Por que humanizar a saúde?

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Artigo de opinião do Diário de Pernambuco, publicado hoje! 

No mundo contemporâneo, na visão de analistas sociais, graças aos avanços científicos e tecnológicos o conhecimento utilizável modifica-se constantemente, atingindo um alto nível de complexidade e representa um desafio no cotidiano do trabalho em
saúde. Este fato, no atinente aos recursos humanos, demanda uma qualificação com saberes diversificados para um agir profissional coerente com as necessidades concretas da realidade vivenciada.
Assim, torna-se imprescindível ajustar os perfis de formação profissional para atender a essa realidade multidimensional, em sintonia com o novo horizonte que se abre frente à evolução do conhecimento, permitindo potencializar a participação dos atores sociais com plena observância dos preceitos éticos e de humanização da prática.
Isto significa a utilização do que o sociólogo Boaventura de Souza Santos denomina "conhecimento pluriversitário", que é um conhecimento contextual, na medida em que o princípio organizador de sua produção é a aplicação que lhe pode ser dada.
Estas ponderações suscitam explicitar o enfoque da humanização no âmbito do SUS, que se expressa mais claramente no que diz respeito à baixa responsabilização e à descontinuidade no cuidado, no tratamento e em procedimentos técnico-operativos.
Na percepção de Dario Pasche, coordenador da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, a humanização é um certo modo de fazer, de lidar e intervir sobre os problemas do cotidiano da atenção à saúde, e construir um novo modelo pedagógico é uma exigência premente, em decorrência
principalmente das novas formas de convivência humana
e de pensamentos tecnicistas. Considera um aspecto
relevante da formação profissional em saúde, o exercício prático de experimentação no dia-a-dia dos serviços, o qual pressupõe intercâmbio de conhecimentos e é a qualidade e intensidade dessa permuta que garante processos formativos adequados, e
que iniciativas como o PróSaúde\/MS constituem um estímulo importante para a construção de novas possibilidades de trabalho mais partilhado, mais criativo e eficaz que, em outras palavras, é trabalho em equipe.
Há sintonia desse modo de conceber a humanização da saúde com os relatos em recente livro da Editora Universidade de Pernambuco\/ Edupe – "No Terreno das Histórias.
As Sementes de uma Medicina Humanizada", organizado por Kika Freyre e Paulo Barreto Campelo, descrevendo a trajetória do programa "A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola", o qual objetiva uma maior integração
entre a equipe médica-paciente familiares para conscientização no sentido de que "a humanização gera empatia entre  os personagens,com o que se propicia uma maior probabilidade de bons resultados no atendimento". Tratase de programa que
originou vários projetos, implementados principalmente
no Hospital Oswaldo Cruz, destacando- se os seguintes: Música é Vida; o Som da Vida; a Humanização da Saúde pela Linguagem;
Reabilitar com Arte; e a Oficina de Contos de Fadas.
Indiscutivelmente, são projetos que, por certo, atestam ser a humanização a melhor mensagem no "Dia das Mães", ao vermos que a mulher deixou de ser somente a cuidadora do lar, do marido e dos filhos, revelando-se capaz cada vez mais de criar uma
sociedade mais justa, com equidade, solidariedade e mais
calor humano.
E aduzimos o pensar do escritor italiano Paolo Mantegazza:
"Nada é mais contagioso do que o entusiasmo; nada é mais fascinante, mais irresistível do que o entusiasmo das mulheres

BERTOLDO KRUSE
GRANDE DEARRUDA \/\/ Vice-Presidente do Imip bertoldo@imip.org.br