Crônicas da Clínica (UNIVAP) – Sem fronteiras (um dia muito especial)
Luzenita e José Cícero, mãe e filho, participam do projeto "Arte e Reabilitação: a Música de Cada Um" há um bom tempo. Família de origem nordestina: Luzenita canta forte e bem as músicas que conhece, enquanto José Cícero fica mais na percussão, principalmente chocalhos. Gente boa, gente querida – só que sumiram da clínica no final do semestre. Não retornavam as ligações telefônicas e desde agosto nos perguntávamos: o que terá havido com Luzenita e José Cícero? De vez em quando Luzenita dizia ter saudade do Nordeste, "ameaçava" ir pra lá… teria cumprido a promessa?
Cheguei cedo na clínica e fui buscar a chave do laboratório de atividades corporais quando percebo alguém me cumprimentando, sentado num banco. Vista ruim, vou chegando mais perto… é José Cícero! E Luzenita!
– Oi, professor…!
Vamos entrando, gente! Contem as novidades. Por onde andaram?
E ela conta (ele vai assentindo com a cabeça): passaram 2 meses viajando pelo Nordeste, visitando parentes, passeando… só voltaram semana passada.
Mais gente chegando para as atividades. Começamos, e surge naturalmente a vontade de homenagear a dupla: cantamos, em sequência, diversas músicas que sei que eles curtem, com origem e temática nordestina. Destaca-se, no repertório improvisado, Luiz Gonzaga, claro.
Todo mundo parece animado – "Ah, que bom, escolhas acertadas pra hoje…" -, mas a Vida ensina a cada momento. E o projeto pede que se ouça a opinião de cada um…
– Mais algum pedido musical?
E José Cícero surpreende:
– Ah, vamos cantar "Felicidade"…
– Do Lupicínio?
Aí está: o pessoal chegou do Nordeste, quer ouvir música do Sul! Cantamos, todos juntos, "Felicidade". E depois a cantoria segue sem fronteiras, passando até pelo clássico sertanejo "Fio de Cabelo"…
Pra completar os ensinamentos do dia, mostrando o papel que "a música de cada um" desenvolve nos outros, o pequeno William a certa altura pede a viola e, olhando pra Beatriz, dispara:
– Vamos cantar aquela do Rio de Piracicaba…
A música da Bia! Temos um time, uma equipe… temos uma banda formada por amigos. Cantamos também essa. E chega mais gente, mais músicas… no final, a certeza: hoje foi um dia que valeu por muitos. E os dois meses de ausência acabaram se convertendo em clara presença.
Semana que vem tem mais…
Luzenita e José Cícero, voz e chocalho
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Paulo,
Maravilhoso o seu relato. Sem dúvida, a música é terapêutica, nos embala, nos encanta, nos vai viajar ajudando esquecer os nossos males.
Parabéns pelo belo trabalho!
Um abraço!
Emília