Contexto Local para Humanização no SUS: A Contribuição do Programa Uso Racional de Plantas Medicinais no Município de Urussanga
Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde (PNH, 2004).
Saúde, Doença, e cuidados relacionados a aspectos da saúde são articulados na sociedade como sistemas culturais, ou seja, são idéias cujo significado encontra-se em constante transformação, sendo negociado social e culturalmente. Compreende-se que a cura, desse modo, precisa ser compreendida em diferentes níveis analíticos: fisiológicos, psicológicos, sociais, e culturais.
As plantas medicinais enquanto sistema terapêutico têm seu uso relatado desde tempos remotos, pelos mais diversos povos, tendo papel importante no cuidado da saúde. No município de Urussanga, todas as classes socioeconômicas usam plantas medicinais devido às heranças culturais tipicamente europeias (descendentes de origem italiana, principalmente), ao baixo custo, e pela sua pressuposta eficácia. O Programa Municipal “Uso Racional de Plantas Medicinais” (URPM) compreende a fase I do Programa de Implantação da Fitoterapia na rede de Atenção Básica à Saúde, cujo objetivo final é disponibilizar medicamentos fitoterápicos na Relação Municipal de Medicamentos (REMUME).
O Programa produz serviço a partir da experiência com a comunidade, promovendo na Atenção Básica a transdisciplinaridade entre conhecimento científico e conhecimento popular, promovendo a geração de saberes, oportunidades e resultados. Por meio dessa tecnologia do conhecimento e da vivência do trabalho de campo foi percebido o vazio existente entre Sistema Único de Saúde (SUS) e Usuário: comunicação. Não existindo a comunicação, não temos entendimento, e não teremos a humanização do serviço. A informação em saúde necessita ser clara, compreensível, recordável, credível, consistente ao longo do tempo, baseada na evidência e personalizada. Esta personalização significa adaptação ao seu nível cultural e estilo cognitivo, ou seja, Saúde Humanizada realizada no contexto local.
Assim, além do conhecimento técnico das plantas medicinais, percebemos e utilizamos o viés antropológico da memória afetiva da população, criando um espaço único de aproximação, onde o usuário faz parte do processo de Saúde, não somente como usuário/observador e sim como usuário/protagonista do conceito Saúde, impregnado de humanização. A planta medicinal sai do campo técnico para entrar no campo antropológico, sendo uma ferramenta de inclusão social no nosso contexto local de saúde, gerando desdobramentos e demandas inesperadas, como por exemplo, oficinas de “Direitos e Deveres do Usuário do SUS”, “Saúde para Todos”, “Como o SUS funciona?”, “Saúde na Educação”, entre outros.
Assim, a sensibilização da população e profissionais da Atenção Básica em Saúde para a humanização por meio do Programa Uso Racional de Plantas Medicinais, ocorre para: (1) Implantação da Fitoterapia como opção terapêutica no SUS, considerando a valorização do contexto local no que se refere à utilização popular da fitoterapia, aliada ao conhecimento científico do Uso Racional de Plantas Medicinais; (2) Utilização do Programa Uso Racional de Plantas Medicinais como ferramenta social de aproximação com a população, gerando valoração e empoderamento do usuário SUS para a melhor utilização do serviço; (3) Transversalidade da ação, segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável.
Palavras – chaves: Plantas Medicinais, Fitoterapia, Humanização, Sistema Único de Saúde, Contexto Local.
Por Angela Vaz7
Parabéns!Se estão a caminho das plantas medicinais,ainda temos muita resistência,tb há uma lacuna a respeito disso,mais ainda chego lá.