A saúde em tempos de guerra.
Nos últimos dias uma guerra acontece na faixa de Gaza, Israelenses e Palestinos lutam por causas antigas sobre uma terra já há muito tempo ferida.
Como resultado desta luta de orgulhos desafiados, poderes ameaçados existe a dor dos feridos, dos corpos que sentem dor. Neste meio hostil cabe aos profissionais de saúde aplacar as dores, minimizar os danos, recompor os corpos.
Mas em meio a tanta dificuldade e revéses durante uma reportagem de TV me surpreendo com um registro inusitado: uma médica vestida de palhaço tenta criar um certo clima de humanização baseada nos princípios da terapia do riso, dos doutores palhaços.Veja o video:
Confesso que me coloquei inicialmente em oposição a atitude desta profissional de saúde que aplica a besteirologia na clínica. No entanto, passei a dar tratos a bola e pensar que há aí um movimento para mudar os processos de trabalho, uma tentativa de abrir brechas de ampliação da clínica, uma busca de sanidade num cenário de horrores e atrocidades.
Se não servir aos usuários para sua cura, serve a saúde do trabalhador, para não adoecer, para produzir sentido em seu trabalho.
Como agir na saúde diante da guerra?
Não só esta guerra em Gaza, mas da guerra diária de nossos fazeres, nas enchentes de SC, RJ, MG, ES… Talvez tenhamos que espiar nas frestas, para abrir janelas e portas para um refazer na produção de saúde diante de um fazer sustentado na doença, na guerra.
Que em 2009 possamos construir a paz, a humanização, a produção de saúde e não da doença, até mesmo que tenhamos que começar espiando nas brechas.
Não desejo aqui fazer apologia deste método, pois sabemos que por si só não mudaria o fazer efetivo na saúde, porém trabalhar no sentido da inclusão dos que se utilizam dos mesmos para daí ter um começo, nem que seja um começo de conversa.
Ainda prefiro acreditar na humanização que parte da roda, do trabalho coletivo, que altera a clínica, a gestão, e aposta na inclusão dos sujeitos e na transversalização dos saberes, que aposta na composição que respeita as diferenças.
Patrícia S. C. Silva
Blumenau SC
Por Cláudia Matthes
Realidade de violência…enquanto para alguns as enchentes, para outros a guerra, para nós a dor da perda. Uma bala "direcionada", e em nada perdida, pôs fim a uma vida. 33 anos.
Então me veio a (ins)piração de no dia 08/03/2009, dia da mulher, a gente pudesse levantar bandeira branca pela paz, contra a violência doméstica.
Assim onde a bandeira não fosse levantada a gente, enquanto técnicos de saúde, junto com a comunidade pudesse estar atentos e desse lugar se aproximar.
A Lei Maria da Penha não tem sido suficiente para garantir o sofrimento de muitas famílias. E muitas famílias permanecem no silêncio.
Que a gente possa virar, tal como a enfermeira do vídeo, uma luz no fundo do túnel. Onde ainda a voz não ganhou lugar, que não se cale o movimento dos corpos.
E como nos disse o Ricardo Teixeira, em um outro lindo post,
"ninguém ainda sabe o que pode um corpo"….
Patrícia, agora já um convite: bandeira branca!
Um grande abraço com o carinho
Cláudia-Peju