Religião e Políticas Públicas: mais subsídios para pensar questões como o aborto numa democracia
Considerando meus últimos posts nesta rede, alguns poderão achar que ando meio obcecado pelo Obama…
Nada que chegue perto disso, mas, de fato, tenho estado muito atento ao que se passa no mundo e, particularmente, nos EUA neste momento. Acho que esse país, com a importância decisiva que tem no equilíbrio mundial, finalmente entrou no século XXI e, apesar de todas as ressalvas que possamos ter em relação ao modelo de vida que inventaram, acho que entrou em grande estilo.
Com o exagero que há em projetar o destino de um país na figura de um líder, arriscaria dizer que na troca presidencial que fizeram, substituíram, ao menos simbolicamente, o que há de pior pelo que há de melhor na “América”.
Em meio ao debate recente em nosso país, que também se fez presente nesta rede, sobre aborto e religião, sobre valores universais e fés particulares, sobre políticas públicas e dogmas de grupos específicos, acho que esse discurso do Obama joga muita luz neste debate.
Afinal, tampouco somos um país apenas de cristãos católicos, mas de vários outros grupos cristãos e de judeus e de mulsumanos e de budistas e de seguidores de várias religiões afro-brasileiras e de ateus e de…
Afinal, também temos diante de nós o desafio de construir políticas públicas democráticas…
Afinal, também somos “americanos”!
(Essa “vertigem visionária” sobre a vocação do “novo mundo”, essa sim, assumo que sempre se apoderou de mim…)
Bem, mas deixo o homem falar que ele fala bonito!
Por Erasmo Ruiz
Apropriadíssimo seu post como é apropriado o discurso de Obama, fazendo pender mais uma vez a balança para um dos grandes determinantes da formação política e cultural dos EUA que é a ênfase nas liberdades individuais e da liberdade de expressão, e isso vindo de um negro com nome muçulmano num país que passou pelo 11 de setembro não é pouca coisa. E você bota o dedo numa ferida que, guardando-se as devidas diferenças, tem aspecto similar à chaga americana: a construção de políticas públicas para TODOS os cidadãos o que implica na construção de um Estado de base secular. Cabe aos religiosos viverem ou não sua situação de vida cotidiana em acordo com seus princípios. A obsessão de um pastor fundamentalista em pedir aos fieis que se afaqste dos poderes diabólicos da televisão nunca poderá se transformar numa política pública que proiba as pessoaqs de verem TV. Mas compartilho contigo um pouco do meu medo. Quando vemos as recentes sianlizações do próprio governo Obama em manter apoio as pretensões de Israel (não é atoa que o Likud irá compor com a extrema direita) e a aparente simples troca gradual do teatro de guerra do Iraque para o Afegnistão, fica a impressão que o estilo de jogar xadrez mudou mas os obejtivos permanecem os mesmos. Se Bush colocou um "bode de estimação" na sala de estar do planeta terra, Obama agora o retira e com isso traz a impressão de que tudo melhorou quando na verdade volta a ser o que era antes. Como nos ensina "O Leopardo" (belo filme dirigido por Visconti adptado do livro de Giuseppe Lampedusa) é preciso mudar as coisas para que as coisas continuem como estão!
Grande abraço do ERASMO