Crônicas da Clínica (UNIVAP) – Dança e encantamento
Segunda-feira na clínica universitária. Cantoria a pleno vapor quando, pouco depois das 9h, aparece uma visita nova na porta. A menina (5 ou 6 anos) lança um olhar atento ao grupo e, acompanhada pela mãe e por uma estagiária, entra.
Todos ficamos felizes.
A pequena M. é recebida pelo nosso regente (W., 6 anos).
É um "encontro de olhos claros". E os olhos de W. brilham quando ele propõe ao grupo todo:
– Gente, vamos cantar uma música bem bonita pra ela?
– Vamos, claro! Qual?
E ele, sem pestanejar:
– Peixe Vivo!
Então cantamos, todos juntos. M. tem pouca força nos braços, mal consegue segurar o chocalho mais leve que temos (feito de material alternativo).
Mas ela faz bem mais do que tocar: a pequena M. … dança.
Com seu corpo frágil, na cadeira de rodas, ela dança!
Balança com sutileza e ritmo o corpo todo, suavemente, encantando a todos.
Ela nada fala. Não precisa.
E, quando sai, em silêncio, é dançando que ela vai embora.
Torcemos para que volte!
E só depois do encerramento da sessão é que percebo a mensagem da música…
A mensagem que nosso pequeno regente lançou para a pequena dançarina:
"Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia…?"