Paidéia
Voltando a postar na Rede, agora no 7 º semestre na disciplina de Psicologia da Saúde com o professor Douglas Casarotto; desta vez o assunto em pauta é a Clínica e Saúde Coletiva Compartilhadas: Teoria Paidéia e reformulação ampliada do trabalho em saúde – Gastão Wagner de Souza Campos – 2006. Conto com a opinião e apontamentos sob forma de contribuição para que possa expandir minha visão sobre o assunto.
A mim cabe discorrer sobre um fragmento do texto em coprodução com a Karen, acadêmica de enfermagem na tentativa de ampliar o olhar no processo saúde doença com o intuito de chegar a um denominador comum: a singularidade dos sujeitos.
“Ampliação dos meios de intervenção em saúde: reformulação do diagnóstico e dos modos de intervenção em clínica e em saúde coletiva”.
Karen Cristiane Pereira de Morais Ac. 7ª sem enfermagem.
“Paciente proveniente de sua residência interna no ‘Hospital SM’ aos cuidados do ‘Dr. Álvaro’, com diagnóstico de DM, L.O.C, amputação de MIE. Apresenta ansiedade e muito solicitante. Esteve internado há duas semanas, retornando para mais uma internação. SIC paciente portador de HAS, e não refere alergias.”
No dia-a-dia da enfermagem ou da clínica, discorremos sobre a situação do paciente desta forma, cheio de siglas e termos técnicos, pois na correria da nossa rotina vemos apenas os sinais e sintomas presentes no período. Algumas vezes essa evolução acontece por vários dias, em pacientes diferentes podendo evoluir para uma melhora ou não. Esta visão vai além das paredes hospitalares, em unidade de saúde também ocorre essa visão clínica da equipe de saúde.
Gastão Wagner pontua em seu texto que na clínica tradicional somente isto autoriza o profissional a elaborar avaliação de risco e, até mesmo, hipóteses explicativas de diagnóstico. Os profissionais possuem um olhar onde visualiza os sinais e sintomas não investigando além, sem ter um diálogo para compreender o contexto do indivíduo que vem buscar seu auxilio. Porém para haver reformulação desse diagnóstico deve-se realizar através da reconstrução ampliada da metodologia para elaborar o diagnóstico de cada caso resultando da combinação entre a “objetividade” da clínica e da epidemiologia com a “singularidade” da história dos sujeitos, grupos e coletividades.
Para realizar essa construção combinar-se-ia a escuta da “história de vida” do usuário, centrada em torno da demanda que o levou ao serviço de saúde. Combinar semiologia e indicadores de risco, de morbidade e mortalidade com escuta à demanda dos sujeitos. Buscando um olhar mais humanizado da enfermagem Watson (2012), descreve que o cuidar pode começar quando o enfermeiro entra no espaço de vida ou campo fenomenológico de outra pessoas, assim este liberta sentimentos subjetivos e pensamentos que ele(a) deseja libertar.
Da mesma maneira que Gastão e seus teóricos fundamentadores deste texto, Watson entende que o cuidado se faz através desta troca entre profissional- paciente- ambiente. Quando o paciente relata seu processo de adoecimento une-se o conhecimento científico do profissional e o “conhecimento de vida” tendo assim um plano de cuidado singular, utilizando dispositivos específicos para cada cuidado. No processo de saúde há diversos mecanismos para a equipe construir o plano terapêutico, tais como política, técnicas, insumos, contudo muitas vezes esse cuidado singular não necessitada da integralidade de todo o serviço de saúde para coloca em ação o plano.
Voltando no caso da evolução de enfermagem, este paciente por mais que tivesse a disposição à assistência da Unidade de Saúde, reinternou, às vezes isso acontece por algum problema social. Ele pode estar chamando atenção, pois não há um cuidado como o dos profissionais em sua casa, pode não ter recursos para realizar os cuidados domiciliar ou até mesmo não ter entendido os cuidados passados e não ter procurado a assistência da Unidade de Saúde para este esclarecimento, tendo falha dos dois campos (hospitalar e atenção básica). Não se substitui um cuidado pelo outro mas, o método ampliado reconhece que a eficácia da intervenção depende da capacidade da equipe de singularizar o diagnóstico e o projeto de intervenção em cada caso, seja individual ou comunitário.
Ionara dos Reis Lohmann
Confesso que num trabalho em equipe com a Karen não haveriam muitos entraves segundo a lógica da Paidéia e do apoio matricial facilitando a humanização da saúde. Mas sabe-se que na realidade ainda existem dificuldades inerentes as mais diversas ordens, porém, Gastão diante da paidéia busca um modo de intervenção como forma de ampliar o olhar considerando a singularidade dos sujeitos a partir das usuais técnicas de semiologia essenciais ao trabalhador de saúde entrelaçadas com uma avaliação dos vários segmentos em que o sujeito se insere. E então em conjunto com a equipe pensar sobre o sentimento que cada caso gerou em seus membros para que seja possível uma “construção dialógica do plano terapêutico, trabalhador e usuário”. Assim, o método Paidéia é uma estilo metodológico que visa expandir as habituais construções de gestão de uma maneira ampla para alcançar todos os membros da equipe e com isso evitar igualar os sujeitos por patologias.
Por Emilia Alves de Sousa
Prezadas Ionara e Karen,
Muito relevante a reflexão sobre essa proposta de cuidar/tratar o paciente buscando compreender o seu contexto, as suas singularidades e história de vida. Um cuidado em saúde que valoriza os diversos saberes, centrado numa clínica aberta e integrada.
Parabéns pelo post e continuem compartilhando as suas vivências acadêmicas!
Um abraço!
Emília