RMPS : Articulação possível ?!
Esta atividade, proposta pelo professor Douglas Casarotto na disciplina de Psicologia da Saúde do 7º semestre do curso de Psicologia, tem como objetivo problematizar um texto contido nos Anais do I Seminário da Política Nacional de Promoção à Saúde (2006, com publicação em 2009) e, consecutivamente, produzir uma postagem correlacionando o tema Promoção à Saúde. O texto que escolhi foi: “A Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis Facilitando a Articulação entre Universidade, Gestão Pública e Sociedade” – autoria de Ana Maria G. Sperandio e Carlos R. S. Correa. O referido texto nos mostra um projeto que está sendo desenvolvido na Universidade de Campinas (Unicamp): Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis (RMPS), tendo como principal objetivo aproximar a universidade e os municípios, identificando os denominadores comuns entre as instituições de ensino, governo local e representantes da sociedade civil – a comunidade como um todo.
“numa sociedade cujas qualidade e quantidade de vida possuem configurações cada vez mais complexas, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as atividades de extensão se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais, passando a ser parte integrante das atividades de investigação e ensino. Em outras palavras, o exercício da universidade do fazer junto com a representação da sociedade civil pode começar via extensão, mas tem de passar a ter também uma outra conotação e significado”.
(Sperandio e Correa apud Boaventura)
Deste modo, o fundamental é construir um projeto junto com as pessoas que vivem nos diferentes espaços e territórios, buscando “partilha sensível” – compartilhar as necessidades e vitórias, trabalhando em simetria todos os participantes. Ou seja, antes de tudo, é preciso se apropriar do ambiente em questão e respeitar a trajetória e história de cada parte integrante do projeto, para então, haver a construção de uma cidade potencialmente saudável. Assim, percebe-se o quanto a universidade torna-se um lugar fértil para refletir e problematizar às realidades e experiências dos locais onde as pessoas vivem e como produzir saúde e colaborar para uma vida melhor para as mesmas. A partir disto, penso que o significado adequado para o projeto na rede seria o conhecimento do lugar de inserção e identifica-lo como um lugar que transforma e é transformado pelo indivíduo – um local com sua realidade, com suas peculiaridades, valores, ideais, atravessamentos etc; e, a promoção da saúde, como aquela qualidade de vida resultante de complexo processo condicionado por diversos fatores, tais como, alimentação, justiça social, ecossistema, renda e educação (Czeresnia, 2003).
A RMPS preconiza que a Promoção da Saúde deve ser entendida no sentido mais amplo, como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma politica transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor sanitário, do governo da sociedade…compondo redes de compromisso e co-responsabilidade quanto à qualidade de vida da população. Por tal motivo, o projeto produz conhecimento para dentro e fora da universidade a partir de desejos coletivos e ações integradas, senda assim, a universidade pode colaborar também na produção de saúde e felicidade da população.
Por que não partilhar desta ideia no município de Santa Maria-RS ? Aqui, deixo algo à se pensar e instigar a vontade de cada acadêmico que tem o ideal de promover à saúde onde se encontra – entendamos aqui promover a saúde aquilo que nos dá impulso a aumentar nossa saúde e bem-estar em todos os dispositivos que percorrem nossas vidas para nos constituirmos como um ser humano biopsicossocialinstitucional….uma situação de saúde define-se pela consideração das opções dos atores sociais envolvidos no processo, sobretudo buscar a saúde é questão de sobrevivência e qualificação da existência (dimensão social, existencial e ética)!
Referências Bibliográficas :
Czeresnia, D, Freitas CM (org.). Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de Janeiro: Flocruz, 2003.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Anais do I Seminário sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde. 4 a 6 de dez/2006. Brasília, DF, 2009.
Por paulabiazus
Entendendo que a diferença entre possível e impossível depende do como encaramos os desafios entre um e outro, acredito que muito mais que possível, a articulação entre academia e comunidade é necessária, Natielle; afinal, não passamos (no nosso caso, na Psicologia) cinco anos estudando para reproduzir velhos modelos – estaríamos nos opondo aos princípios de construção de uma instituição de ensino (utopia?).
Quero pegar uma parte do teu texto para discutir:
"… Em outras palavras, o exercício da universidade do fazer junto com a representação da sociedade civil pode começar via extensão, mas tem de passar a ter também uma outra conotação e significado”.
Estando em clínica e atendendo à comunidade que nos chega por esse espaço, acredito que já estejamos fazendo, desde o momento da acolhida até a discussão de casos com supervisores, na pesquisa para maior entendimento do mesmo, dentre outras atitudes.
Atitude!, que para mim são pequenos movimentos, mas que fazem uma diferença enorme, assim como estar disposto a pensar essa articulação: aos poucos, fortalecendo a base para quando da atuação, podermos estar (ainda) mais preparados para encarar esse mundo de possibilidades.
Ótimo texto!