PS do Hospital de Base amplia o horário de visita: uma abertura para a clínica do sujeito

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A nova direção do hospital de base do DF decidiu implantar a PNH.  Escolheu, dentre o cardápio de ofertas do nosso trabalho de apoio institucional, o dispositivo “Visita Aberta”. Desde o primeiro dia deste ano o Pronto Socorro ampliou o tempo de convivência dos pacientes internados no PS com seus familiares e amigos: de 30 minutos, de segunda a sexta, para 6 horas diárias. Sabemos que esta é uma forma de aumentar o poder do usuário na gestão e no cotidiano do hospital, conforme dizem Gastão Wagner e Márcia Amaral em artigo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva sobre a necessidade de adoção de uma clínica compartilhada nas ações de "reformas dos hospitais". Para a  reconstrução do trabalho clínico na rede hospitalar é fundamental a implantação de um novo modo de fazer saúde que os autores chamam de um "neo-artesanato" em saúde. Nesta nova Clínica do Sujeito a terapêutica deve ir além dos fármacos e cirurgias. Trata-se de valorizar o poder terapêutico da escuta, da palavra, do apoio psicossocial e da educação em saúde. Aumentar o tempo dos cuidados dos acompanhantes, visitantes nos hospitais é ampliar a possibilidade do usuário e de seus familiares participarem do processo de gestão; na presença de acompanhantes, é somar ao paciente alguém de sua confiança, tanto para companhia e apoio quanto para participar de momentos do projeto terapêutico em que o paciente e clínico julgarem convenientes.  Não se trata de uma tarefa fácil: temos percebidos, em nosso trabalho de consultores, que nos espaços hospitalares há uma predominância de relações interpessoais conflituosas!  Os trabalhadores, também afetados pelas péssimas condições de trabalho, mostram-se "indispostos para o encontro" com os usuários. Estes, desgastados por não terem tido suas demandas atendidas pela rede de saúde ao longo de sua trajetória como usuário do Sistema, chegam ao atendimento de Emergência e Urgência com certo descrédito. Ali a coisa não vai ser ser diferente. Os visitantes e os acompanhantes reclamam da falta de acolhimento.Falam da baixa tolerância dos trabalhadores para escuta e queixam de um tratamento com descaso, desatento às necessidades e desrespeitoso, um "vai e vem" pela falta de informação. O nosso papel, como apoiadores, tem sido o de promover o encontro entre eles. Por isso, propusemos uma reunião diária com os acompanhantes, onde os trabalhadores estão participando. Nestas conversas preocupamos em fazer a palavra rodar. Os trabalhadores escutam as queixas e aproveitam para informarem algumas condições para incluírem os acompanhantes na organização do processo de trabalho. Estamos propondo uma reforma cultural: trabalhador e acompanhante são levados a pactuarem o comum! A saírem de uma clínica degradada e exercitam uma clinica compartilhada.Tentamos alterar “radicalmente a postura tradicional que tende a transformar o paciente (no nosso caso, também o acompanhante) em um objeto inerte ou em uma criança que deveria acatar, de maneira acrítica e sem restrições, todas as prescrições e diretrizes disciplinares da equipe de saúde”, concluindo com Gastão e Márcia.