Holocausto Brasileiro silencioso e desumano
Por Letícia Bender
“O repórter luta contra o esquecimento. Transforma em palavra o que era silêncio. Faz memória. Neste livro, Daniela Arbex devolve nome, história e identidade àqueles que, até então, eram registrados como ‘Ignorados de tal’. Eram um não ser”. O prefácio, escrito por Eliane Brum, introduz o livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex.
Lançado em junho deste ano, o livro dá voz às vítimas do maior hospício brasileiro localizado em Barbacena – MG. O Colônia, como é chamado, começou a funcionar em 1903 e tornou-se destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos, escreve Arbex.
“Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava, gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros as quais perderam a virgindade antes do casamento. Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos trinta e três eram crianças.”
O (En)Cena entrevistou Daniela para conhecer essa realidade até então ignorada.
Clique aqui para ler a entrevista completa.
Por Emilia Alves de Sousa
Histórias de vida de cidadãos que foram covardemente excluídos, tratados como vis animais, e ignorados por toda uma sociedade insensível e omissa a essa barbárie humana.
Aqui no Piauí, a história do tratamento psiquiátrico não foi diferente. Também tivemos um hospital Colônia, o “Asylo dos Alienados”, fundado em 1907, cuidado pelas irmãs de caridade, e preconceituoso até no nome. Nele os doentes mais agressivos eram acorrentados com fortes correntes, e ficavam juntos com os pacientes menos agressivos, sem autodefesa e expostos a todo tipo de agressão.
Essa triste realidade perdurou até 1940, quando assumiu a direção do asilo, Clidenor Freitas, um jovem médico de 27 anos, que adotou como primeiro ato administrativo seu, retirar as correntes que prendiam as pernas dos pacientes, e juntamente com alguns deles montou o que viria a chamar de “pirâmide metálica”, na Praça da Liberdade, uma das mais belas praças de Teresina.
Segundo o relato da pesquisa História da Psiquiatria no Piauí: Uma história em dois períodos, mais de cem correntes fizeram parte da “pirâmide”, sendo esse material doado na época, para o exército.
Parabéns ao EN(Cena) pelo belo trabalho e pelo compartilhamento aqui na rede!
Histórias desumanas como estas têm mesmo que ser visibilizadas para o conhecimento de todos. E como diz a Daniela Arbex “a dor dos pacientes da Colônia é a dor de todos nós. Não é possível ficar indiferente à barbárie, a injustiça e a covardia”.
Um abraço!
Emília