Oficina de Acolhimento do Trabalhador da Saúde em Planalto, Natal-RN.

14 votos

Mobilizados pelas apoiadoras Damares, Ana Maria e Antônia Iara, do Curso de Formação de Apoiadores na PNH no Rio Grande do Norte,  os profissionais da Unidade de Saúde de Planalto se encontraram durante toda a manhã do dia 02 de julho de 2013, no conselho comunitário do conjunto da COOPHAB com objetivo de realizar a oficina a respeito do tema Acolhimento. A oficina faz parte do Plano de Intervenção do Grupo Tutorial AARRE – Acolhimento Ampliado Resolutivo Responsável e Efetivo.

Localizada na cidade de Natal, na VII Regional de saúde, o bairro do planalto, com 31.206 habitantes, está localizado no Distrito Oeste; no entanto,  de acordo com a divisão distrital de saúde o mesmo faz parte do Distrito Sul. 

Na Oficina foram abordados assuntos inerentes ao tema Acolhimento com qualidade e participaram todos os profissionais da USF Planalto, além de usuários, de outras apoiadoras da PNH participantes da formação, da tutora Profª Vyna Leite  e da Coordenadora da Formação no RN, Profª. Ana Carla.

Iniciamos dando as boas vindas, com o funcionário André,arquivista, que ao som do violão cantou as músicas: Eu venho do sul e do norte e Utopia enquanto os participantes iam chegando. O filho da apoiadora Damares também cantou para o grupo e assim iniciamos na Oficina. Todos acomodados foi realizada então a abertura da Oficina, pela Apoiadora Iara que apresentou o grupo, falou dos objetivos do encontro  e apresentou a programação daquela manhã. Logo em seguida passou a palavra para as Apoiadoras Damares e Fátima que realizaram a dinâmica de grupo: O Crachá,  com o objetivo de descontrair o grupo, tornando-o mais receptivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi realizada uma atividade vivencial com  as seguintes problematizações:

  • Estou sendo acolhido, escutado e as minhas necessidades encaminhadas para resolução?
  • Por que o acolhimento não se efetivou na unidade?
  • O que a gente precisa fazer para se reencantar, gostar do fazer, ter prazer em estar no dia a dia do ser profissional de saúde?

 

 

As falas demonstram que grande parte dos profissionais sente que existe acolhimento e que presta acolhimento, mas acham que não possuem encaminhamento para solução de necessidades. Alguns demonstram maior sofrimento na falta do acolhimento e nas condições de trabalho. Falta apoio de gestores, falta espaço físico e falta espaço de diálogo entre profissionais. A fala de usuários traz mais angustia na falta de acolhimento e de tratamento adequado por parte dos profissionais. Algumas das falas que emergiram forma:
"As necessidades não estão sendo acolhidas, não há efetivação de respostas para demandas do profissional pra com o gestor ,mas também do profissional para com o usuário";
"Estou sendo acolhido, mas esse acolhimento deixa a desejar, não há encaminhamentos";
"Não posso julgar, mas existe dificuldade em todas as esferas de trabalho";
"Sou acolhido enquanto profissional, mas isso não tem se refletido no acolhimento do usuário, precisamos nos esforçar para identificar esse problema e dar mais atenção e cuidado a quem nos procura";
"Procuro acolher, no que está dentro do meu alcance"
"Me sinto acolhida de alguma forma"; "É difícil ter acolhimento em um lugar como o Planalto já que sempre estamos se reorganizando não temos espaço físico efetivo, espaço mínimo"; "Sou acolhida e o acolhimento depende de nossa força de vontade"; "O que há é um acolhimento individual de cada profissional"; "As vezes sou acolhida, as vezes me sinto rejeitada
"Não me sinto acolhida por causa dos gestores";
"Como usuária, não estou sendo bem acolhida, falta melhorar muito, no atendimento quando a gente chega na unidade, ser bem orientada. Os profissionais tem que saber que não estão fazendo favor a população. A gente tem que ser tratada como gente";
"As vezes me sinto acolhida, as vezes me sinto triste";
!Não há resolutividade mas somos acolhidos"
"Falta mais atenção dos gestores para sermos bem acolhidos";
"Existe um certo nível de acolhimento, profissionais comprometidos, mas é preciso sistematizar o acolhimento com funções definidas e funcionários específicos para este serviço";
"A pessoa pensa primeiro em si, nem sempre pensa na coletividade"
"Falta condições de acolhimento, de pessoal, física e resolutividade, todos deveriam falar a mesma língua, todos tem o dever de acolher";
"Tem quem me ouça, mas nem sempre minhas necessidades são encaminhadas";
"O acolhimento é individual, mas tem que ter espaço físico";

“Acolher é aumentar o grau dos encontros, ouvir o outro, isso é importante para meu processo de trabalho”;

"As condições são precárias, o lado material, precisamos desenvolver o lado crítico diariamente";
"A dor do outro é minha dor, diminuir o anseio do outro, mas tudo depende da situação";
"Tem a necessidade de qualificar, otimizar o tempo. As decisões coletivas são um processo a ser construído".

Todas as falas após as problematizações forma expostas em um painel e depois todos puderam visualizar o todo e refletir um pouco sobre suas próprias reflexões. Enquanto isso fazíamos uma deliciosa e caprichada merenda, organizada com todo carinho pelas apoiadoras e profissionais da unidade.

 

De uma forma geral, o que mais se destaca é falta de apoio da gestão municipal. Mas aparece também a falta do comprometimento com o coletivo, o envolvimento e mais momentos de encontros para reflexão.

“Acolher é aumentar o grau dos encontros, ouvir o outro, isso é importante para meu processo de trabalho” disseram.

 

Além das faltas de condições de trabalho e organização dos processos de trabalho, aparecem questões de subjetividade dos sujeitos, reflexão, emponderamento, comprometimento com o outro. Sobre isso disseram:

"É preciso fazer, reflexões nas ações"; "Deixar os problemas em casa e estar no trabalho de coração aberto";
"Ver o lado do amigo, entender o usuário, ser mais solidário"; "Desenvolver sentimento de amor, piedade, caridade, humildade";
"Perseverar nos propósitos oferecidos para existir acolhimento"; "Ter paciência pelo profissional, entendendo as dificuldades que nos cerca";
"Permitir-se, doar-se, abri-se ao novo";
"Parar para pensar e refletir. Lembrar de fazer pelo outro o que você gostaria de receber. Amar"
 

Em seguida foram retomadas as discussões,  agora partindo para o momento de encaminhamentos, onde também foi solicitado que todos escrevessem suas propostas de soluções,  assim descritas:

  • Ser solidário com o próximo,
  • Se colocar no lugar do outro,
  • Reunir mensalmente,  monitorando como está sendo o acolhimento na unidade.
  • Garantir a escuta.
  • Olhar a cada um com um olhar diferenciado.
  • Conhecer a oferta da unidade.
  • Conhecer os serviços que nos é prestado.
  • Sugiro algum programa para a melhor idade.
  • Melhorar a maneira de acolher.
  • Haver uma interação entre os profissionais,  fazendo com que todos tenham as mesmas informações e fale a mesma linguagem.
  • Valorizar o trabalho realizado pelos profissionais com o objetivo de aumentar a auto estima do mesmo.
  • Mais treinamento, reuniões.
  • Quadro de avisos informativo interno.
  • Lazer para os funcionários um dia no mês,  atividades recreativas.
  • Envolver-se com o processo.
  • Precisamos cumprir as metas estabelecidas nessa e nas outras oficinas.
  • Redobrar nossos esforços para um melhor acolhimento, apesar das dificuldades encontradas.
  • Tirar do papel e começarmos a por em prática,  pelo menos tentar,  colaborando assim pela efetivação de um bom acolhimento.
  • Acreditar,  continuar lutando nessa e em outras oficinas.
  • Momento de lazer e descontração com a equipe,  possibilitando a integração da equipe.

 

 

Encerrado mais um momento da oficina, realizada avaliação com uma dinâmica de grupo, ficamos aqui o compromisso de elaborar um quadro com os encaminhamentos para serem avaliados a cada reunião, os pontos que já foram realizados, os que não foram, analisados os porquês e pensados em meios para realizar. Bem como trabalhar os demais dispositivos da PNH, para que todos sendo conhecedores dos conceitos possam cada vez mais se envolver literalmente nesse processo de mudanças por SUS melhor. Tivemos uma fala muito emocionante do funcionário Sr. João, que naquele dia foi um exemplo de apoio para o grupo e a roda se encerrou com a leitura de um lindo poema escrito por uma das profissionais da equipe de Planalto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com certeza valeu muito a pena esse momento de construção de coletivo, todos os que participaram serão  multiplicadores do incentivo a acreditar e lutar junto, fazendo cada um a sua parte, utilizando sim, quando necessário de críticas construtivas que colaborem efetivamente com o processo de humanização.