Enfrentamento do Câncer como ponto de mutação para o Desenvolvimento humano
Independente da idade, nossa geração por força da cultura herdada de nossos antepassados, sempre relacionou o câncer, como uma doença grave, sem cura, caracterizada principalmente pela dor e a inevitável morte.
Apesar da gravidade da doença e das diferentes alterações clínicas, psicológicas, emocionais, sociais e espirituais observados ou não em diferentes tipos da doença, a única certeza que a doença traz, é a de que, o então paciente oncológico, deva se preparar para as muitas mudanças de vida que terá que se adaptar.
Um dos pressupostos da PNL (Programação Neurolinguística), diz respeito ao padrão de comportamento que o ser humano traz nas suas lembranças e pensamentos, capaz de neutralizar experiências negativas e contribuir reconstruir uma identidade encorajadora frente o desafio de lhe dar com a doença e sua relação com seus possíveis aspectos negativos.
Na minha prática profissional no campo da oncologia, aprendi que qualquer pessoa que tenha contato de perto com o câncer, quer seja paciente, cuidador, familiar ou profissional de saúde, tem sua vida mudada, e quase sempre para melhor. Aprendi que a doença nos faz tornarmos novas pessoas, ver a vida por um prisma diferente.
Ao receber o diagnóstico da doença, o então paciente e seus familiares, sentindo que o mundo literalmente estava a desabar, começam logo a questionar sobre seus conceitos de vida, e principalmente que sentido teria a vida de todos á partir da notícia da doença.
Esse questionamento é de certa forma benéfica, construtiva e necessária na vida de todos. Isso porque leva a pessoa a rever seus valores, se esforçarem para se tornar pessoas melhores, quebrar velhos paradigmas e principalmente, sendo assim poderosas ferramentas de desenvolvimento humano.
Quanto a nós profissionais de saúde, apesar de sermos vistos por muitos como frios, insensíveis ou sem coração, e por muitos como super homens ou mulheres que por exercerem o cuidar e o cuidar humanizado aos que independente da situação que se encontram, caminhamos com o paciente, cuidadores e familiares, por todas as fases da doença, inclusive a própria morte, também sofremos ao confrontarmos com a angústia da incerteza da morte e até mesmo a própria morte em si.
Creio que o meu sentimento frente a perda de um paciente oncológico, seja o mesmo de todo profissional comprometido com o cuidar o humanizado, que é o de se mergulhar numa possível reflexão á cerca do nosso verdadeiro papel em todo o processo da doença, em especial da nossa própria existência e de nossas perspectivas enquanto pessoa, em especial quando, como e onde será o fim de nossas existência humana.
Viver esse paradoxo existencial, nos proporciona a oportunidade impar de resgatar a grandeza da arte de viver para cuidar e cuidar para viver.Nos modelamos muitas das vezes com alguns de nossos marcantes e envolvente pacientes, outras ajudamos muitas pessoas ainda que inconscientes, vivenciarem em nossa prática cotidiana a modelagem necessária ao desenvolvimento humano frente a doença e o adoecer, permitindo assim ás pessoas descobrirem em si suas potencialidades e utilizá-las na luta pela vida e vida de qualidade.