DIA “M” CONTRA O CÂNCER DE MAMA EM VILA SÃO JOSÉ – MACAÍBA/RN
Introdução
O relato a seguir trata-se de um Projeto de Intervenção desenvolvido pelos internos do 9º período do Curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Hugo Rodrigues, Potira Azevedo e Thiago Tavares, na área adscrita da Unidade Básica de Saúde de Vila São José no Municipio de Macaíba/RN. O mesmo foi realizado sob preceptoria do médico Dr. Jailton Barbosa e a Enfermeira Maria Gracimani Trindade, membros da equipe da UBS local e sob tutoria de Vilani Nunes, professora doutora adjunta do Departamento de Saúde Coletiva da UFRN, com o apoio da Secretaria de Saúde e Prefeitura Municipal de Macaíba.
Justificativa
Inicialmente, tentamos definir o tema do Projeto de Intervenção na Roda de Conversa pelo método de Paidéia, no entanto, as problemáticas expostas pela comunidade (violência, lixo, transporte) estavam em sua maioria além da nossa capacidade de resolução. A única situação viável para realização de intervenção foi a Saúde do Trabalhador, no entanto, para que tal projeto pudesse ser levado em frente teríamos que conseguir junto à Secretaria de Saúde do município, um técnico em enfermagem e um técnico de saúde bucal, pois tais membros da equipe de saúde de Vila São José estudam no período da noite, além de um segurança. Essa idéia foi logo descartada, pois Glenda, funcionária da Secretaria de Saúde nos informou que não haveria possibilidade de nos fornecer tal apoio.
Em conversa com a equipe da Unidade, percebemos que alguns deles queixavam-se da não continuidade de projetos anteriores. “Vocês começam os projetos e os mesmos não tem continuidade, e a comunidade fica nos cobrando”, era o que nos dizia Geane, ACS. E a enfermeira da equipe, Maria Gracimani, nos falou de uma temática importante, o câncer de mama, a qual já tinha sido alvo de intervenções anteriores, mas que ainda era pouco trabalhada na unidade em virtude principalmente de o médico da equipe ser do sexo masculino e ainda haver bastante preconceito em relação a isso.
Segundo dados do INCA, o Câncer de Mama é o segundo mais incidente no mundo, sendo o mais comum entre as mulheres, e responsável por 52.680 novos casos em 2012 no Brasil, e mais de 12.000 mortes[1]. Além de ser uma das prioridades do Pacto pela Vida definidas na portaria 399 de 2006[2].
Levando em consideração a importância do tema e outros fatores já citados anteriormente, pactuamos com a equipe local que abordaríamos o câncer de mama em nosso Projeto de intervenção.
Metodologia
Inicialmente buscamos diretrizes que orientassem o rastreio de Câncer de Mama em uma população. Utilizando como fonte de informação o documento de consenso do Ministério da Saúde, intitulado: “Controle do Câncer de Mama”[3], de 2004, definimos que tal patologia seria rastreada da seguinte maneira durante a intervenção:
• Mulheres entre 40 e 50 anos: exame clínico das mamas e orientações. Mamografia seria realizada somente se houvesse alteração no exame físico;
• Mulheres entre 50 e 69 anos: realização de exame físico anual e mamografia de 2 em 2 anos;
• O rastreio deveria começar a partir dos 35 anos naquelas pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer;
• Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade;
• Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
• Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino;
• Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
Posteriormente, resgatamos o projeto da primeira turma do semestre de 2013.1, intitulado: “O Poder em suas mãos”, Utilizando a idéia inicial de capacitar os ACS para que pudessem identificar na comunidade aquelas mulheres pertencentes a grupos de risco, e assim convidá-las a participar da intervenção.
A capacitação foi realizada no dia 14 de junho/2013 por meio de palestra (Anexo 1) e distribuição de material teórico para cada agente (Anexo 2).
Além dessas pertencentes a grupos de risco, os ACS também convidaram todas aquelas mulheres entre 40 e 69 anos que realizaram coleta de citologia oncótica de colo de útero (C.O.) de janeiro a maio de 2013 na UBS em questão, e aquelas, as quais tiveram suas casas visitadas no período de 14 a 20 de Junho. Sendo o convite realizado de forma oral e por distribuição de panfletos (Anexo 3).
A lista total de coleta de C.O. contava com um número de 96 mulheres, no entanto, foram excluídas aquelas que estavam fora da faixa etária da ação ou que estavam em área adstrita pela dificuldade de acompanhamento pelos ACS, restando ao final, 28 mulheres.
A ação esteve – ainda – aberta a todas as mulheres entre 40 e 69 anos que quisessem participar, sendo estas convidadas por meio de carro de som (fornecido pela Prefeitura Municipal de Macaíba – Anexo 4), o qual circulou na área adscrita da unidade no período de 21 a 24 de junho; Além disso o projeto contou com divulgação por meio do site e facebook da prefeitura
(Anexo 5).
Além da Prefeitura Municipal de Macaíba, a Secretaria de Saúde do Município na figura da Central de Marcação, nos forneceu apoio, nos disponibilizando 40 mamografias para serem utilizadas no dia da ação, sendo estas marcadas no prazo de 2 semanas após o dia da intervenção.
A intervenção ocorreu nos dois turnos do dia 24 de junho, tendo sido organizada da seguinte maneira: as pacientes ao chegarem à Unidade eram acolhidas pelo seu respectivo ACS e a retirada de prontuário realizada (Anexo 6), uma vez que toda a ação foi documentada. Em seguida eram encaminhadas para uma sala onde foram entrevistadas por Hugo e Thiago para definir como estava o rastreio do Câncer de mama e se havia fatores de risco para o desenvolvimento do mesmo (Anexo 7); foi utilizado como guia para coleta dessa História Clínica, um roteiro desenvolvido pela primeira turma do semestre 2013.1 (Anexo 8).
Caso não fossem pertencentes a grupos populacionais de risco e estivessem entre 40 e 50 anos, eram submetidas a exame clínico das mamas realizado por Potira (Anexo 9), e em caso de alteração tiveram uma mamografia solicitada pelo médico da UBS (Anexo 10).
No entanto se estivessem em faixa etária compreendida entre 50 e 69 anos e não tivessem realizado mamografia nos últimos 2 anos ou fossem pertencentes a grupos populacionais de risco eram encaminhadas diretamente a Dr. Jailton para solicitação de mamografia (Anexo 10).
Resultados
Ao final foram atendidas 45 mulheres no dia da intervenção. Dessas 18 foram encaminhadas diretamente para mamografia, 17 delas por estarem com o rastreio em atraso e uma delas estar acima de 35 anos e possuir historia familiar em parentes de primeiro grau de câncer de mama. 22 delas foram encaminhadas para o exame clínico das mamas, sendo 21 delas liberadas com orientações, e 01 delas encaminhada para solicitação de mamografia por descarga papilar espontânea. As outras 05 mulheres foram liberadas com orientações, pois tinham menos de 40 anos e não pertenciam a grupo populacional de risco.Em relação a C.O., das 45 que compareceram a ação, 09 delas estavam com o rastreio em atraso, sendo então realizado a coleta de 04 delas, e 05 agendadas.
Daquelas mulheres convidadas a partir da lista de preventivo realizado na Unidade, que totalizavam 28, 20 delas compareceram a ação, e 08 não puderam participar, no entanto, estavam com o rastreio em atraso e possuíam mais de 50 anos, tendo então, suas mamografias solicitadas e levadas até sua residência por seu respectivo ACS.
As orientações no dia da ação foram realizadas por meio de informações orais e distribuição de panfletos (Anexo 12). No dia da ação contamos ainda com cobertura de imprensa realizado pela Prefeitura Municipal de Macaíba e distribuição de brindes. Além disso, objetivando identificar os membros da Equipe de Saúde, foi confeccionado um adeviso para colocar no jaleco. (Anexo 12).
Ao final da ação ficou pactuado, que as 13 mamografias que restaram do total de 40 disponibilizadas pela Central de Marcação, seriam utilizadas nos posteriores atendimentos da Unidade para aquelas mulheres que estivessem com o rastreio em atraso. Ficou combinado ainda que o médico da Unidade, Dr. Jailton, iria analisar os resultados das mamografias e dar o devido seguimento as pacientes.
Por Isabel Brandão
Hugo, Potira e Tiago parabéns pelo brilhante desenvolvimento desse projeto de intervenção!
São de futuros médicos como vocês que o Brasil precisa. Profissionais comprometidos com os usuários e com os princípios do nosso Sistema Único de Saúde.
Beijos, paz e luz na caminhada!