Superlotação: um drama da Saúde

10 votos

A coluna de opinião do Diário de Goiânia traz uma crítica ao sistema público de saúde.  Vale a pena ler e comentar!

Superlotação:um drama da saúde

É com grande pesar, mas sem muito espanto, que recebemos a
notícia de que certos hospitais de referência de São Paulo enfrentam graves problemas de superlotação.
Segundo a imprensa, em alguns, pacientes em macas aglomeram-se nos corredores à espera de atendimento. São casos de traumas tratados lado a lado a outros males, muitas vezes contagiosos. Esse cenário, aliás, infelizmente não é inédito nem para a imprensa, muito menos para a sociedade.

Há anos vemos a triste conseqüência de um sistema incapaz de
atender à procura, que é muito maior que sua capacidade. Falta
de verbas, má distribuição de leitos, dificuldades administrativas.
São várias as facetas apontadas por especialistas do setor. Outro fato é que o Programa de Saúde da Família, PSF, não cumpre adequadamente seu papel por ser insuficiente, ter problemas de estruturação, de falta de integração com a rede e de capacitação dos recursos humanos. São falhas que agravam ainda mais o gargalo da assistência, empurrando a população para os pronto-socorros dos hospitais.

Os pacientes são, enfim, vítimas da inconsistência de um sistema
que, a despeito de ser dos mais avançados do mundo por
sua universalidade e integralidade, padece pela insuficiência de
recursos e de gestão. Há anos que as entidades médicas denunciam que a falta de financiamento adequado está transformando a rede de Saúde em um circo de horrores.
Se o caos ainda não é completo, isso éum mérito de médicos, de
outros profissionais de Saúde e de alguns administradores competentes que lutam todos os dias, sem tréguas, para oferecer aos cidadãos uma assistência digna e de qualidade, mesmo tendo de superar tantas mazelas. Não podemos negar também que os governos estadual e municipal têm aberto portas para boas parcerias e tomado medidas corretas para a qualificação do
atendimento.

A gravidade da questão, contudo, exige que a Saúde pública seja
tratada com respeito em todos os níveis e a toda hora, pois lidamos
com vidas humanas, e nãocom máquinas. Não podemos mais ficar calados ante a insuficiência de recursos e materiais básicos nem à remuneração vil que afasta do serviço os melhores quadros.
Hoje, é de suma importância garantir uma política de investimentos
no setor, para que possamos atuar na Saúde básica, na alta e média complexidade de forma integrada e adequada.

Daí a relevância da urgente regulamentação da Emenda  Constitucional 29. O compromisso com a boa formação médica e a
correta assistência aos cidadãos devem estar naordem do dia de
todos os brasileiros.

Jorge Carlos Machado Curi é presidente da Associação Paulista
de Medicina