Algo que me intriga…

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Ginetta 17/02/2013

Será que meu conhecimento não se aplica as demandas da atualidade?

Há dois anos me formei e o que aprendi no curso de nutrição foi a importância de uma alimentação equilibrada no sentido de ser mais saudável para o organismo. Aprendi que devemos consumir os alimentos de forma mais variada possível para assim suprir nosso organismo com diversos tipos de micronutrientes.

Aprendi que devemos sempre nos exercitar para que não fiquemos sedentários e ganhemos peso em demasia.

Aprendi que em situações “especiais” devemos suplementar alguns indivíduos pois a relação tempo x treino x alimentação pode ser incompatível.

O que não aprendi e também não pretendo aprender, foi o modo como as pessoas substituem suas refeições por alimentos prontos, liquidificados. Praticidade? Falta de tempo? Necessidade imediata de perda de peso? Insatisfação com alimentos sólidos? Inadaptação motora dos músculos da boca? Falta de opção?

Também não aprendi que devemos fazer uso de substancias que aumentem o metabolismo para que possamos digerir melhor os alimentos. Nesse caso, será que não deveríamos comer menos, ou ainda, alimentos menos densos e mais leves?

Não aprendi que devemos fazer uso de dietas prontas, sem individualidade ou ainda sem respeito com o indivíduo.

Será que para eu ser uma boa profissional tenho que receitar fitoterápicos, suplementos, alimentos funcionais encapsulados?

Só uma dúvida: quem lucra com a venda de fitoterápicos, suplementos e produtos encapsulados? Você? Eu? hummmm…

Pois é… Pelo visto eu não aprendi muita coisa, mas vejo muita gente aprendendo e me questiono: pra que serve a nutrição mesmo? Pra que serve nossas orientações simples, bem elaboradas, adequadas as necessidades individuais? Pra que serve nossa profissão em uma sociedade que visa o consumo de produtos milagrosos em detrimento de uma alimentação balanceada, adequada e nutritiva?

Pra que eu sirvo mesmo como nutricionista?

(… ) apenas para orientar melhor as pessoas e tentar desconstruir coisas que me intrigam.

5 Comentários

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Por Emilia Alves de Sousa

17/02/2013 às 4:14 pm.

Gostei das suas reflexões Gineta. Vivemos numa sociedade paradoxal. De um lado as recomendações sobre a alimentação saudável, o que devemos consumir para termos uma saúde equilibrada. Do outro lado supermercados, lojas apelativas e recheadas de produtos que vão em desencontro com essas recomendações. Somado a isto, profissionais descompromissados com a qualidade de vida. E aí fazemos o que? É uma loucura…

Um abraço!

Emília

Por Ginetta

17/02/2013 às 5:16 pm.

Obrigada Emília…

Pois então… seria essa uma sociedade "esquizofrênica"? rsrsr porque ao mesmo tempo que estimula o consumo exacerbado pede que sejamos magros e esbeltos; ao mesmo tempo que oferece tanta tecnologia nos consome de trabalho, consome nosso tempo e vida. Os conceitos mais básicos, mais simples estão se dissipando em um mundo que o que vale mesmo é gastar dinheiro para ter resposta imediata! sociedade extremamente imediatista.

Abraços!

Por Marcelle Paola

22/02/2013 às 1:45 pm.

Muito interessante suas colocações Ginetta, como disse o Miguel: " Inquietantes e pertinentes".

Nos faz repensar sobre o nosso fazer!

Essa atualidade da nossa sociedade é realmente intrigante, promove tanto lazer, conforto, entretenimento, dicas de como viver bem, tecnologias, ciência… mas é totalmente alienada, estereotipada,e talvez a geração da humanidade mais adoecida em todos os aspectos!

Realmente é intrigante!!!

Por miguel angelo maia

21/02/2013 às 5:22 am.

Oi Ginetta

Nessa nossa sociedade de consumo, na qual o que mais se consome é a forma de vivermos e o uso que fazemos da vida, é mesmo difícil saber para que servimos enquanto profissionais da saúde porque, como diz RC "tudo o que eu gosto é imoral, é ilegal ou engorda". Mas será que gostamos mesmo destas coisas ou elas nos são introjetadas garganta a dentro desde que nascemos sem muita chance de escolha?

Como lutar pela saúde física, mental e social, se vivemos em um mundo na qual a saúde é tratada como um bem consumível e a vida como um supérfluo que, para ser bem vivida, deve fazer uso de tal ou qual panacéia que nos dará, então, a felicidade que queremos, mas que, infelizmente, está defasada em relação ao último Top que saiu? De luta em luta por um simulacro de prazer, esvai-se a saúde e o resultado é o que vemos…

Não, seus conhecimento, nossos conhecimentos, não se aplicam as demandas da atualidade social, porque elas são falsas demandas, fabricadas e refabricadas no dia a dia.

Não sou nutricionista, sou psicólogo, mas tenho refletido, e acho que serve para todas as áreas da saúde, sem querer ter a verdade totalitária, que no contemporâneo nossa função não é tanto ensinar, educar, mas sim desensinar, deseducar as pessoas desse consumo patológico e trazê-las de volta às escolhas possíveis entre os usos e as formas de habitar os verbos da vida e suas consequências reais.

Por isto acho que seus questionamentos são para lá de inquietantes e pertinentes.

Abs.

Miguel Maia

Por Ginetta

23/02/2013 às 12:48 pm.

Caro Miguel obrigada por seus apontamentos!

Com certeza são inquietações vividas por diversas áreas.

A educação permite fazermos escolhas melhores em nossa vidas, diante disso muitos precisam dessa educação para de fato aprender a viver melhor. Lutamos sempre por uma educação alimentar que priorize o natural, mas tudo hoje converge para o artificial, para o "fluído". Até nossos sentimentos estão mais fluídos e sem propriedades. Ninguém mais ler, nem critica, nem reflete, que coisa não?! Tamanha é a alienação dessa sociedade "espetaculosa" que estamos ficando cada vez mais passivos e sem opinião.

Abraços.