Promoção de saúde e participação social
Promoção de saúde e participação social
Contido nos Anais do I seminário sobre a política nacional de promoção de saúde, sob autoria de Valdemar Pinho, este tema foi meu escolhido para pensar questões de saúde e promoção de saúde.
Sabemos sobre os múltiplos fatores que interagem no processo saúde-doença e, portanto, segundo Gastão (2006), sua natureza de co-produção. Por que não, também, uma co-produção do processo de promoção de saúde?
A promoção de saúde, enquanto preocupação com a produção de saúde, bem-estar e qualidade de vida (Czeresnia, 2012), pode ser pensada como uma co-responsabilidade entre os indivíduos e os sujeitos coletivos. Neste ponto, lembro-me da perspectiva Paidéia e da formação de indivíduos reflexivos e conscientes quanto à construção social de sentidos.
Há vários mecanismos de participação social no processo de promoção de saúde, como a participação em Conselhos de saúde e na gestão participativa, em projetos, oficinas ou mesmo na forma de pensar e disseminar essa perspectiva.
Valdemar Pinho, no entanto, nos traz a reflexão de como a noção de prevenção ainda esta arraigada nas pessoas. Ou seja, ainda é maior a preocupação em prevenir doenças (em alguns contextos, como de Botucatu), do que produzir vida e saúde. Não que a prevenção não tenha seu valor, mas, como diz o próprio Pinho “as maiores demandas solicitadas pela população ainda estão no campo da assistência e, em contraponto, a Promoção em Saúde é secundária…”. Para Pinho, timidamente os municípios começam a elaborar seus planos visando à Promoção em Saúde. É uma importante iniciativa, todavia ainda é incipiente.
Pinho ainda ressalta que o modelo é ainda “medicalocêntrico” e há grande resistência à mudança do modelo assistencial, sendo os outros tipos e formas de atenção à saúde entendidos como secundários.
Como haver então participação social no processo de promoção de saúde, se a grande parte da população ainda tem a visão limitada à prevenção?
Penso que esse é um ideal a longo prazo, mas que essa perspectiva aos poucos vem se construindo. Acredito que as políticas públicas e o SUS estejam trabalhando para isso, através de várias ações, como a humanização dos serviços, por exemplo. Gestores e profissionais estão se voltando para o atendimento voltado à produção de saúde. A educação também pode ter papel fundamental através da disseminação da visão de valorização da saúde (em sua grande amplitude de sentidos) e da vida, muito mais que a ênfase em fatores biológicos e patológicos. Enfim, é uma perspectiva que também precisa de toda uma movimentação social para ganhar aderência.
Referências:
CZERESNIA, D. O conceito de Saúde e a Diferença entre Prevenção e Promoção. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
PINHO, V. Anais do I Seminário da Política Nacional de Promoção á Saúde. Brasília – DF, 2009.
GASTÃO, W de S.C. Clínica e saúde coletiva compartilhada: teoria Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde. 2006.
Por paulabiazus
Oi Lori!
Seja bem-vinda novamente ao RHS, e encontro-me pasma com tua postagem – pelo conteúdo. É incrível como esses encontros com a teoria Paideia tem surtido efeitos diversos e intensamente críticos em todos nós em Psicologia da Saúde.
Grandes encontros! e mais: grandes possibilidades surgindo!
É fato sim que vivemos numa época "medicalocêntrica" como diria o autor que resolveste propor discussão e se temos exemplos que forjam novas linhas de fuga, novas saídas para os potenciais humanos surgirem, nada mais justo propormos sua expansão, para que seu longo prazo torne-se cada vez mais próximo.
Bela escolha!