Novo equipamento no SUS e garante maior sobrevida aos pacientes do Rio
A neurocirurgia no Rio de Janeiro, em rede pública, já oferece o que há de
mais moderno ao carioca. Técnica cirúrgica menos invasiva e agressiva, quando comparada com as técnicas convencionais, resulta em menor mortalidade, e desconforto, bem como menor tempo de internação com rápida recuperação. O HSE é o único hospital público do Rio
de Janeiro com o novo neuronavegador, pentero.
O Chefe do Setor de Neurocirurgia do HSE, Dr. José Carlos Lynch, é o responsável pelo treinamento da equipe e pela introdução do equipamento da rede pública. A seguir a entrevista com o médico.
O que muda nos procedimentos cirúrgicos adotados atualmente pela equipe de Neurocirurgia do Hospital Federal dos Servidores com a instalação do microscópio Pentero?
L: O microscópio pentero permite uma melhor precisão na realização das cirurgias de aneurismas ou a mal formação vascular, e se foram totalmente removidas. O cirurgião já sai do centro cirúrgico com a certeza da cura do paciente. Se ainda houver necessidade de dar prosseguimento à cirurgia, se não foi completada, o equipamento pentero informa esse fato.
O equipamento possuiu um software equivalente ao recurso da angiografia. No futuro próximo, haverá, ainda o uso de uma substância – já utilizada nos países europeus -, o 5
ALA, que tornará os procedimento ainda mais eficaz.
Dos pacientes que estão em atendimento pela equipe, quais casos serão indicados para cirurgia com o pentero? Ou ele será utilizado em todas as cirurgias?
L: Todas as intervenções estão sendo realizadas já com o uso do pentero junto com os demais equipamentos. Mais utilizado para aneurisma cerebral e mal formação arteriovenosa, como também em tumores malignos e benignos.
Como funciona essa tecnologia, o microscópio é usado isoladamente em um procedimento ou em conjunto com outros aparelhos já em uso?
L: É usado em conjunto com o neuronavegador e aspirador ultrassônico, ultrassom intra-operatório, instrumentos específicos da microcirurgia, além das técnicas contemporâneas de anestesia. O pentero possui uma iluminação superior aos demais, como também possui auto-foco, o que acelera o tempo da cirurgia. É considerado como a melhor tecnologia para operação de tumores e cirurgias vasculares.
Como aconteceu o processo de aquisição do microscópio pentero pelo Hospital dos Servidores?
L: Partimos do princípio da relevância deste equipamento e de ser imprescindível pelo seu grau de importância na neurocirurgia. Solicitamos a aquisição, que foi realizada através de licitação
Quanto ele custou para o hospital?
L: R$ 1,2 milhão.
A solicitação do microscópio pentero foi feita pelo senhor?
L: Sim.
Foi desenvolvida alguma pesquisa e/ou estudo sobre o uso do moderno aparelho?
L: O aparelho já existe há cerca de 3 (três) anos, ou pouco mais talvez. Tive a oportunidade de conhecê-lo em congressos realizados nos Estados Unidos, e reconheci o seu potencial para auxiliar e facilitar o trabalho do neurocirurgião, aqui no Brasil
O senhor tem conhecimento de outro hospital da rede pública que faça uso do microscópio pentero no Rio ou Brasil?
L: No Brasil não saberia informar, mas no Rio de Janeiro apenas o HSE.
Ele já é utilizado na rede privada no Brasil, desde quando?
L: A Rede D’Or (Copa) – onde opero -, utiliza-o no máximo há 2 (dois) anos.
O pentero já foi instalado no Hospital dos Servidores? Já está em uso?
L: Está em uso há 40 dias.
Caso positivo, quantas e que tipo de cirurgias já foram realizadas com sua utilização?
L: 25 neurocirurgias e de todos os tipos.
A equipe de neurocirurgião do Dr.José Carlos Lynch está toda apta a usar a nova tecnologia?
L: Vários médicos já foram treinados, e os que não foram já estão com agendamento para tal.
Quais as vantagens para o paciente da cirurgia menos invasiva?
L: É menos agressiva aos tecidos, há menor lesão e sequelas, bem como uma recuperação mais rápida. Sobretudo, há melhora dos resultados cirúrgicos.
Aumenta em quantos por cento a possibilidade de sucesso do procedimento cirúrgico e qual índice percentual na diminuição de risco de morte?
L: No futuro será possível um estudo comparativo, mas ainda é cedo para esses dados. O sucesso nos procedimentos realizados até agora demonstram a eficácia do pentero. Não houve mortes. Podemos afirmar que é menor a morbidade.
Com a divulgação desse novo equipamento disponível na rede pública, deve crescer a procura pelos consultórios da Neurocirurgia do Hospital dos Servidores. Existe uma expectativa de aumentar também o número de atendimentos e, consequentemente, de cirurgias?
L: Acreditamos na urgência da mobilização do Ministério da Saúde, pois haveria necessidade de dobrar o número de centros cirúrgicos, médicos com muito investimento.
O hospital terá capacidade para receber essa possível demanda de novos pacientes?
L: No curto prazo, não. É preciso investimentos para que possamos atender mais.
Com o uso da nova tecnologia, os pacientes terão que ser submetidos a outros tipos de exames ou nada muda no pré-operatório?
L: Basta fazer os exames de imagem mesmo.