Articulações entre Ergologia e Política Nacional de Humanização (PNH)
Ao definir trabalho como atividade humana e enfatizar a ‘dimensão gestionária’ do mesmo, buscamos referenciais ergológicos para aprofundar formulações da PNH sobre as relações entre trabalho e gestão. Yves Schwartz (2004), referencial maior da Ergologia , problematizando a “deriva trabalhar, gerir”, ao discutir o trabalho como 'uso dramático de si', recusa a tese de que há gestão apenas por especialistas habilitados como tais. Nesta perspectiva trabalhar é gerir.
Dentre os autores que contribuem para a discussão sobre a PNH e processo de trabalho, destaca-se Hennington (2007) ao ressaltar “a gestão dos processos de trabalho como parte vital da política de humanização em saúde”, o que marca a diferença do sentido atribuído pela PNH à humanização em saúde em relação à concepção “restrita e focada na relação trabalhador-usuário e no cumprimento de preceitos éticos” (Hennington, 2007). A autora nos mostra que, para além das questões macrossociais, políticas e econômicas, a PNH, ao formular como um dos seus princípios a inseparabilidade entre atenção e gestão do processo de trabalho, reconhece o trabalhador da saúde como protagonista e corresponsável pela gestão do trabalho. Conclui, então, que a ‘inclusão do trabalhador’, reconhecendo-se saberes e valores construídos na experiência, em articulação com os saberes protocolares, possibilita a articulação da PNH com o dispositivo a três pólos da Ergologia inspirado no conceito de Comunidade Científica Ampliada de Ivar Oddone (Schwartz, 2000). Este dispositivo procura favorecer articulações entre os três polos: o dos conceitos; o da experiência ou dos saberes gerados nas atividades; e o das exigências éticas e epistemológicas, que se refere ao projeto comum, ao diálogo que se realiza entre os diferentes atores − pesquisadores e trabalhadores.
Discutiremos estas questões sobre articulações entre Ergologia e PNH, em Encontro de lançamento da revista Trabalho, Educação e Saúde, edição especial sobre Ergologia, no Rio de Janeiro, na Fiocruz, em 18/11/2011, de 9h às 17h. Segue link deste número da Revista Trabalho, Educação e Saúde:
https://www.revista.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=NumeroAnterior&Num=42
Bibliografia
SCHWARTZ, Yves. Circulações, dramáticas, eficácias da atividade industriosa. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 33-55, 2004.
SCHWARTZ, Yves. A comunidade científica ampliada e o regime de produção de saberes. Trabalho & Educação, Belo Horizonte, n. 7, jul./dez. 2000, p. 38-46, 2000b.
HENNINGTON, Élida Azevedo. Contribuições da ergologia para refletir sobre a gestão dos processos de trabalho e a humanização em saúde. In: SIMPÓSIO SOBRE CONDIÇÕES DE SAÚDE E TRABALHO NO SETOR SAÚDE, 1., 2007, Belo Horizonte. Anais… Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da UFMG.
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Por daniel.gabarra
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