Uma deliciosa Comédia de “O Gordo e o Magro” Para Refletir Sobre o Trabalho

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Talvez os mais jovens não os conheçam. Stan Laurell e Oliver Hardy formavam uma dupla impagável, "O Gordo e o Magro". Começaram no cinema mudo e sobreviveram pelos anos 30 e inícios dos 40. Durante a grande depressão americana ajudaram a relaxar plateias extenuadas pela falta de perspectivas. Quando se perde a esperança, o riso pode ser inspirador do quanto nos tornarmos dignos de riso. 

Aqui disponibilizo um curta metragem intitulado "Entrega a Domicílio" (1932). Recomendo esse filme em particular para motivar discussões sobre o trabalho. Por mais harmoniosos que sejamos uns com os outros, por mais companheirismo, as vezes os interesses divergem, seja pela falta de comunicação, seja pelo próprio posicionamento  ocupado pelas pessoas e/ou as rotulações recebidas pelo poder que exercem (ou nao exercem).

O mais triste do trabalho talvez seja a sensação de esforço inútil. Na saúde existem inúmeras exemplificações, alias, em todo lugar. Outras vezes não basta a boa vontade, não é suficiente a sensação de estar junto e de até gostar muito de quem trabalha com a gente. Imprevistos acontecem, ainda mais quando o trabalho que é prescrito é cheio de impossibilidades práticas e a gente tem que se exaurir de tanta criatividade.

O pior é quando temos que colocar em cheque e em choque as crianças latentes (selvagens ou não) que vivem na gente. Uma parte de nós parece buscar reviver pais austeros ou quer um pouco de reconhecimento porque estudou muito, mesmo que a nota não tenha sido alta. Pior ainda se os gestores entram nessa e assumem a figura de pais que se lamuriam o tempo todo do que não foi feito. Enfim, nas artimanhas do trabalho em grupo, convivemos fantasmaticamente com os tais elementos inconscientes.

A saída disso tudo talvez seja não tornar o drama de conviver em situações de conflito maior do que ele já é. Buscar interpretações complexas e imbricadas com bases em sistemas filosóficos mais complexos ainda ou em mágicos da organização do trabalho pode complicar coisas que poderiam mudar com uma aposta na simplicidade, na perspectiva do dialogar, do se gostar e do se querer. E isso não é sentimentalismo barato!

No filme em questão nossos heróis se achavam auto suficientes. Muitos grupos fazem essa aposta. Depois de muitas e longas conversas, a pedra insiste em rolar morro abaixo e fica a sensação de que a vida foi vivida com o gosto amargo da inutilidade. Nessas horas, é melhor pedir ajuda para que o Sísifo possa de forma digna terminar de uma vez por todas sua tarefa