Trilhando Saúde: Caminhos da Humanescência

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Trilhando Saúde: Caminhos da Humanescência

 

Apresentação

 

O projeto foi desenvolvido no dia 24 de agosto de 2012, pelos doutorandos Leonardo José Camilo do Nascimento, Pedro Henrique Cavalcante Vale e Victor Emanuel Dantas Gomes, do nono período do Curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, durante o Estágio Supervisionado em Saúde Coletiva, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Campinas, em Macaíba – Rio Grande do Norte (RN), sob a tutoria da Enfermeira Ana Tânia Lopes Sampaio e sob a preceptoria da médica Dra. Rochelle Siqueira Melo e do Enfermeiro Marlos Victor Fônseca de Lima.

 

Introdução

 

A UBS da comunidade rural das Campinas, localizada em Macaíba/RN, tem uma população adstrita de 4200 habitantes e adscrita de 3500 habitante, com 4 microáreas.  Existe uma Equipe de Saúde da Família composta por 1 Enfermeiro, 1 médico, 1 auxiliar de Enfermagem e 4 Agentes Comunitários de Saúde. Existe ainda 1 Equipe de Saúde Bucal. Dentre os agravos mais comuns se destacam a Hipertenção e Diabetes.

Hipertensão Arterial (HA) é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva.

A HA é a mais freqüente das doenças cardiovasculares e estas, a principal causa de morbimortalidade na população brasileira. É também o principal fator de risco para as complicações mais comuns como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal.

No Brasil são cerca de 17 milhões de portadores de HA, 35% da população de 40 anos e mais. E esse número é crescente; seu aparecimento está cada vez mais precoce e estima-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam portadoras. A carga de doenças representada pela morbimortalidade devida à doença é muito alta e por tudo isso a Hipertensão Arterial é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo.

O diabetes mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.

O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, com perda importante na qualidade de vida. É uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde no ano passado, junto com o câncer, a doença ultrapassou o índice de doenças respiratórias e cardiovasculares. De acordo com o Ministério, a causa está nas mudanças de hábitos das pessoas. O estresse, sedentarismo e maior consumo de açúcar e gordura em alimentos industrializados elevou o número de pessoas com a doença. Para Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, o aumento de óbitos pode estar relacionado ao fato de a doença não causar dor, o que retarda o diagnóstico e faz com que os pacientes resistam em seguir as exigências médicas.

Modificações de estilo de vida são de fundamental importância no processo terapêutico e na prevenção destas doenças. Alimentação inadequada, sobrepeso e obesidade e sedentarismo são fatores de risco que devem ser adequadamente abordados e controlados, sem o que, mesmo doses progressivas de medicamentos não resultarão alcançar os níveis recomendados de pressão arterial.

Apesar dessas evidencias, hoje, incontestáveis, esses fatores relacionados a hábitos e estilos de vida continuam a crescer na sociedade levando a um aumento contínuo da incidência e prevalência da HAS e do DM, assim como do seu controle inadequado. A despeito da importância da abordagem individual, cada vez mais se comprova a necessidade da abordagem coletiva para se obter resultados mais consistentes e duradouros dos fatores que levam a hipertensão arterial. Uma reforça a outra e são complementares.

Evidências suficientes demonstram que estratégias que visem modificações de estilo de vida são mais eficazes quando aplicadas a um número maior de pessoas geneticamente predispostas e a uma comunidade. A exposição coletiva ao risco e como conseqüência da estratégia, a redução dessa exposição, tem um efeito multiplicador quando alcançada por medidas populacionais de maior amplitude.

Levando-se em conta todos esses fatores intimamente relacionados, é de fundamental importância a implementação de modelos de atenção à saúde que incorporem estratégias diversas-individuais e coletivas a fim de melhorar a qualidade da atenção e alcançar o controle adequado dos níveis pressóricos.

Este desafio é, sobretudo, da Atenção Básica, notadamente da Saúde da Família, espaço prioritário e privilegiado de atenção á saúde que atua com equipe multiprofissional e cujo processo de trabalho pressupõe vinculo com a comunidade e a clientela adscrita, levando em conta diversidade racial, cultural, religiosa e os fatores sociais envolvidos.

Por se tratarem de agravos que geram a principal demanda dos serviços de saúde, a atenção ao Diabetes e Hipertensão está como área prioritária da política de Atenção Básica.

Dentre as ações desenvolvidas neste sentido, encontra-se o SIS-HIPERDIA, que é um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à hipertensão arterial e ao Diabetes Mellitus, em todas as unidades ambulatoriais do Sistema Único de Saúde, gerando informações para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e Ministério da Saúde. Além do cadastro, o sistema permite o acompanhamento, a garantia do recebimento dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo em que, em médio prazo, poderá ser definido o perfil epidemiológico desta população, e o consequente desencadeamento de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a redução do custo social.

 

Objetivo geral

 

 

        Vivenciar, junto com os usuários cadastrados no HiperDia da UBS das Campinas, uma Trilha Humanescente, de forma a enfatizar a importância de hábitos de vida corretos e a importância da colaboração dos próprios pacientes para a profilaxia e tratamento do diabetes e da hipertensão.

 

 

Objetivos específicos

 

1)   Educação do paciente com DM;

2)   Educação do paciente com HA;

3) Capacitação dos profissionais de saúde da UBS Campinas para o tratamento não-medicamento da HA e do DM (mudanças do estilo de vida).

 

Metodologia

 

              Este trabalho se desenvolveu no dia 24/08/12 a partir de uma Experiencialidade Vivencial no âmbito da Promoção da Saúde, realizada pelos doutorandos Leonardo José Camilo do Nascimento, Pedro Henrique Cavalcante Vale, Victor Emanuel Dantas Gomes e a equipe da UBS – Campinas em Macaíba, RN, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura de Macaíba.

         A intervenção foi dividida em onze momentos humanescentes distintos:

 

1) Divulgação na UBS Campinas e na comunidade (15 à 23/08/12);

2) Encontro na UBS Campinas, às 7:15 horas, com Roda de Oração;

3) Saída para o Parque das Dunas, às 7:30 horas;

4) Translado de ida para o Parque das Dunas, com explanação das atividades que foram desenvolvidas no Parque das Dunas;

5) Chegada ao Parque das Dunas às 8:00 horas;

6) Roda de alongamento e conversa com preparadora física sobre a importância e os benefícios da atividade física no paciente hipertenso e diabético;

 

7) Caminhada Humanescente pelo Parque das Dunas;

8) Confraternização Humanescente – Café da manhã;

9) Roda de conversa sobre DM e HA no auditório do Parque das Dunas;

10) Confraternização Humanescente – Sessão de fotos;

11) Retorno à Macaíba, às 12:00 horas.

 

Resultados e discussão

 

            Participaram do projeto trinta usuários, oito membros da equipe da unidade básica e os três doutorandos idealizadores do “Trilhando Saúde”, totalizando quarenta e um participantes. A intervenção trouxe um grande volume de informações e com isso, uma compreensão mais ampla por parte dos usuários em relação ao agravo com o qual eles convivem diariamente.

                Foi possível perceber já no início do processo itinerante, a troca de informações entre pacientes e os membros da equipe e a troca de experiências entre os próprios pacientes. A cada momento da atividade vivencial era possível perceber a satisfação dos participantes por estarem fazendo parte daquele projeto. Ao final da atividade ouvimos frases como: “Eu não sabia o quanto era séria a minha doença”, além disso, vários dos pacientes enfatizaram que agora eles entendiam o porquê de tanta mudança em seus hábitos de vida. Todos demonstraram estar extremamente satisfeitos com o projeto. Nesse momento tivemos a certeza da positividade do projeto.

        O projeto “Trilhando Saúde” também teve impacto nos doutorandos e futuros médicos idealizadores do projeto. Com essa atividade foi possível perceber o nível de informação dos pacientes em relação as suas doenças e entender o porquê da baixa adesão ao tratamento não medicamentoso de algumas patologias. Além disso, essa atividade mostrou que o SUS, no nível da Atenção Básica, não trabalha apenas com atividades ambulatoriais, mas também é capaz de realizar vivencias de integração das equipes com as comunidades nas quais atua, trazendo benefícios para ambos os lados.     

Conclusão

 

Através desse projeto, foi possível conscientizar a população da área de atuação da UBS das Campinas, em Macaíba, RN. Essa atividade além de melhorar a compreensão da comunidade em relação a dois dos grandes problemas de saúde da atualidade, a hipertensão e a diabetes, proporcionou um momento de convivência e troca de experiências entre a comunidade e a equipe da UBS, possibilitando, assim, o fortalecimento do vínculo entre estes atores sociais.