Cuidados Paliativos. Uma questão de humanização
O Diário de Pernambuco trouxe hoje artigo sobre cuidados paliativos. Vale a pena ler!
Cuidados Paliativos. Uma questão de humanização
Um dos grandes méritos da tecnologia em saúde foi dar às pessoas maior longevidade. Vencida as dificuldades de algumas doenças, como as que mais causam mortalidade infantil, doenças causadas pelas diversas formas de violências, as cardiopatias e as doenças oncológicas, a espécie humana hoje consegue facilmente se aproximar dos 100 anos.
Um século de existência que no seu final pode trazer grande sofrimento. Mas será que a tecnologia médica pode ou tem o direito de usar todos os seus recursos para manter um organismo que biologicamente já não consegue caminhar em busca da vida eterna? Sabemos que com a idade o organismo vai se fragilizando
e que as doenças que surgem com a idade como as doenças crônicas vão se instalando e muitas vezes em idade ainda bem jovem.
Como o centro de defesa do nosso maior patrimônio, à vida humana, o hospital vem se tornando nosso grande aliado no
combate às doenças. Equipes de profissionais a postos para combater nosso cruel inimigo.
Mas a que preço o paciente é submetido a práticas assistenciais
que visam exclusivamentemanter a vida de uma pessoa, mesmo que sem qualidade? A sociedade médica deve estar preparada para atender uma demanda crescente de pessoas idosas que vem trazendo no caminhar, patologias que necessitam de cuidados paliativos e como estamos despreparados dificultamosamorte, obrigando pacientes àobstinação terapêutica na máxima que devemos preservar a vida acima de qualquer coisa.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde em um estudo realizadoem 2003, das 56 milhões de mortes anuais no mundo, 33 milhões necessitavam de cuidados paliativos. Em outro estudo realizado pelo J. Hopkins Institute dos EUA, o custo do doente no último mês de vida equivale a 40% dos gastos com a doença e 1\/3 dos pacientes terminais com cobertura de plano de saúde gastam quase todas as suas economias pagando os gastos que a cobertura do plano não cobre.
Não podemos esquecer que o envelhecimento da população está estimadoem 1\/3 nos próximos 50 anos, sendo maior nos países desenvolvidos e que 80% serão de idosos.
Torna-se fundamental valorizar o conceito dos cuidados paliativos.
Os cuidados devem ser aplicados o mais cedo possível na evolução da doença, juntamente com outras formas de tratamentos que tentam prolongar a vida, como quimioterapia e radioterapia e incluem manobras para manejar as complicações clínicas de forma
a trazer alívio ao sofrimento humano daqueles que padecem sobre um leito hospitalar.
Por Erasmo Ruiz
Cara Mariela!
Se a discussão damorte enquanto um fenômeno biográfico e existencial é relegado a um segundo plano no conjunto da sociedade, o cuidar de quem morre, infelizmente, ainda não se expressa a partir de uma política pública voltada aos moribundos. A grande maioria dos cursos formadores em saúde constróem seus currículos como se os profissionais não fossem cudiar de quem está morrendo. A consequência nefasta disso é lidar "terapeuticamente" com pessoas que na verdade precisam de uma outra forma de cuidado, produzindo dor e sofrimentos desnecessários, elastecendo vidas sem contrapartida de qualdiade de vida (distanásia). Implementar a prática do cuidado paliativo significa (re)colocar a morte no seu lgar, qual seja, como fenômeno natural e intrínseco a condição humana, significa trazer às profissões de saúde um de seus atributos essenciais: focar a atenção e o cuidado em mitigar o sofrimento, exacerbando o sentido de autonomia do ser humano em seu processo de morrer com dignidade. Creio que a forma como uma sociedade lida com quem está morrendo diz muito da forma como se lida com a saúde de toda a população. Não é portanto mera coincidência que a busca de fomas mais dignas e autônomas de se morrer estejam sendo mais discutidas e implementadas justamente em países com sistemas de saúde mais democratizados. Um grande abraço do ERASMO