?
Cantando na fila (O texto musicado a seguir foi construído nos processos dos territórios, com base nas falas dos usuários, em Junho de 2005, na Oficina de Resgate de Luta e Resistência da Comunidade Serrinha, em Fortaleza – era o início da Gestão Fortaleza Bela e fim do processo de transição da gestão anterior). Trazer esta fala cantada para o encontro do Coletivo da Humanização significou gerar conexões no tempo histórico, com vistas aos avanços necessários e desafios da PNH (Cirandas da Vida).
Oh que fila sonolenta
Sandália nos pés
Muita dor e empurrão
Lá vou eu buscando saúde
Mas o posto não tem prontidão
A garganta já não agüenta
Estou rouco de tanto gritar
É que a dor do povo aumenta
E esta fila não sai do lugar
Nesta fila que é bem longa
O direito e a lei já não valem o que é
Cá estou mendigando assistência
E doutor se mandou, deu no pé
O atendente pergunta o motivo
Por que vim para me consultar
É que a dor do meu corpo aumenta
E esta fila que não sai do lugar
Uma fila e outra fila
Segue o povo nesta procissão
Na real e na virtual
A dor não passa e a senha na mão
O sistema não sabe o motivo
O sistema não tem coração
É que a dor do povo aumenta
Pela falta de humanização
Se no médico e na enfermeira
Também faltar esse coração
Se o gestor não fizer sua parte
Pra mudar essa situação
Esse povo vai continuar
A sentir essa dor e aflição
Não vai ter quem segure a revolta
Deste povo que tem coração
O texto a seguir estabeleceu diálogos com as perspectivas do encontro e foi produzido como síntese dos processos da Política Municipal de Humanização de Fortaleza:
Humanização
Acolhimento
Saúde do trabalhador da saúde
Cuidando do cuidador
Avaliação de risco
Vulnerabilidades…
Qual é o protocolo?
Tira o “proto” e deixa o colo
Colo dos olhares
Colo dos sentidos
Colo das vivências
Para superar os gemidos
Os ruídos e conflitos
Que impedem o agir participante em convergência
Humanização
Acolhimento
Saúde do trabalhador da saúde
Cuidando do cuidador
Fila de espera
Demanda reprimida…
Qual é o protocolo?
Qual é a senha de acesso?
Qual tal a senha dos olhares
Dos abraços
Do aconchego e do calor
Da integralidade de atitude
Da sustentabilidade do trabalho coletivo
Do “nós entrelaçados”?
A nova senha haverá de ser
Não se recolha! Se acolha!
Que fazer?
Seja o que for
Seja como for
Organizem-se!
Está aberta a temporada infinita do toque de acolher!
(Foi trabalhado no acolhimento apenas uma parte desse texto, por questão de bom censo relativo ao tempo, postado na íntegra para apreciação dos participantes que manifestaram interesse em acessar o mesmo).
Em seguida, os participantes foram convidados para outro espaço aberto, do auditório, onde as Cirandas da Vida concluiu sua intervenção com a vivência de apresentação coletiva “NÓS TE ACOLHEMOS, TE DAMOS ESPAÇO E SEGUIMOS EM FRENTE”, onde tod@s se apresentaram pelo nome e disseram com uma frase “a que vieram”. Momento rico e integrador que simbolicamente encaminhou para “ir ao encontro”: dos objetivos da PNH, das ações-reflexões e processos e, dos sujeitos implicados e os destinatários desta construção coletiva.
No mais, a presente síntese-postagem precisa da contribuição dos demais participantes para adquirir a substância dos diversos olhares.
Por Sheylla Maria
Companheiros,
Também gostei muito do encontro. Primeiro, por estar estreando no lugar de coordenadora da Região Nordeste II e sentir-me acolhida; segundo, pela possibilidade de estarmos juntos, pensar a nossa realidade, exercitar a nossa capacidade de análise e criação de saídas para os problemas apontados. Como disse na minha fala de abertura, o Coletivo Nordeste 2, aos poucos, vem construindo uma grupalidade e se corresponsabilizando pela condução da PNH na região. Acho que o coletivo foi claro quanto à necessidade de transversalizar a PNH, estarmos verdadeiramente abertos às demais politicas das secretarias de saúde e, com isso, exercitar, na prática, o que temos pensado como fundamental para efetivar as transformações que queremos. Outro ponto geral e importante diz respeito à participação dos usuários nessa construção. Como disse no encontro, sermos de fato determinados nesse ideário tão fácil de ser pronunciado, mas tão difícil de ser praticado. Precisamos chamar os usuários para estar conosco nesse processo. Não temos mais escapatórias, nem desculpas.
Adorei o poema recitado, que nos fala da necessidade de “mais colo e menos protocolo” e, em seguida, nossa compreensão que os dois são importantes. Colo no sentido de que o humano necessita de ser acolhido na sua dor, na sua essência, cultura, valores, na afirmação da existência e “protocolo” no sentido de sermos mais eficientes na organização dos processos de trabalho, nos pactos estabelecidos, nas avaliações, criação dos indicadores em cada serviço. Por fim, agradecer aos companheiros do MA, PI CE e RN pelo esforço realizado para estar no encontro, assim como pela boa conversa, reflexões/análises que muito têm nos ajudado a melhor compreender o que estamos fazendo e qual o sentido das nossas intervenções. À Carminha, coordenadora da PNH, quero dizer que sua participação, sua abertura para estar verdadeiramente no nosso CONTEXTO, me tocou de forma significativa, porque sabemos que “cada lugar é um lugar diferente”. Exercitar essa ideia exige de todos nós uma firme atitude dada a diversidade que os contextos nos impõem. Abraço a todos e todas, Sheylla.