As cores de minha fachada

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Penso por essas badaladas natalícias a cerca dos costumes, dos ritos, dos hábitos humanos que me causam reflexão e me adornam de argumentos de quem na essência somos.

No orvalho que nasceu, pus-me devotamente a caminhar rumo ao meu esquife, a minha labuta diária e por entre as ruas que percorri, observei um homem, humano, a manusear pincéis e com várias pinceladas deixou um muro ofuscamente belo…


Ao me afastar, sem pretensões, ouvi em alta voz alguns jovens proferindo sobre a compra de uns calçados, roupas, maquilagem e acessórios elétrônicos. Mais adiante, esbarrei numa situação onde uma mulher ao telefone perguntara sobre o custo da " Escova Definitiva" e quais tintas usaria em suas unhas. Então parei! Pensei! Inspirei-me! Resolvi então perguntar ao homem quanto custaria para pintar a frente da minha casa. Voltei e cumpri o intento.

Ao questionar o homem, ele nada respondeu, fui então ignorado naquele instante. Passei por outro local e vislumbrei um muro sendo ladrilhado, que bela fachada, que bela, a fachada. Então me senti provocado a também pintar a frente de minha casa. Fui a uma loja de tintas e pedi o Verde para dar um ar de esperança, o Azul para me aproximar do céu, o Vermelho para compor meu anseio de amorização e o Amarelo para refletir mais força e iluminação. Eu queria apagar uns riscos e rabiscos em minha fachada, em minhas paredes, adquiridos durante o ano todo. A sujidade era intensa.

Perfeito para mim! Não sou pintor, por isso busquei os serviços daquele homem, o do início, o Sr. Natal, de modo que perguntei-o: Quanto custa para pintar a fachada de minha casa? Dessa vez ele respondeu, mas fez uma pausa infinda. De repente bradou! Não há custo, porque não há como fazer esse serviço, pois ele só pode ser feito por você. Parei! Respirei! Inspirei-me! Como? Sim, por você, não há como apagar os riscos e rabiscos, você vai tão somente disfarçar, criar camadas, cascas, mas a sujidade de suas paredes permanecerão, você estará limpando apenas a fachada, superficialmente! Calei-me nesse momento! Inspirei-me! O homem continuou: _ Comece a limpar de dentro para fora e perceberá as mudanças, se quer transformar o que era, em algo verdadeiramente novo, deve começar pelo interior e tão somente verá a diferença. Então me dei conta que aquelas situações me ensinaram sobre muitos valores.

Vi que não começarei uma nova etapa ornamentando as fachadas de minha vida, mas sobretudo necessito arrumar, limpar e pintar as paredes internas, as principais, desse modo estarei firme para reajustar os riscos e rabiscos não permitindo danos irrelevantes nos muros.

Agradeci ao Sr. Natal pela rica sabedoria! Sai caminhando e comecei lentamente a obra infinda: limpar a casa.
Cabisbaixo chorei e me alegrei !

Por Djairo Alves( 24/12/2011).