Pedagogia Vivencial Humanescente:os Sentidos da Integralidade no Jogo de Areia
INTRODUÇÃO
Na atualidade o tema currículo e metodologia têm sido bastante discutidos no âmbito da formação em saúde. Considerando a reforma sanitária iniciada desde 1988, as Diretrizes Curriculares Nacionais e a atual Política de Educação Permanente em Saúde, a formação tradicional, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, não responde mais às necessidades contemporâneas de uma realidade sanitária complexa a qual envolve um novo desenho organizativo da atenção à saúde, exigindo novas práticas ao lidar com as totalidades na perspectiva de um cuidado integral.
Historicamente nossa formação profissional foi referenciada no deslocamento dos objetos de seus contextos, na divisão dos territórios do conhecimento por disciplinas, na unificação do que é múltiplo, na simplificação do complexo, na exclusão do que é incerto ou contraditório, ocasionando o aparecimento de relações inumanas, deterministas, formalistas e quantitativas que dissolvem tudo o que subjetivo, livre, afetivo e criador (MORIN, 1999). Para adquirir o título de profissioal da saúde, na maioria das vezes, aprendemos a conhecer e a fazer, não está nos objetivos do curso à missão de ensinar a Ser e a conviver. Não somos preparados para dar ATENÇÃO, para nos envolver, para criar vínculo….aprendemos a não sentir….
RELATANDO A AEXPERIÊNCIA
Neste sentido, o Ministério da Saúde lança, através da portaria GM 198/03 e posteriormente a Portaria GM 1996/07 a Política de Educação Permanente em Saúde, a qual traz um convite aos gestores do SUS e às Instituições formadoras do SUS, para repensar suas relações e ressignificar a formação para cuidado pautada na integralidade da atenção. De acordo com o AprenderSUS[i][i][i], a integralidade da atenção à saúde, definida pela constituição de 1988, supõe, entre outros aspectos, a ampliação e o desenvolvimento da dimensão cuidadora. Ou seja, formar profissionais mais capazes de acolhimento, de vínculos com os usuários das ações e serviços de saúde e, também, mais sensíveis às dimensões do processo saúde-doença não inscritas nos âmbitos tradicionais da epidemiologia ou da terapêutica. A constituição do SUS correspondeu um conceito de saúde que implica a complexidade, a diversidade e a amplitude da produção da vida humana.
Comprometida com essa política a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lança o Curso de Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde que tem um Projeto Pedagógico inovador com currículo inter/transdisciplinar, oportunizando, na sua estrutura curricular Espaços Integrativos e Ações Integradas. Nesse contexto a disciplina de Atenção a Saúde, ministrada pelas professoras Dras. Ana Tania Sampaio e Vilani Nunes , tenta viabilizar uma proposta metodológica inovadora adotando a Pedagogia Vivencial Humanescente – PVH como práxis metodológica (SAMPAIO; CAVALCATI, 2010).
Para essa formação, foram necessárias novas bases epistemológicas para compreensão do fenômeno da arte de cuidar a partir de uma concepção de integralidade, a qual envolve a ação do ser cognoscente enquanto ser existencial devendo este vivenciar de modo singular o fenômeno que se propõe executar. Assim, quatro pressupostos vivenciais estão implicados nesse processo de aprendizagem: saber pensar, saber sentir, saber fazer, saber transformar. O conhecimento produzido deve ter um direcionamento: saber humanescer-se através do cuidado com o humano.
RESULTADOS;
O jogo de Areia (Sandplay) é uma das técnicas projetivas da PVH e foi utilizado para a construção do conhecimento sobre o tema "Os sentidos da integralidade". O processo foi organizado em momentos cognitivos vivenciais onde os discentes puderam imaginar e criar seus cenários com as miniaturas nas caixas de areia, posteriormente descreveram seus cenários, discutiram em grupo com elaborações conceituais a partir de suas percepções da realidade projetadas nos cenários. A Vivencia foi finalizada com uma exposição dialogada sobre o assunto, pautada em referenciais teóricos do texto de Pinheiro (2008) e nos registros fotográficos dos cenários e descritos pelos discentes.
[i][i][i] Iniciativa do Ministério da Saúde para estimular os compromissos da graduação com o sistema de saúde, conforme a política de educação permanente para o SUS.
Por Emilia Alves de Sousa
Prezada Ana,
O seu post traz uma questão muito relevante que é a educação permanente em saúde, como uma ferramenta imprescindível para a transformação das práticas de cuidado.
Destaco aqui os quatro pressupostos implicados no processo de formação: saber pensar, saber sentir, saber fazer, saber transformar. Junto a estes, acrescentaria, como diz uma amiga, o saber “grupar”, ou seja , o pensar, o sentir, o fazer e o transformar juntos, no coletivo.
Parabéns pelo belo post!
Um abraço!
Emília