Apesar do “aquário” a discussão foi inflamada no sábado a tarde. Me chamou a atenção como nos pareceu em muitos momentos que estávamos falando sobre algo que ainda não conhecíamos. Talvez por isso “cabia” qualquer coisa, inclusive nossos pesadelos. Em contrapartida o assunto pareceu tão simples e claro para os nossos anfitriões do dia, a equipe técnica criadora da rede (quando finalmente conseguiu se fazer ouvir).
Não será algo parecido que acontece com as equipes e instituições quando chegamos e oferecemos propostas que eles podem imaginar (e se amedrontar) mas de fato não conhecem? Gustavo
4 Comentários
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Dario,
foi o nosso caminho. Para o “bom” e para o “mau” somos- estamos assim. Mas para mim ficou muito mais simples depois que pude ouvir que não havia (como quase sempre) nenhuma necessidade de tomar decisões definitivas. Antes ao contrário, porque não é assim que a rede funciona. Além disto, me parece que uma rede pode fazer muitas coisas, inclusive ser parte ou potencializar uma política pública, mas não A Política Pública seja ela qual for. Talvez esta confusão que vivemos deva-se a um desconhecimento do dispositivo, talvez não.
Por outro lado, muitas discussões que permearam a manhã de sábado foram pouco discutidas (tempo dos consultores, tipo de linguagem de uma rede, tipos de utilidades de uma rede etc).
Gustavo Tenório Cunha
Quando formulamos que a PNH se encontra, ou busca se encontrar no limite, entre a máquina de estado e a política pública, corremos o risco de acreditar que o público pré-exista a produção, e com isso entificar o público. Devemos fazer uma nova formulação, de que a PNH busca se situar no limiar da máquina de estado, ali onde o público é produzido. É nesse sentido que devemos tecer uma rede limiar, tendo como direção “o que queremos produzir?” e com isso devemos nos perguntar “como iremos garantir uma inclusão que produza um público, que produza um comum?”.
Por patrinutri
Uma rede de possibilidades… …versus um aquário de tensões.
(Me sinto um pouco atrevida por entrar numa discussão que remete a questões profunda na PNH, mas por outro lado este coletivo me instiga a fazê-la.)
O que é um aquário se não um contentor de água, de forças, de idéias?
Um dispositivo utilizado para prender, delimitar, para causar tensão colocado num coletivo que não se furta ao debate, que se constitui por seres (peixes debatendo-se em uma rede) que buscam incessantemente por liberdade e democracia.
Diante disso, se coloca o confronto de posições ou nuances de um olhar sobre o mesmo objeto ainda minimamente conhecido, mas que trouxe um mundo de expectativas sobre uma mar de demandas.
Como assinala Gustavo, se a proposta inicialmente nos assusta, o aquário possibilitou que muito se fizessem ouvir. E se por volúpia alguns não se furtaram em bradar suas verdades com tanta veemência entendo ser parte do “medo” de que um erro na intenção do acerto acabe por sufocar os peixes que se colocam nesta rede.
Não podemos nos debater contra as própria rede que se constrói, mas buscar uma forma para que os “nós” não sejam amarras que limitem nossa ação, mas sejam pontos de conexão entre todos que a compõe.
Como disse Liane no aquário: esta rede virtual não é a nossa rede de fazer da PNH , mas uma parte dela. Ferramenta potente é bem verdade, talvez por isso esteja tão em foco, mas ainda assim parte de um todo que estamos construindo há muito tempo.
Sobre a discussão levantada por Tadeu que também se colocou no aquário como a rede limiar e o tensionamento entre a fronteira entre público e político me pergunto: existe mesmo esta linha? Acredito que a fronteira seja mesmo o instituído e o instituinte, o que em certo momento se sedimenta e o que está sempre em movimento.
Acho que nosso desafio é : como manter em movimento o que se sedimenta a partir de nosso fazer dentro das práticas disparadas tendo como princípios e diretrizes a PNH ?
Grande abraço,
Patrícia Campos Silva
Blumenau SC
Por Dario Frederico Pasche
O aquário foi um dispoisitvo para justamente permitir a emergência da diferença e não banaliza-la. Havia Gustavo duas propostas em tela as quais necessitavam ser explicitadas, analisadas e a partir daí devíamos tomar posições. Mas estas prosições não eram prévias, senão foram se engendrando da própria experimentação da construção da rede no coletivo (olha o que fizemos: construimos uma rede no coletivo, é mole?). Assim, o simples e o claro eram na verdade opacidade. Mais que isto, havia a necessidade de se produzir ali mesmo, em ato, a missão e a natureza da rede, ao qual chegamos ao consenso possível remetendo a discussão sobre quais problemas com esta iniciativa imaginávamos enfrentar.
De outra parte, não creio que a “equipe criadora de rede” poderia arcar com definições que cabiam (e cabem) ao coletivo), do contrário estaríamos responsabilizando quem de fato não tem esta tarefa. Esta equipe é da rede (são inclusive consultores ), mas a rede é do coletivo e a marcação de sua arquitetura vem da definição de que rede queremos, o de fato discutimos. e consensuamos, o que nos permitirá experimentar e, imediatamente, modificar (uma rede hiper-plástica)
Por fim, creio que a questão que você propõe sobre “ofertamento da PNH versus recepção pelas equipes” é uma boa questão. Lembro aqui o que Rosana nocko uma vez escreveu: as vezes propomos mudanças, colocamos as “coisas” sobre o caminhão, e na primeira curva a metade cai fora, pois não se sabia minimamente para onde e o que seria a viagem.
Valeu pelas questões. Um abraço, Dário
Coordenador Nacional da PNH