Implantação do Acolhimento Humanescente com Classificação de Risco na Unidade Básica de Saúde Mangabeira – Macaíba/RN
Introdução: Este projeto foi desenvolvido pelos acadêmicos de medicina da UFRN (Camila Pereira, Pâmera Medeiros, Romero França), durante o Estágio em Saúde Coletiva, na Unidade Básica de Saúde de Mangabeira, no município de Macaíba/RN. A concretização da universalidade, da integralidade e da equidade da atenção em saúde, no cotidiano das instituições de saúde, depara-se com inúmeros problemas que persistem sem solução, impondo a urgência, seja de aperfeiçoamento do sistema, seja de mudança de rumos. Assim, para enfrentar os desafios de tornar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) operativos na prática, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Humanização (PNH), na qual a humanização é entendida como um instrumento para a mudança nos modelos de atenção e gestão, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho. Uma das ferramentas mais importantes da PNH é o acolhimento que é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários, garantindo a continuidade da assistência e estabelecendo articulações com esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos. O dispositivo acolhimento com classificação de risco (ACCR), para a PNH, representa um importante disparador dos processos de mudança. Estas duas tecnologias complementares, o acolhimento com classificação de risco, tem por objetivo acolher todo usuário que procurar a instituição, fazendo uma escuta qualificada, responsável e resolutiva.
Metodologia: A implantação do Acolhimento Humanescente com Classificação de Risco (AHCCR) na UBS Mangabeira surgiu a partir das constantes discussões realizadas na unidade em relação à melhoria do ambiente de trabalho, processo de trabalho e assistência prestada aos usuários. Essa nova modalidade de assistência a demanda espontânea tem como foco as queixas apresentadas pelos usuários no momento da assistência, e não aquele que chegou primeiro para ser atendido. Para a implantação dessa ferramenta foi feita uma adaptação do protocolo de ACCR utilizado na rede de urgência da Prefeitura de Belo Horizonte à realidade da atenção primária de saúde e UBS Mangabeira. Dessa forma, as diversas queixas e as sintomatologias existentes foram sistematizadas e classificadas de acordo com o seu grau de risco e dividida em quatro cores: vermelha (emergência), amarela (urgência), verde (caso agudo) e azul (caso eletivo). Sendo assim a classificação recebida pelo usuário no ato do acolhimento determinará a urgência ou não de seu atendimento e o profissional que irá atendê-lo. Nos casos de classificação vermelha ou amarela seria o profissional médico, na classificação verde seria o enfermeiro ou médico, variando de acordo com a queixa e sintomatologia e o azul o paciente passaria por uma consulta de enfermagem ou seria agendado para outro dia. Para uma boa dinâmica e agilidade no ato do acolhimento por parte dos profissionais que irão executá-lo foi elaborado um livro contendo todas as informações referentes às queixas de relevância e suas respectivas classificações, além de dados relativos aos sinais vitais separados por faixa etária, escala de classificação da dor, escala de Glasgow e escala de classificação de queimaduras e dimensão do corpo queimadas. Esse livro com os protocolos fica no local de realização do acolhimento para consulta dos profissionais responsáveis. Além desse instrumento de consulta por parte dos profissionais, há um banner explicativo da classificação de risco de acordo com as cores e respectivas classificações de urgência e profissional responsável pelo atendimento. Com isso, a população terá fácil acesso a um instrumento de explicação rápida do funcionamento da UBS, podendo, assim, começar a se inserir nessa mudança do acolher e compreender a forma com o mesmo é feito e realizado. Após essa primeira etapa foi feito um treinamento/capacitação com toda a equipe da unidade, apresentando e explicando todo o protocolo. Logo em seguida, foi realizada a simulação de uma série de casos para que os presentes na capacitação pudessem treinar a aplicação do acolhimento. Essa etapa foi bem produtiva, pois foi o momento em que as dúvidas surgiram e puderam ser discutidas.
Conclusão: A implantação da classificação de risco no acolhimento da UBS Mangabeira poderá possibilitar a melhoria do serviço prestado na unidade tanto para os profissionais de saúde como para os usuários, uniformizando as condutas tomadas. Além disso, essa experiência pode se tornar pioneira no município de Macaíba pois já está de acordo com a mais recente Política Nacional de Atenção Básica (Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011) que coloca a realização do acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco como uma das características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica.
Por Katia Brandão Cavalcanti
Parabéns pelo trabalho humanescente!