Qualidade de vida é para todos.
A promoção a saúde tem como objetivo a melhoria de qualidade de vida da população, potencializando a autonomia de indivíduos na construção de modos de vida saudáveis. No artigo que escolhi, “A relação público-privado para a Promoção da Saúde” de Lêda Lúcia Couto de Vasconcellos, vejo que promoção e prevenção caminham lado a lado no processo saúde doença. Prevenção focando na doença, e a promoção trabalhando na busca de condições favoráveis para a qualidade de vida e para a saúde do individuo.
Mas, com tudo, esta dupla é uma tática social, política e também cultural, que, segundo a Conferencia Internacional sobre Promoção da Saúde de 1986 deve ter como recurso fundamental: paz, educação, renda, alimentação, habitação, justiça social, ecossistema estável e equidade, ou seja, não é responsabilidade somente do setor da saúde.
Todos estes setores deveriam trabalhar juntos para o sucesso das atividades que visam a qualidade de vida do individuo, mas vemos que é bem mais difícil, do que deveria, que isto ocorra, pois na realidade os recursos não são bem distribuídos o que gera uma cadeia de situações que influenciam para a má qualidade de vida do sujeito, e não falando somente pelas instâncias externas que influenciam o individuo, o adoecimento interno também se faz presente; e sem falar nas dificuldades que se encontram para levar “aos finalmentes” projetos de promoção e prevenção.
A maior dificuldade encontrada segundo Lêda Lúcia Campos de Vasconcelos é que ainda a promoção da saúde se organiza pelos conceitos de doença, e não pelos fatores que irão determinar a mesma. Há gestões a serem melhoradas, é necessária a consciência política e sanitária para começar a implantar novas formas de promoção e prevenção visando o individuo na sua forma completa.
O processo saúde-doença é um processo que engloba o individuo e seu ambiente, e não se deve culpar somente o individuo por sua doença, pois, como vemos na teoria da Paidéia, há evidências que indicam a existência de uma co-produção de acontecimentos e uma co-constituição de sujeitos e de suas organizações. O individuo interage com o ambiente e outros sujeitos buscando a compreensão da vida e de si mesmo gerando uma co-responsabilidade sujeito/sujeito coletivo para o processo de saúde-doença.
Dina Czeresnia, em sua publicação “O Conceito de Saúde e a diferença entre prevenção e promoção”, descreve basicamente o que foi dito acima:
“Ao se considerar saúde em seu significado pleno, está-se lidando com algo tão amplo como a própria noção de vida. Promover a vida em suas múltiplas dimensões envolve, por um lado, ações do âmbito global de um Estado e, por outro, a singularidade e autonomia dos sujeitos, o que não pode ser atribuído a responsabilidade de uma área de conhecimento e práticas”. (CZERESNIA, 1999)
Visando estes conceitos e a dificuldades encontradas, não nos resta mais que continuar a trabalhar na promoção e prevenção da saúde, para ativar ao máximo a potencia do individuo, seu crescimento, sua visão de futuro sua saúde física e mental, já que apesar de ser agentes da saúde (ou pelo menos querer vir a ser um dia), também somos indivíduos com toda nossa subjetividade, e qualidade de vida, é para todos!.
Referências Bibliográficas:
MATTOS, R. A. Desafios das Políticas de Promoção da Saúde Locais. IN: I Seminário sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde. Anais. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
CAMPOS G. W. S. Clínica e Saúde Coletiva compartilhadas: teoria Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde. In: Minayo C,et al., organizadores. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; 2006.
CZERESNIA, Dina. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, Out. 1999 . Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1999000400004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24 Ago 2012.
Por Carlos C P Santos
Olá Valentina, essa vontade de juntar essa dupla público/privado é anseio de muitos. Mas enquanto um plano de saúde for encarado como investimento lucrativo, daí não vejo muita saída. Talvez a busca da prevenção pela ala pública pode trazer um alento, menos doença.
Mesmo assim é uma missão dolorida, mas vale a pena, se não falarmos não teremos como mudar esse paradigma de que isso nunca vai dar certo.
Abraços
Carlos