Rodas de conversas sobre a Política Nacional de Humanização disparam movimentos nas unidades de saúde de Natal-RN

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Com o apoio da consultora da PNH, Sheylla Maria, a unidade de saúde da família do Panatis, Distrito Sanitário Norte do município de Natal-RN, iniciou a construção de um grupo de estudos e reflexões das práticas na estratégia saúde da família. O grupo realiza rodas semanais com o objetivo de refletir sobre o processo de trabalho.
Ao final de cada roda, o texto discutido é exposto na sala em um “varal de textos” para que todos tenham acesso às leituras e releituras. Os temas em discussão são propostos pelo próprio grupo a partir das reflexões realizadas a cada semana. Assim, a cartilha sobre acolhimento e outros textos ligados ao tema, despertaram, por exemplo, a idéia de buscar informações por meio de observação, anotações e registro em vídeo do horário mais movimentado da unidade e utilizá-los como subsídios para as discussões sobre acolhimento, rede de conversações, fluxos, percursos e movimentos dos usuários e trabalhadores.
A cada roda, profissionais de outros serviços são convidados para apoio e troca de experiências, de modo que já se fizeram presentes
trabalhadores da USF de Planície das Mangueiras, do Hospital da mulher e, em  Soledade I , o processo já foi iniciado também com o apoio da nossa consultora.  O sentimento do grupo é de fortalecimento e potencialização. Contamos com a participação do gestor da unidade e, mais recentemente, da coordenação de atenção básica no Distrito Norte que sugeriu apresentarmos a experiência aos gestores dos demais serviços. A UFRN, por meio do Departamento de enfermagem, disponibilizou-se para contribuir com recursos didáticos e com a participação de professores nas rodas.
Observamos com alegria, cartilhas da PNH sendo lidas e discutidas nas salas dos agentes e na copa; pessoas que participavam timidamente têm se posicionado e revelado envolvimento e potencial intensos.
Nas seis rodas realizadas, observamos que alguns profissionais
priorizam outras tarefas nos dias de encontro do grupo. Temos inúmeras dificuldades. Sabemos que não é fácil mudar o instituído.
Contudo, é gratificante perceber que, a cada encontro, surgem  novos sentidos e mudanças de posturas.  Isso é dito textualmente pelos participantes: “não sou de falar muito, mas aqui me sinto bem quando falo;” “é importante participar para não me sentir figurante;” “estounesta roda para não esquecer o que vim fazer na unidade;” “estamos aprendendo juntos;” “estou aqui para não desistir”.

As rodas permitem inclusão e mudanças nos modos de produzir saúde;as singularidades são voltadas para a produção do comum. Nas palavras de Regina Benevides:
"Insistimos nos grupos, pois eles, des – essencializados, levados ao
limite de sua forma, criam passagens para o plano coletivo, plano
público, plano de produção de subjetividades. Mergulhados neste plano, os indivíduos experimentam o que está para aquém e além de si, podendo, então, outrar -se, (re)inventar – se."