Fora de área? Fora da Lei? Acolher sem julgar! Resolver sem limitar!

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Uma imagem vale mais que muitas palavras, certo? Errado, pois imaginemos quando a imagem está na métrica das palavras como se estivessemos piamente num sistema mecanicista, onde uma  produção seguirá inevitavelmente uma rotina, comum, estática, e repleta de modelos repetitivos. Então, e por esse motivo, muitas  palavras causam estrondo, como um Poseidon, tal qual um devastador Tsunami.

"Cuide bem das palavras, fale bem delas, trate-as adequadamente, pois elas choram, se entristecem, causam amor e ódio".
 

Ora, não obstante vi e ouvi em certo ambiente de Saúde Coletiva, um fato, nada inusitado, diga-se de passagem.

Vendo porém outras vezes tal "FATALIDADE", me contorci, meus batimentos cardíacos foram tensionados, um rubor foi evidente, uma  lástima era visível. Vi e ouvi mais uma vez o seguinte contra argumento: _ A senhora é "FORA DE ÁREA"! Algo neste instante me tomou, sentimentos opressores, pois essa refutação,  teve uma tenaz de aspereza, de antiacolhimento, desconexo, insensível, víl. Aquela cena deixou-me fissuras, quisera ser a voz que calou aquela cliente, a "Fora de ÁREA".

Medito no entanto sobre esse termo impactante e vejo nele, a dureza de um escárnio ou melhor dizendo, uma agressão de um chicote na virginal cútis.

Tende piedade de nós!

Não vi naquele ser humano, qualquer ordem judicial que o impedisse de estar e ser. Outrora não era, aquela mulher, uma assassina, guerrilheira ou algo que suscitasse vilania. Caso fosse, deveriamos rejeitá-la?  Nenhum desses predicados era pessoal a criatura que calára sem nada mais responder, indo de encontro a porta e desaparecendo por entre os paralelepípedos.

Uma lágrima declinou-sobre a face que se contorcia, beijando uma outra salinizada, onde ambas se acolheram, se igualaram, se abraçaram, e foram embora frente ao calor dos raios do sol.

Bradei contra os deuses do Olimpo noutro dia, no púlpito da assembléia que se forma as sextas-feiras vesperais. Ruminei adjetivos, questionei as indelicadezas, os jeitos de ser, de falar, de tocar, de acolher, amar, viver!

Os deuses disseram que iriam me ouvir, que sem demora julgariam melhor minha petição: Acolham sem diferenças, distancias, rasgos, fissuras, abismos,  aos  que estão fora ou dentro, porque isso não importa, no final o Pajem e o Rei vão para mesma gaveta, estarão no mesmo espaço, dentro da mesma "área".

"Não sou um cowboy", nem tampouco é, aquela mulher , não estamos fora da lei, nenhum de nós está, pois diz , essa lei:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que vissem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

Assim, é precisso rever tais relações, regras pontuais dentro dos serviços de saúde, no SUS,  onde há uma  fenda visível, eu diria que muitos de nós, cá estamos, similares aos "Zigurates".

Deixemos os termos degenerativos, que venhamos a ter um trato polido nas frases e orações construídas e despejadas por nossas bocarras. Aquela Senhora que não mais vi, se foi, quem sabe buscou outra área, lá fora, noutro lugar e entrou, pois estava dentro da lei, não era uma Fora da Lei.

Reflitamos a cerca de nossas práticas interpessoais…

 

Djairo Alves.

POR UM AMBIENTE MAIS ACOLHEDOR!